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Quando amar machuca: como relacionamentos tóxicos deixam marcas emocionais duradouras
Psicóloga ensina sinais de alerta e estratégias para fortalecer a autoestima e manter relações saudáveis
O amor, quando saudável, é uma fonte de crescimento e bem-estar. No entanto, em um relacionamento tóxico, ele se torna uma fonte de dor crônica, exaustão e profunda instabilidade emocional. Caracterizadas por dinâmicas de desrespeito, manipulação, controle excessivo e críticas constantes, as relações abusivas, que podem ser românticas, de amizade ou familiares, deixam cicatrizes invisíveis que persistem muito tempo após o término, minando a autoestima e afetando a capacidade da vítima de confiar em si e nos outros.
A psicóloga clínica Josiele Sena, especialista em Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) e Gestão de Pessoas, alerta que a toxicidade se instala de forma sutil, o que torna a situação ainda mais perigosa. "A grande dificuldade de quem está em um relacionamento tóxico é que os comportamentos abusivos vêm misturados com momentos de afeto e reconquista. Essa 'montanha-russa' emocional confunde a vítima, gerando uma dependência que a aprisiona. O controle e as críticas constantes são mecanismos que visam destruir a autoestima do parceiro, fazendo-o acreditar que não é bom o suficiente ou que ninguém mais o amará", explica.
A especialista destaca que o primeiro passo para sair de um ciclo de abuso é reconhecer os sinais. Se o relacionamento drena mais energia do que oferece, e se a pessoa se sente constantemente ansiosa ou diminuída, há um problema. Os sinais de que a relação é tóxica manifestam-se de diversas formas, sendo um dos mais evidentes o Controle e Isolamento. O parceiro tóxico exige acesso a senhas, restringe o contato com amigos e familiares ou cria culpa ao parceiro sair, gerando um ambiente de medo e dependência.
“Outro padrão perigoso é o das Críticas Constantes, onde o parceiro faz piadas depreciativas, ridiculariza sonhos ou conquistas e culpa o outro por todos os problemas da relação, o que causa baixa autoestima e autocrítica intensa”, afirma.
A Manipulação (Gaslighting) também é comum, o agressor distorce fatos, faz a vítima duvidar de sua memória ou percepção, usando frases como "Você está exagerando" ou "Isso é coisa da sua cabeça", provocando confusão mental e questionamento da própria sanidade. Por fim, o Ciclo de Tensão e "Lua de Mel", momentos de explosão (xingamentos, brigas) seguidos de arrependimento exagerado, promessas de mudança e presentes, cria na vítima uma sensação de caminhar sobre ovos e uma esperança irracional de mudança.
Estratégias para reconstruir a autoestima e a vida
As marcas emocionais de um relacionamento tóxico podem se manifestar como ansiedade crônica, depressão, síndrome do estresse pós-traumático (TEPT) ou medo de iniciar novas relações. Josiele ressalta que o tratamento passa, inevitavelmente, pelo resgate do amor-próprio.
Reconhecimento e aceitação: o primeiro e mais difícil passo é aceitar que a relação é prejudicial;
Fortalecimento da autoestima: por meio da TCC, o foco é reestruturar os pensamentos negativos internalizados. A pessoa precisa aprender a se valorizar com base em sua essência, e não na validação do outro. Recuperar a autoestima é um trabalho ativo de refutar as críticas do agressor e reconhecer as próprias qualidades e conquistas;
Estabelecimento de limites inegociáveis: aprender a dizer "não" e a proteger seu espaço emocional, social e financeiro;
Reconstrução da rede de apoio: voltar a se conectar com amigos e familiares que foram afastados. O suporte social é vital para a cura;
Terapia profissional: buscar um psicólogo para processar o trauma, entender a origem da dependência emocional (se houver) e prevenir a repetição de padrões tóxicos em relações futuras.
"Sair de uma relação abusiva é um ato de coragem e amor-próprio. O processo é doloroso, mas o sofrimento de ficar é sempre maior do que a dor de ir embora e se curar. O amor nunca deve custar a sua paz de espírito", conclui a psicóloga.
Acompanhe o trabalho da Josiele Sena no Instagram: @psicologia.psimind
Fonte: Josiele Sena — Psicóloga Clínica | Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental | Especialista em Gestão de Pessoas.
Foto: Divulgação
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