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Coleção Vagabundos Iluminados reúnem obras de seis poetas de Belo Horizonte
Não é possível precisar se foi a poesia que aproximou os seis jovens autores ou se foi a amizade que fez despertar em cada um deles a chama do poeta. Seja como for, Rafael Fares, Marcos Sarieddine, Thiakov, Marcos Braccini, Vinikov e Rafael Ludicanti se reúnem agora na coleção Vagabundos Iluminados, que será lançada no próximo dia 2 de dezembro, terça-feira em Belo Horizonte. A publicação, o mais recente lançamento daAletria Editora, conta com seis livros e marca a estréia de cada um dos em voo solo.
Amigos de longa data, Rafael Fares, Marcos Sarieddine, Thiakov, Marcos Braccini, Vinikov e Rafael Ludicanti lançaram em 2011 “Exemplar Disponível ao Roubo”, livro que reunia 80 poesias de Miguel Capobianco-Livorno, heterônimo criado pelo grupo para assinar a obra produzida coletivamente pelos seis poetas ao longo de muitos anos, várias viagens e madrugas insones. Miguel Capobianco-Livorno, antes de ser uma solução pensada para englobar aquelas poesias escritas a muitas mãos, foi o próprio ente poético que se manifestou entre eles e conduziu a criação desta obra desde seu início até a publicação do livro.
Ainda que agora não mais mesclados neste ente poético dotado de forte personalidade, os poetas acreditam que a coleção Vagabundos Iluminados é um desdobramento de “Exemplar Disponível ao Roubo”. “Miguel foi influenciado por nós e ele também nos influenciou”, acreditam.
Amantes de várias correntes estéticas, que vão do rock n’roll, na música, da nouvelle vague, no cinema, e de Fernando Pessoa, na literatura, Rafael Fares, Marcos Sarieddine, Thiakov, Marcos Braccini, Vinikov e Rafael Ludicanti têm nos poetas beatniks uma grande identificação. Não à toa, a coletânea recebe o nome de Vagabundos Iluminados, em referência ao livro de Jack Kerouac (Dharma Bums, no original de 1958).
Sobre a Aletria:
Aletria Editora iniciou suas atividades em 2009 com o foco em literatura infantil e se impôs desde início um objetivo: conquistar os leitores com livros que propusessem situações simbólicas e criativas que trouxessem reflexão, aprendizado e diversão. O cuidado de aliar a excelência do projeto gráfico e da qualidade editorial a ilustrações que proporcionem ao leitor uma experiência estética de real valor se tornou uma marca da editora.
A partir de 2001, o foco da editora se expandiu para alcançar também o jovem leitor. Cordel, quadrinhos, mistério, memórias, diários e clássicos como Voltaire e Herman Melville são algumas das publicações destinadas ao público juvenil.
Em 2012, a Aletria inicia um segmento editorial voltado para a capacitação de educadores. O livro “A Condenação de Emília: O Politicamente Correto na Literatura Infantil” recebeu o selo “Altamente Recomendável” pela FNLIJ.
Neste ano, a Aletria estreou na publicação de poesia, com “Rebento”, de Helder Quiroga, e segue agora com a coleção Vagabundos Iluminados.
Os Vagabundos Iluminados são:
Rafael Fares
Atuou no Grupo Oficina Multimédia em peças como “A Casa de Bernarda Alba” e “Zaac Zenoel”. A partir desta experiência, trabalhou com diversas linguagens como a literatura, o cinema, a música e a performance. Doutorando em literatura pela UFMG, é integrante do Núcleo de Pesquisa Literaterras, que realiza livros, filmes, CDs e exposições de artes plásticas com indígenas da América do Sul. Atualmente a exposição “Mira! Artes Visuais dos Povos Indígenas”, da qual foi um dos pesquisadores, está em cartaz no Espaço do Conhecimento da UFMG. Integra ainda o ateliê Alcova Libertina e o grupo de performance 1banda3. No final de 2012 lançou o livro "Exemplar disponível ao roubo" com mais 5 poetas sob o heterônimo comum de Miguel Capobianco-Livorno.
Marcos Sarieddine
Graduado em música pela UFMG, é tecladista dos grupos musicais The Junkie Dogs e Bloco da Alcova e compositor do Derivasons. É mestrando na área de música e estuda a relação do Tropicalismo com o cinema de Glauber Rocha, em especial com o filme “Terra em Transe”. Integra o ateliê Alcova Libertina. No final de 2012 lançou o livro "Exemplar disponível ao roubo" com mais 5 poetas sob o heterônimo comum de Miguel Capobianco-Livorno.
Thiakov
Ao longo de 15 anos de trabalhos com música, gravou com vários artistas, compôs trilhas e produziu discos inéditos. Dentre as produções destacam-se, o novo disco do Graveola e o Lixo Polifônico: “2 e ½”, o disco de Duzão Mortimer, “O Grande Ah!” e o single de Fernando Goulart. Co-produziu o disco “Tempo de Desenredo”, de Antônio Gomes Neto e Sydney Porto, e da banda da qual fez parte, Just. Participou também como músico dos discos “Álbum Desconhecido”, de Juliana Perdigão, “Anterior,” de Pablo Castro, “Sweet Psychedelics”, de Roberto Brant, “Caminhar”, de João Pires e outros.
Para o cinema,compôs trilha para os filmes “Outro Dia” e “Aluga-se”, de Cris Azzi. Para games, fez a música tema do jogo “Coxinha da Madrasta”, de Mauricio Bylaard, e atualmente trabalha com Vitor Santana e Vinny Braga na trilha do novo longa-metragem de Cris Azzi.
No final de 2012, lançou o livro "Exemplar Disponível ao Roubo" com mais cinco poetas sob o heterônimo comum de Miguel Capobianco-Livorno.
Marcos Braccini
É compositor, arranjador, produtor musical e poeta. Graduado em Composição pela Escola de Música da UFMG, também estudou na Fundação de Educação Artística, em Belo Horizonte. Produziu discos e participou de diferentes projetos dedicados à música contemporânea de concerto, à música popular brasileira e ao rock ‘n’ roll, além de compor trilhas para a televisão e o rádio. É também integrante do grupo de música experimental Derivasons e da banda de trip-rock The Junkie Dogs. Em 2014 lançou dois discos solos “Noturno” e “Wiara”. No final de 2012, lançou o livro "Exemplar Disponível ao Roubo" com mais cinco poetas sob o heterônimo comum de Miguel Capobianco-Livorno.
Vinikov
Atua na cena musical de Belo Horizonte com bandas como The Dead Lover’s Twisted Heart, Orquestra Mineira do Brega e Dead Pixels. No ano de 2014 fundou, juntamente com Rafael Ludicanti, o estúdio de gravação e produção musical Minotauro Estúdio. Formado em letras pela UFMG, no final de 2012, lançou o livro "Exemplar Disponível ao Roubo" com mais cinco poetas sob o heterônimo comum de Miguel Capobianco-Livorno.
Rafael Ludicanti
É vocalista da banda Junkie Dogs. No ano de 2014 fundou, juntamente com Vinikov, o estúdio de gravação e produção musical Minotauro Estúdio. No final de 2012 lançou o livro "Exemplar disponível ao roubo" com mais 5 poetas sob o heterônimo comum de Miguel Capobianco-Livorno.
Considerações sobre os Vagabundos Iluminados (texto de Rafael Fares):
Nós, os Vagabundos Iluminados, somos um grupo de escritores que tem sua poética visceralmente ligada às nossas experiências pessoais. Antes de poetas, nosso grupo se reuniu em torno de uma amizade juvenil que começou na década de 90 em Belo Horizonte. Um amigo apresentou um amigo ao outro e os gostos em comum pela literatura e pelas artes aproximou nossas vidas para a eternidade.
A tomada de consciência de que éramos um grupo de poetas veio, é claro, com nossa devoção a escrita como uma elaboração de nossas sensações e impressões do mundo em que vivemos e o que criamos para nós mesmos. Mas também surgiu a partir do conhecimento e a identificação coletiva com diversas estéticas e seus modos de agir. Podemos citar assim o amor pelo Rock n' Roll, a dose extraforte de Nouvelle Vague e a paixão pela literatura de Fernando Pessoa, assim como várias outras correntes estéticas.
Embora não possamos determinar uma hierarquia de importância dentre essas várias estéticas citadas acima, uma em especial deve ser ressaltada neste projeto: a poesia desenvolvida pelo Movimento Beat nos Estados Unidos. As viagens nômades, as vivências lisérgicas e as atitudes subversivas do grupo formado por nomes como Jack Kerouac, William Burroughs e Allen Ginsberg mostraram uma escrita que se fez da própria vida destes escritores. Tamanha foi a identificação do nosso grupo com a vida/obra desses autores que passamos a nos autodenominarmos Vagabundos Iluminados em referência a um livro de Jack Kerouac chamado Dharma Bums, que foi traduzido para o português como Os Vagabundos Iluminados. No livro, o protagonista Ray Smith é jovem escritor e sua vida/obra será totalmente influenciada por Japhy Rider um jovem Zen-Budista que vive com o mínimo de dinheiro e é alheio a sociedade consumista.
Assim, tínhamos encontrado algumas chaves para darmos aos nossos leitores. Nossa poesia, assim como a poesia Beatnik, é uma busca por algo a mais dos parâmetros estabelecidos e da sensibilidade poética que não pode ser tomada como a própria vida. Uma renúncia ao excesso, constantemente excessiva. Uma adesão total a rituais indígenas brasileiros, ao Zen-budismo e, ao mesmo tempo, reverenciando o rock mais poderoso e agressivo, sem achar que uma coisa é incompatível com a outra. Somos também antropófagos tropicalistas do samba e da poesia marginal, amantes de Baudelaire, Rimbaud e Homero. Entramos no rio que estão a corrente Beatnik e todas as outras que se jogaram no turbilhão da arte sem o preconceito das definições totalizantes, alheias a sociedade de consumo, querendo consumir de tudo material e espiritual, matando no peito a universalidade e traduzindo em uma poesia singular.
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