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Reabilitação cognitiva: processo minimiza demência na Terceira Idade

 

De acordo com dados do IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o número de idosos no país, até 2060, vai quadruplicar. Atualmente o Brasil tem 14,9 milhões de pessoas acima de 65 anos. A estimativa é que daqui a 47 anos, ou seja, em 2060, a população com essa faixa etária suba para 58,4 milhões. Soma-se a esse dado o aumento da expectativa de vida do brasileiro: em um prazo de quatro décadas, ela chegará a 81,2 anos. Isso significa que a saúde pública deve, desde já, pensar em mecanismos preventivos para minimizar os efeitos da demência, uma doença que pode se fazer presente na vida da pessoa, conforme ela envelhece.  A medicina usa a palavra demência para definir quadros associados a perdas das capacidades cognitivas, isto é, déficit de memória, atenção, entre outros aspectos.

 

 

 De acordo com Fabrícia Loschiavo, terapeuta ocupacional da Nexus Clínica, com o envelhecimento do cérebro a partir dos 35 anos, o indivíduo começa perder a capacidade de armazenar informações. “Isso faz parte do envelhecimento normal e todas as pessoas vão passar por esse momento. Só que algumas vão desenvolver a demência e outras não”, explica. Segundo Fabrícia, em um quadro de demência, essa perda é mais brusca. “O idoso vítima de demência passa a ter maior dificuldade de memória, esquecendo-se, por exemplo, de uma atividade que fez a cinco minutos, do nome de um filho querido, ou até mesmo se atrapalha no caminho que o leva para o quarto. Nesse sentido, é importante um tratamento aliado com o uso de medicação e o trabalho da reabilitação cognitiva, cujo foco é tentar diminuir a velocidade de perdas causadas pela demência”, destaca Loschiavo. Ela ainda acrescenta que a demência é uma doença que vai evoluir, e que não pára, mas a velocidade de perda é menor quando o indivíduo faz a reabilitação dos aspectos cognitivos. “O processo da reabilitação cognitiva mantém o indivíduo mais saudável e mais funcional por um período de tempo maior”, afirma.

 

O foco da reabilitação cognitiva é desenvolver estratégias compensatórias para as dificuldades que fazem parte da demência. “Se o idoso tem um problema de memória, deve-se lançar mão de outras questões cognitivas, que podem estar atreladas, por exemplo, à linguagem, a percepção do espaço e à atenção,” enumera a terapeuta.

 

O alvo do trabalho da reabilitação, segundo Fabrícia, é o cérebro. “Através de atividades que estimulam a memória e a atenção, é possível mudar o cérebro da pessoa, fazendo mais conexões. Se o idoso possui, por exemplo, nítidos problemas de esquecimento, é necessário inserir em sua rotina práticas de memorização. A partir do momento que isso acontece, o cérebro dele é transformado, o que contribui para o aumento gradativo do número de conexões entre os neurônios, que são as células do cérebro”, afirma. O cérebro é um órgão extremamente moldado pelo ambiente. “Se o ambiente é rico de estímulo e propicia para a pessoa uma estimulação específica, o cérebro dela também vai se transformar como resultado desse ambiente", diz.

 

 

Quando o idoso desenvolve estratégias para compensar as dificuldades apresentadas decorrentes do envelhecimento, ele se mantém mais funcional nas atividades diárias e a partir disso há uma melhora considerável na interação e no relacionamento com as outras pessoas, além de ganho de confiança e auto-estima. “Esses benefícios são fundamentais para a preservação dos relacionamentos familiares”, destaca.

 

Uma estratégia reconhecidamente comprovada que estimula o cérebro, conforme destaca a profissional, é a leitura assídua. “As pessoas pensam que palavra cruzada ou a paciência jogada nas telas do computador vão melhorar os problemas de memória, mas não melhoram. Eles não são devidamente eficazes. A leitura é uma atividade protetora do cérebro. Quanto mais a pessoa ler, melhor. O hábito da leitura deve ser adquirido na fase jovem para que a ausência dele não traga problemas de demência na velhice”, ressalta.

 

 

Além da leitura, a prática regular de atividades físicas evita que a demência apareça de forma precoce. “O indivíduo que deseja viver de forma independente por longos anos deve manter hábitos saudáveis de vida. As atividades físicas estimulam o cérebro e liberam determinadas substâncias que mantém a saúde cerebral”, explica Loschiavo.

 

 

Diante de um diagnóstico de demência precoce, a terapeuta ocupacional recomenda tratamento com reabilitação de forma imediata, para que os impactos sejam menores, mas mesmo se o problema for detectado em uma fase mais avançada, ainda sim é possível minimizar os efeitos, já que a neurociência tem evoluído bastante nos últimos anos. “Já que caminhamos para um país marcado pela presença maciça da chamada terceira idade, é importante envelhecer com qualidade e saúde. As dificuldades originadas com  o passar dos anos vão surgir, mas devemos compensá-las para que elas se tornem cada vez menos evidentes. Esse é o trabalho da reabilitação cognitiva”, finaliza.

 

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