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Com texto original e direção de RITA CLEMENTE, formandos do Cefart discutem o acaso e o fortuito no espetáculo 19:45!
São 19h45min em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais; Av. Afonso Pena com Av. Carandaí; um acidente entre um carro e uma bicicleta; laranjas espalhadas pelo chão. A partir dessa colisão, inúmeros acontecimentos interligam onze personagens sem sequer imaginarem que suas vidas possam estar conectadas.
Com essa trama, os formandos do curso profissionalizante de Teatro do Centro de Formação Artística e Tecnológica – Cefart, da Fundação Clóvis Salgado, apresentam montagem de formatura questionando se o acaso e o fortuito realmente existem.
“O acaso é um jeito de resolver aquilo que não conseguimos compreender. Mas há quem diga que nada acontece por acaso... acho que o espetáculo, talvez, reafirme isso”, diz Rita Clemente, um dos nomes mais respeitados da atualidade no cenário das Artes Cênicas de Minas e do país.
A ideia é investigar como diversos acontecimentos do cotidiano estão interligados, sem que essas conexões sejam explícitas ou óbvias. Ao mesmo tempo, o espetáculo focaliza detalhes que aparentemente são insignificantes, mas impactam o cotidiano, o que Rita afirma ser também força motriz da montagem. “Acho que estamos tentando falar do cotidiano, do acontecimento corriqueiro, do convívio social, mas também de assuntos que estão em evidência. Por exemplo, mesmo sem levantar nenhuma bandeira, problematizamos a inserção das bicicletas nas ruas das grandes cidades”, revela Rita Clemente.
A diretora acrescenta que o objetivo da peça não é (apenas) repetir a realidade, mas apresentar uma visão própria da realidade, interligar elementos do real, porém com alteridade específica e ficcional. Por isso, por mais que esteja situada em um determinado local, a montagem traz elementos diversos, como o figurino que aposta em um estudo de época do início do século XX, uma brincadeira em que as relações entre os personagens ocorrem durante um tempo cronológico, em uma cidade específica, mas mantendo certa atemporalidade de época. O cenário possui alguns elementos pontuais, um tratamento de cor em todo o teatro, além de uma crescente transformação visual nas paredes do João Ceschiatti.
Além de Rita Clemente na direção, 19:45! tem Antônio Melo na assistência de direção, Leonardo Pavanello na iluminação, Trilha sonora de Marcio Monteiro e cenário e figurino de Thálita Motta.
DESAFIOS – O texto de 19:45!, assinado por Rita Clemente, é a primeira montagem em que a turma trabalha com escrita totalmente original. “Nossa experiência anterior foi com uma adaptação, já tinha um background. Não diria que foi mais fácil naquela montagem, mas foi mais simples construir em cima de uma personalidade que já existia. Em 19:45!, tivemos que encontrar nuances, criar personalidades, buscar tudo em nós mesmos”, conta a formanda Vanessa Barbosa.
Vanessa, que irá interpretar uma noiva, concorda que é necessário ter vivências diferentes no processo de formação. Como parte importante desse processo, ela destaca os exercícios de improvisação, orientados pela diretora. “A Rita usou uma técnica muito interessante. No início ela plantou uma semente, falou dos personagens, mas sem dar mais informações. Por isso, tivemos que criar a partir de improvisações e histórias sem saber a dimensão que os resultados iriam ter. Isso foi genial, porque tudo que fizemos foi muito verdadeiro e genuíno”, lembra.
DE VOLTA AO CEFART – Pela terceira vez, a atriz, diretora, produtora cultural e professora Rita Clemente dirige uma montagem do curso profissionalizante de Teatro do Cefart. O convite para assumir a direção dessa montagem partiu dos próprios alunos “Ainda no segundo ano do curso a turma teve contato com o trabalho da Rita, depois disso, eles convidaram a artista para um bate-papo já na expectativa de convida-la para a direção”, explica a coordenadora do curso de Teatro Letícia Castilho, que foi aluna de Rita no Cefart em 1992.
O vínculo de Rita Clemente com o Cefart tem aproximadamente 30 anos. Ela iniciou seus estudos na instituição em 1986, formando-se em 1989. Em seguida, atuou como professora até 1998. Antes de 19:45!, a atriz dirigiu importantes e históricas montagens do Cefart como Lisístrata (1997) e o Rinoceronte (2007).
Currículo – Após iniciar sua formação teatral na Fundação Clóvis Salgado, graduou-se em Música pela Universidade Estadual de Minas Gerais. A interdisciplinaridade desses dois campos é uma das marcas de suas criações.
Recentemente, foi premiada pelo "Questão de Crítica”, no Rio de Janeiro – Melhor direção 2013 do espetáculo “Dias Felizes: Suíte em 9 movimentos”; e indicada ao Prêmio Shell SP e Qualidade Brasil-SP em 2008 pela direção de “Amores Surdos” (Grupo Espanca!).
Em 2015, estreou “Amanda”, dividindo a direção com Diogo Liberano, com texto de Jô Bilac, pelo projeto Criações de Bolso, do Sesc Paladium, onde também coordena o Centro de Criação para atores e diretores Cecad/2015.
Em 2014, estreou dois espetáculos em Minas Gerais: “O que você foi quando era criança?” (Prêmio de Melhor Direção e espetáculo - Prêmio Copasa/Sinparc) com texto de Lourenço Mutarelli e “Inverno”, do dinamarquês Jon Fosse, este último com concepção geral da diretora, assinando cenário que também foi indicado ao Prêmio Copasa/Sinparc do mesmo ano.
Estreou em outubro de 2013, no Rio de Janeiro, o espetáculo “Fluxorama”, projeto em que três atores/diretores dirigem e atuam nos textos do premiado autor Jô Bilac.
Coordenou o Oficinão Galpão Cine Horto em 2012, dirigindo o espetáculo “Delírio & Vertigem”, criado a partir de textos também de Jô Bilac e direção de arte assinada por Luciana Buarque.
SOBRE O CEFART – O Centro de Formação Artística e Tecnológica da Fundação Clóvis Salgado (Cefart) integra a política do Governo de Minas de fomento à formação em arte, nas áreas de teatro, dança e música. Oferece cursos livres, profissionalizantes e de extensão destinados à capacitação, qualificação, aperfeiçoamento e atualização de crianças, jovens e adultos.
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