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Abertura da Exposição e lançamento do livro "Travessia"
“Travessia” foi inicialmente concebida como uma série de dez quadros em formato de retrato (53cm x 73cm), constituídos por placas de MDF preparadas com tinta acrílica. Sobre as superfícies de cada quadro, as ilustrações do livro “Travessia” são representadas com a técnica baseada em acrílica, demandada pela dinâmica da pintura predominantemente geometrizada, caracterizada por planos demarcados, cortes sólidos e superfícies de colorido chapado. As caracterizações dos personagens e entes ilustrados nas pinturas da série “Travessia” foram em grande parte referenciadas nas indicações e na direção do autor do romance, que definiu a posição de cada ilustração no interior do livro. Para finalização dos trabalhos, foi concebida uma armação de ferro cuja estrutura seria fixada ao MDF por meio de parafusos fincados no verso das placas. Tal moldura retangular (61cm x 81cm) tornou-se assim um berço metal sobre o qual a madeira ferida repousa (atada). Destarte, a abstração da pintura faz contraponto com a materialidade do objeto que a suporta.
LIVRO “TRAVESSIA”
“Tendo como cenário uma típica fazenda cafeeira situada no Sul de Minas Gerais, pelos idos da segunda metade do século XIX, desfila-se um triângulo amoroso entre um escravo de alcunha Brechó, um capitão-do-mato de nome Alvarenga e da bela escrava Joana, mucama criada e educada com a sinhazinha da fazenda. De grande estima da Senhora, Joana é bem criada com a promessa de arranjar um bom partido entre mulatos educados, como irmãos de criação, batizados com o sobrenome dos fazendeiros da redondeza. Porém, a paixão da bela por Brechó, com quem sonhava em voltar para suas origens na Costa da Mina, África, infringia as normas dos patrões, que proibiam relação íntima entre seus cativos, e ainda atraía a ira e o ciúme do capitão-do-mato, o qual desejava comprar a mucama e, assim, desposá-la. Sendo impossível conter o assédio dos dois pretendentes, a Senhora envia Joana para morar com sua irmã em sítio distante dali. Sem alternativa, Brechó foge para reencontrar a amada, que já esperava um filho seu. A mando do Senhor, Alvarenga parte no encalço do escravo fugitivo, até findar num embate mortal entre os dois adversários. No mais, a força de um amor que procura transpor montanhas e mares, em busca da tão sonhada liberdade... Travessia!”
CONCEITO
O processo de criação de ícones, símbolos e derivações geométricas, além da escolha das palhetas de cores é o mote da experimentação de formas objetivas e convenções subjetivas de composição nos dez quadros que compõem a série de ilustrações de “Travessia”. A composição dos elementos pictóricos e significantes é o cerne do trabalho artístico e prevalece sobre a elaboração conceitual. Nesses termos, a série “Travessia” encerra um contraponto entre a objetividade da ilustração simbólica das personagens do livro e a subjetividade da imersão nos significados das cores e das formas orgânicas ou geométricas, numa fuga que estrutura uma composição narrativa, porém não figurativa, antagônica à ideia tradicional de ilustrar.
A SÉRIE “TRAVESSIA”
A partir do conhecimento da rede de relações entre os personagens do livro e dos significados embrenhados na narrativa da ficção histórico-documental, foi possível criar uma órbita conceitual de símbolos e formas, elaborando um tipo de iconografia para a série de ilustrações. Tal conjunto imagético teria o propósito de ser usado como um mapa de referência prévia para a criação das pinturas. Ou seja, os elementos simbólicos, as linhas e figuras geométricas predominantes, bem como as palhetas de cores, foram em sua essência pensados e estabelecidos antes da primeira pincelada.
A despeito da universalidade dos temas “liberdade x escravidão”, “amor x ódio”, “vida x morte“, é importante ressaltar que para a criação da base iconográfica não se recorreu a dicionários de símbolos ou pesquisas antropológicas. O pintor deteve-se basicamente à leitura do romance e às proposições do escritor sobre suas criaturas. Assim, o mapa foi resultado de uma criação predominantemente subjetiva do artista, pós-leitura, cujo objetivo era descrever o universo de cada personagem e narrar plasticamente eventos importantes do enredo, em consonância com a visão do autor do livro, Luis Guilherme Romancini, o qual providenciou referências formais iniciais e indicou também a direção sobre o que deveria ser ilustrado e onde as ilustrações se apresentariam no livro.
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