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Documentário “Pipiripau – O Mundo de Raimundo" estréia em BH
O longa-metragem de Aluizio Salles Junior conta a história de Raimundo Machado e a criação de sua maior obra: o Presépio do Pipiripau
Por meio de um precioso depoimento de história de vida, realizado em 1983 pela Professora Vera Alice Cardoso Silva e registrado em uma simples fita cassete, Raimundo Machado, criador do Presépio do Pipiripau e mineiríssimo narrador, conta a história de sua vida e da criação de sua obra ímpar, desde o início do século passado até os dias de hoje. Assim surgiu o documentário “Pipiripau – O mundo de Raimundo”, longa-metragem de Aluizio Salles Junior, com pré-estreia no dia 19 de dezembro, às 21h30, e estreia em 20 de dezembro, no Usiminas Belas Artes. Ao longo da narrativa, é possível perceber como a história se funde e se entrelaça sincronicamente com a própria história da fundação e do desenvolvimento da jovem capital de Minas Gerais, Belo Horizonte. A produção do filme foi viabilizada através do patrocínio do SESI/FIEMG e daLei Municipal de Incentivo à Cultura com recursos gerenciados pela Fundação Municipal de Cultura da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte.
Em 1906, o ainda menino Raimundo Machado, compra sua primeira figura para o presépio, uma imagem do menino Jesus que aconchegou com palhas de milho em uma velha caixa de sapatos. Assim nasceu o Pipiripau. A parti daí, a cada ano, novas figuras surgiam das mãos de Raimundo – pastores, reis magos, crianças, bois e jumentos. Por volta de 1912, Raimundo adaptou o mecanismo de um velho gramofone, adicionando polias e correias, e o Pipiripau ganha seus primeiros movimentos. Então, não parou mais. O Presépio alimentou-se da força do vapor e logo depois da energia elétrica. E as figuras multiplicaram-se. Criando cenas e personagens sempre a partir de materiais simples, Raimundo foi aos poucos acrescentando ao seu presépio o engenho de suas criações mecânicas, adaptadas a partir daquilo que aprendia em seu trabalho nas oficinas das grandes empresas que trabalhavam para a cidade em expansão.
Raimundo continuou criando peças e cuidando do seu presépio até sua morte, em 1988. São, ao todo, 586 figuras distribuídas em 45 cenas. Mas ao mesmo tempo em que nos fins de semana, Raimundo criava sua obra de devoção, nos dias úteis ele trabalhava nas oficinas de grandes empresas que ajudaram a escrever a história da cidade que crescia e se tornava uma metrópole - como as Oficinas Gravatá, a Central do Brasil e a Imprensa Oficial. Raimundo Machado criou uma obra ímpar e de eterno significado nas comemorações natalinas da nossa cidade.
O filme
Para o desenvolvimento deste roteiro foi feita uma extensa pesquisa no acervo de documentos do Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG, onde hoje se encontra o Presépio em restauração, abrangendo toda a vida de Raimundo Machado, com o levantamento de toda a iconografia existente e uma cuidadosa pesquisa videográfica com personagens significativos, tais como os filhos e netos de Raimundo, a Profa. Vera Alice, a então diretora do Museu Mônica Meyer e com o atual operador do Presépio do Pipiripau, Emanuel Fernandes, que foi preparado durante anos pelo próprio Raimundo Machado para este ofício.
Rodado em HD, sua trilha musical foi composta e arranjada pelo maestro Mauro Rodrigues, e conta com a primorosa participação da refinada Orquestra de Câmara do SESIMINAS em doze dos trinta e dois temas quem compõem a trilha sonora. A Direção de Arte e os desenhos animados ficaram a cargo de Leonardo Cata Preta. A Direção de Fotografia é assinada pelo experiente Carlos Giovanni.
A espinha dorsal da narrativa se baseia em um documento histórico importante e pouco muito conhecido, que é a gravação da História de Vida de Raimundo Machado. São entrevistas realizadas em áudio em 1984, feitas por Vera Alice Cardoso Silva. Nelas, Raimundo, um homem com uma memória prodigiosa e excelente contador de casos, narra em detalhes não apenas a criação e o crescimento do seu presépio, mas conta também aspectos saborosos da construção e do crescimento da própria cidade de Belo Horizonte, crescimento que ele testemunhou desde o princípio, uma vez que chegou aqui em 1898, quando era ainda criança. Crescimento que ele vai retratar, ao longo do século, nas muitas cenas religiosas e leigas que foi criando aos poucos para compor o seu presépio. Além disso, essa gravação talvez seja o único registro em áudio de alguém que foi testemunha pessoal de todo o nascimento e crescimento da nossa cidade.
O filme revela a surpreendente história da criação do Presépio do Pipiripau e de seu autor, a saga individual de um homem negro que na primeira metade do século XX trabalhou como industriário nos grandes empreendimentos que marcaram a construção de nossa capital, e que em suas horas vagas era um dedicado artesão, movido pela devoção ao sentimento religioso, pelo trabalho incansável através de décadas, voltado para a criação de uma obra única, singela e profundamente sincronizada com seu tempo, obra que foi um espelho rústico e fiel do espírito desenvolvimentista da época e do fascínio do Homem pela idéia da mecanização e do movimento
Raimundo trabalhou nas Oficinas Gravatá, uma das empresas encarregadas por Aarão Reis da construção da nova Capital, e ali, com seus conhecimentos de mecânica, vai dar manutenção nas máquinas a vapor e na mecânica de suas diversas oficinas. Na Gravatá, ele vai aprender as técnicas de fundição e participar ativamente da construção e no acabamento de diversos monumentos da cidade. As estátuas da torre do Prédio da Estação, as colunas das plataformas e seus capitéis, as belas peças fundidas de suas grades e portões, as peças fundidas dos prédios monumentais da Praça da Liberdade, assim como elementos de diversas outras construções importantes da nossa cidade passaram por suas mãos. A instalação do pirulito da Praça Sete contou com os conhecimentos de mecânica, e Raimundo, que participou ativamente do seu levantamento. E todo esse saber, adquirido como operário das grandes empresas construtoras da nova Capital, Raimundo vai aplicar, de maneira simples e criativa, na construção do mecanismo de seu presépio, inspirado nas grandes oficinas de locomotivas do início do século XX
O filme mostra como a história do Presépio do Pipiripau se entrelaça de forma sincronizada com a própria história da fundação e do desenvolvimento urbano e industrial da cidade de Belo Horizonte, ambas contidas no mesmo período. Portanto, contar a história de Raimundo Machado e do Presépio do Pipiripau, é contar a história de Belo Horizonte desde a sua criação, através dos olhos de um homem dedicado e trabalhador, mecânico prático que participou do crescimento da cidade desde o início do século e que, com sua arte, devoção, engenho e religiosidade, criou uma obra ímpar e de eterno significado nas comemorações natalinas de Belo Horizonte.
O diretor e produtor Aluizio Salle Junior
Aluizio Salles Junior é bacharel em publicidade pela PUC de Minas Gerais(1978). A partir de 1980 atua na Criação de Roteiros para Embrafilme. Em 1998, dirigi a série “DIÁRIOS”, para a TV Escola do MEC na TV Minas. 2001, dirigi os sete programas do módulo de Ciências do PROCAP - Programa de Capacitação de Professores da Secretaria de Educação do Estado de Minas Gerais. Presta Consultoria Técnica como Especialista em Produção Audiovisual à Secretaria de Estado da Educação em 2003, com o objetivo de supervisionar a produção de vídeos o PROMED – Programa de Melhoria do Ensino Médio. Em 2005, dirige e coordena a montagem técnica e operacional da Central de Produção Audiovisual do PORTAL WEB do CENTRO DE REFERENCIA VIRTUAL DO PROFESSOR, do site da Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais. Atuou também como diretor de cena, fotografia e como coordenador audiovisual na produção dos 30 (trinta) primeiros minicursos de atualização curricular elaborados para o CRV.
A produtora
Fundada em 1981, por Aluizio Salles Junior, A FAZENDA CINEMA E VÍDEO é uma empresa voltada para produções culturais e educacionais, já tendo realizado diversos filmes de curta, média e longa metragem. A Fazenda Filmes tem como foco buscar a geração de Bens Culturais através de produtos audiovisuais com forte conexão com o conteúdo regional, a cultura e os bens imateriais e matérias do imaginário de Minas Gerais.
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