Dicas
Uma viagem natural... e a mais reveladora da vida
24/10/2025
Professor e Jornalista Carlos Alberto dos Santos
Mirian Goldenberg é uma antropóloga e escritora brasileira referência nos estudos sobre gênero e envelhecimento. Já tive a oportunidade de ler alguns dos seus livros (o último tem o título “A invenção da bela velhice”), assistir a algumas de suas entrevistas e acompanhar algumas de suas publicações. Me chama muita a atenção a abordagem que ela faz sobre o envelhecimento, uma realidade que cada vez mais o ser humano terá que enfrentar.
Em uma de suas entrevistas para o programa Café Filosófico, da TV Cultura, Goldenberg faz uma analogia do envelhecimento a uma viagem. Vamos supor, diz ela, que um grupo de jovens amigas, com idade próxima aos 30 anos, planejam fazer uma viagem para o deserto do Saara dali a quarenta anos para comemorarem a vida. Quando enfim estão realizando o sonho, algumas mulheres do grupo começam a reclamar do calor, da sede, das noites frias. É quando uma das senhoras diz para as amigas reclamonas: “Mas vocês não sabiam como é aqui? Vocês não planejaram a viagem e se prepararam?”
Mirian Goldenberg, em sua entrevista, então explica de maneira muito simples que ninguém parte para uma travessia tão longa sem pensar no que levar, no que deixar para trás, nem sem escolher bem a companhia que vai ao lado. O deserto é exigente: pede leveza, desapego, resistência. Quem carrega peso demais se perde no caminho. Quem esquece a água, que é o símbolo do essencial, corre o risco de não chegar.
Segundo a antropóloga e escritora, o mesmo vale para a velhice. É preciso cultivar agora a força do corpo, a serenidade da mente e a ternura dos laços afetivos. É preciso aprender a andar mais devagar, mas com firmeza. Porque o envelhecimento não é o fim da jornada: é a travessia mais desafiadora e, ao mesmo tempo, mais reveladora de todas.
Foto: Pinterest
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