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Lançamento do livro “Narrativas em cena: Aderbal Freire-Filho (Brasil) e João Brites (Portugal), de Juarez Guimarães Dia

O livro “Narrativas em cena: Aderbal Freire-Filho (Brasil) e João Brites (Portugal)”, publicado pela Móbile Editorial em parceria com a Faperj, será lançado no sábado, 12 de dezembro, às 11h, na Livraria Quixote. A publicação aborda processos e procedimentos de criação teatral, através de exame teórico e analítico de espetáculos contemporâneos que encenam narrativas, tendo como objetos de estudo o trabalho do brasileiro Aderbal Freire-Filho e do português João Brites. A obra originou-se da pesquisa de Doutorado de Juarez Guimarães Dias defendida na Pós-graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) em março de 2012, indicada pelo Programa ao Prêmio Capes de Tese 2013 e que agora recebe tratamento editorial.

 

O trabalho investiga um teatro de caráter narrativo e performativo que toma como matéria cênica e dramatúrgica obras a priori destinadas à leitura individual e silenciosa, transportando-as para a linguagem verbal, sonora e visual do teatro, em que o ator é o eixo principal da comunicação dessa textualidade com o espectador. Parte-se dos conceitos de “escrita cênica”, “dramaturgia rapsódica” e “teatro narrativo-performativo” para compreender procedimentos e operações de dramaturgia, atuação e encenação no trabalho com textos narrativos, que passam pela pesquisa, experimentação em coletivos de criação e consequente reflexão de seus respectivos encenadores. A pesquisa também se refere aos empreendimentos de Juarez Guimarães Dias no campo da criação teatral como dramaturgo e encenador dos espetáculos “EuCaio” (Matheus Soriedem), “Marilyn Monroe.doc” (Grupo Dois Palitos), “#tudodenós (Cia Pierrot Lunar/ Pierrot Teen), “Acontecimento em Vila Feliz”, “Sexo” e “Atrás dos olhos das meninas sérias” (Cia Pierrot Lunar).

 

“Sobre o corpus destinado à análise, inicialmente escolhi como objeto o trabalho de Aderbal Freire-Filho, consagrado encenador brasileiro que criou a linguagem do romance-em-cena, cuja proposta original é levar ao palco o texto do romance em sua integralidade de escrita (da primeira à última página) para ser falado, interpretado e encenado. A pesquisa concentra-se na sua trilogia, formada por A mulher carioca aos 22 anos, romance de João de Minas, O que diz Molero do português Dinis Machado e O púcaro búlgaro de Campos de Carvalho”, comenta Juarez Guimarães Dias.

 

Buscando uma contraposição ao romance-em-cena e uma ampliação da pesquisa sobre os modos de se fazer teatro narrativo na cena contemporânea, o autor foi apresentado por Maria Helena Werneck, sua orientadora, ao português João Brites do Teatro O Bando, encenador de extrema relevância nesse campo, mas ainda pouco conhecido no Brasil. Artista plástico, cenógrafo, dramaturgo, encenador e fundador do grupo, sua principal matéria dramatúrgica versa sobre textos não escritos para o teatro (contos, romances, poemas, textos etnográficos e históricos), dos quais foram escolhidos aqueles que se originaram de romances: Gente feliz com lágrimas, de João de Melo, Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago e Jerusalém, de Gonçalo M. Tavares.

 

A professora Maria Helena Werneck da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) comenta o conteúdo da obra:

 

“Aderbal Freire-Filho e João Brites, cujos trabalhos constituem o objeto de análise do livro, são leitores-encenadores de grande projeção em seus países e continentes. Manejam um acervo particular de narrativas, de forma a moldarem poéticas arrebatadoras, sempre em trabalhos compartilhados com atores e coletivos de criação. Sem nunca se terem encontrado, os dois criadores se tornam inesperadamente próximos e extraordinariamente singulares ao longo deste livro, cujo autor, também um artista, tomou a tarefa científica como oportunidade de diálogo e formação entre pares das artes cênicas. O livro redimensiona o interesse na aproximação entre Brasil e Portugal pela via da pesquisa acadêmica, disposta a examinar, de modo contrastivo, o teatro que se dedica a experimentações cênicas oriundas da leitura de romances. O estudo se lança sobre esse material textual incomum e, ao mesmo tempo, desafiador para a arte teatral, se pensarmos o século XX como aquele que propagou definitivamente a distância entre a literatura dramática e o teatro como encenação. ”

 

Sobre o autor

Juarez Guimarães Dias é escritor, diretor teatral e professor do Departamento de Comunicação Social da FAFICH/ UFMG. Doutor em Artes Cênicas (Unirio), Mestre em Literatura (PUC-MG) e Bacharel em Comunicação Social (Uni-BH), desenvolve pesquisa sobre narrativas em cena e tem trabalhos reconhecidos por público e crítica: EuCaio (Matheus Soriedem), Marilyn Monroe.doc (Grupo Dois Palitos), #tudodenós (Pierrot Teen/ Cia. Pierrot Lunar), Atrás dos olhos das meninas sérias, Sexo e Acontecimento em Vila Feliz (Cia. Pierrot Lunar) e A Possessa (A Empresa) (Cia. de Outros Atores). Escreve regularmente em seu blog

“Escrita em progresso” e colabora com o coletivo Mutanti. É autor do livro O fluxo metanarrativo de Hilda Hilst em Fluxo-floema (Ed. Annablume, 2010). Acesse o blog “Escrita em progresso” e mais informações sobre o autor em http://www.juarezguimaraesdias.com

Foto:  Matheus Soriedem

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