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Documentário "Pipiripau - O Mundo de Raimundo" é lançado e em DVD e volta em cartaz neste mês de dezembro

Longa de Aluizio Salles Junior conta a história de Raimundo Machado e da criação de sua obra maior: o Presépio do Pipiripau

Nesta quinta-feira, dia 4 de dezembro, às 20h30, o documentário Pipiripau – O Mundo de Raimundo, do diretor Aluizio Salles Jr., ganha versão em DVD e volta a entrar cartaz no Cine 104(Praça Ruy Barbosa, 104, ao lado da Praça da Estação) – sendo exibido nos dias 4, 5, 6, 7 e 10 de dezembro, às 20h40. No lançamento, haverá sessão comentada, após a exibição do filme, com a presença do diretor e de familiares de Raimundo Machado. O projeto foi contemplado no edital “Filme em Minas 2014”, como projeto de distribuição alternativa. O DVD será vendido no Cine 104, no Museu de História Natural e Jardim Botânico (MHNJB) da UFMG, na Livraria Leitura e em bancas de jornais e revistas.

 

Para o mês de dezembro, foi preparada extensa programação de exibição do filme, também noMuseu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG, local onde fica o Presépio de Pipiripau, que passa por processo de restauração desde 2013. No Museu, o filme será exibido de 6 a 28 de dezembro, aos sábados e domingos, às 10h30 e às 15h30, com sessões comentadas pelo diretor, pela professora Bethania Reis Veloso, diretora do Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais (Cecor) da Escola de Belas Artes da UFMG e Coordenadora da Restauração do Presépio do Pipiripau, por integrantes da família e por Emanuel Gonçalves Fernandes, funcionário aposentado do MHNJB, que aprendeu a cuidar do presépio com Raimundo Machado e foi responsável por sua manutenção durante muitos anos.

 

Uma das novidades para quem assistir ao filme Pipiripau – O Mundo de Raimundo está no fato de que, após as exibições e sessões comentadas no Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG, o público (dividido em pequenos grupos) participará de uma visita guiada para ver o restauro das peças do Presépio Pipiripau, que está sendo realizado por profissionais do Cecor.

 

A história de Raimundo Machado

Por meio de precioso depoimento de história de vida, realizado em 1984 pela professora Vera Alice Cardoso Silva e registrado em uma simples fita cassete, Raimundo Machado, criador do Presépio do Pipiripau e mineiríssimo narrador, conta a história de sua vida e da criação de sua obra ímpar, desde o início do século passado até os dias de hoje. Assim surgiu o documentário Pipiripau – O mundo de Raimundo, longa de Aluizio Salles Jr. Ao longo da narrativa, é possível perceber como a história se funde e se entrelaça sincronicamente com a própria trajetória da fundação e do desenvolvimento da jovem capital de Minas Gerais, Belo Horizonte.

 

Em 1906, o menino Raimundo Machado compra sua primeira figura para o presépio, uma imagem do menino Jesus que aconchegou com palhas de milho em uma velha caixa de sapatos. Assim nasceu o Pipiripau. A parti dali, a cada ano, novas figuras surgiam das mãos de Raimundo – pastores, reis magos, crianças, bois e jumentos. Por volta de 1912, Raimundo adaptou o mecanismo de um velho gramofone, adicionando polias e correias, o Pipiripau ganhou seus primeiros movimentos e não parou mais. O Presépio alimentou-se da força do vapor e, logo depois, da energia elétrica. Além disso, as figuras multiplicaram-se. Ao criando cenas e personagens a partir de materiais simples, Raimundo foi aos poucos acrescentando, ao presépio, o engenho de suas criações mecânicas, adaptadas a partir daquilo que aprendia com o trabalho nas oficinas das grandes empresas da cidade em expansão.

 

Raimundo continuou criando peças e cuidando de seu presépio até a morte, em 1988. São, ao todo, 586 figuras, distribuídas em 45 cenas. Contudo, ao mesmo tempo em que, nos fins de semana, Raimundo criava sua obra de devoção, nos dias úteis, trabalhava nas oficinas de grandes empresas – a exemplo da Oficinas Gravatá, da Central do Brasil e da Imprensa Oficial –, que ajudaram a escrever a história da cidade que crescia e se tornava uma metrópole. Raimundo Machado criou obra ímpar e de eterno significado nas comemorações natalinas da capital mineira.

 

O filme

Para o desenvolvimento do roteiro de Pipiripau – O Mundo de Raimundo, realizou-se extensa pesquisa no acervo de documentos do Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG, onde, hoje, está o Presépio em processo de restauração. Tal acervo abrange toda a vida de Raimundo Machado. Para o longa, foram feitos o levantamento de toda a iconografia existente e uma cuidadosa pesquisa videográfica com personagens significativos, tais como os filhos e netos de Raimundo, a professora Vera Alice, a então diretora do Museu, Mônica Meyer, e o atual operador do Presépio do Pipiripau, Emanuel Fernandes – profissional preparado durante anos, pelo próprio Raimundo Machado, para este ofício.

 

Rodado em HD, a trilha musical do filme foi composta e arranjada pelo maestro Mauro Rodrigues, e conta com a participação da Orquestra de Câmara do Sesiminas em 12 dos 32 temas que compõem a trilha sonora. A Direção de Arte e os desenhos animados ficaram a cargo de Leonardo Cata Preta. A Direção de Fotografia é assinada pelo experiente Carlos Giovanni.

 

A espinha dorsal da narrativa ancora-se em documento histórico importante e pouco conhecido: a gravação da história de vida de Raimundo Machado. São entrevistas realizadas em áudio, em 1984, por Vera Alice Cardoso Silva. Nelas, um homem com memória prodigiosa e excelente contador de casos aborda, em detalhes, não apenas a criação e o crescimento de seu presépio, mas, também, aspectos saborosos da construção e do crescimento da própria cidade de Belo Horizonte – desenvolvimento testemunhado por ele desde o princípio, já que chegou à cidade, ainda criança, em 1898. Trata-se, talvez, neste sentido, do único registro em áudio de uma testemunha do nascimento da capital. O progresso de BH será retratado por Raimundo, ao longo do século, nas muitas cenas religiosas e leigas que o artista criou, aos poucos, para compor o seu presépio.

 

O filme revela a surpreendente história da criação do Presépio do Pipiripau e a trajetória de seu autor, a saga individual de um homem negro que, na primeira metade do século XX, trabalhou como industriário nos grandes empreendimentos da construção de BH, e que, nas horas vagas, era um dedicado artesão, movido pela devoção ao sentimento religioso, pelo trabalho incansável e voltado à criação de obra única, singela e sincronizada com seu tempo. Obra, aliás, que se tornou um espelho rústico e fiel do espírito desenvolvimentista da época e do fascínio dos homens pelos ideais de mecanização e movimento.

 

Raimundo trabalhou nas Oficinas Gravatá, uma das empresas encarregadas por Aarão Reis da construção da nova Capital, e ali, com seus conhecimentos de mecânica, realizará a manutenção das máquinas a vapor e fará a mecânica de suas diversas oficinas. Na Gravatá, ele aprende as técnicas de fundição e participa, ativamente, da construção e do acabamento de monumentos da cidade. As estátuas da torre do Prédio da Estação, as colunas das plataformas e seus capitéis, as belas peças fundidas de suas grades e portões, as peças fundidas dos prédios monumentais da Praça da Liberdade passaram por suas mãos. Também a instalação do pirulito da Praça Sete contou com os conhecimentos de mecânica de Raimundo, que participou de seu levantamento. Todo o saber adquirido como operário das construtoras da nova capital será aplicado, de maneira simples e criativa, na construção do mecanismo de seu presépio, inspirado nas grandes oficinas de locomotivas do início do século XX.

 

O filme mostra como a história do Presépio do Pipiripau se entrelaça, de forma sincronizada, à própria história da fundação e do desenvolvimento urbano e industrial da cidade de Belo Horizonte, ambas contidas no mesmo período. Portanto, contar a história de Raimundo Machado e do Presépio é contar a trajetória de Belo Horizonte desde sua criação, por meio dos olhos de um homem dedicado e trabalhador, mecânico prático que participou do crescimento da cidade desde o início do século e que, com sua arte, devoção, engenho e religiosidade, criou obra ímpar e de eterno significado.

 

O filme coleciona sucessos: recebeu excelentes elogios da crítica durante seu pré-lançamento, em dezembro de 2013 e foi convidado pela Belotur para constituir um projeto de cinema e memória da cidade de Belo Horizonte, durante o período da Copa, sendo exibido aos visitantes durante os meses de junho e julho no Memorial Minas Gerais Vale, no Circuito Cultural da Praça da Liberdade. Recentemente, o longa foi contemplado no edital “Filme em Minas 2014”, do governo do Estado de Minas Gerais, na categoria de distribuição alternativa.

 

O diretor e produtor Aluizio Salles Jr.

Aluizio Salles Jr. é bacharel em publicidade pela PUC Minas (1978). A partir de 1980, atuou na criação de roteiros para a Embrafilme. Em 1998, dirigiu a série Diários, para a TV Escola do MEC na TV Minas. Em 2001, dirigiu os sete programas do módulo de Ciências do Programa de Capacitação de Professores (Procap), da Secretaria de Educação do Estado de Minas Gerais. Em 2003, prestou consultoria técnica como especialista em Produção Audiovisual à Secretaria de Estado da Educação, com o objetivo de supervisionar a produção de vídeos do Programa de Melhoria do Ensino Médio (Promed). Em 2005, dirigiu e coordenou a montagem técnica e operacional da Central de Produção Audiovisual do portal do Centro de Referência Virtual (CRV) do professor, do site da Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais. Atuou, também, como diretor de cena, fotografia e como coordenador audiovisual na produção dos 30 primeiros minicursos de atualização curricular elaborados para o CRV.

 

A produtora

Fundada em 1981, por Aluizio Salles Jr., a Fazenda Cinema e Vídeo é uma empresa voltada para produções culturais e educacionais, já tendo realizado diversos filmes de curta, média e longa metragens. A produtora tem como foco buscar a geração de Bens Culturais por meio de produtos audiovisuais com forte conexão com o conteúdo regional, a cultura e os bens imateriais e materiais do imaginário de Minas Gerais.

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