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BH 126 anos: veja dez obras arquitetônicas de Gustavo Penna que transformaram a paisagem da cidade
Ao completar 50 anos de carreira, arquiteto resgata projetos que ficaram marcados em sua memória e declara “Sou no todo e nas partes belo-horizontino”
“A minha vida é esta, subir Bahia e descer Floresta.” — Rômulo Paes.
A frase que entrou para a história de Belo Horizonte foi marcada na boêmia, literária e carnavalesca Rua da Bahia, no centro da capital, em 1995. Um monumento encomendado ao arquiteto Gustavo Penna para homenagear o escritor e compositor mineiro em sua homenagem à cidade. O Monumento a Rômulo Paes é um dos muitos lugares projetados por Penna na ainda jovem Belo Horizonte. Neste aniversário de 126 anos da cidade, no mesmo mês em que Penna completa 50 anos de carreira, ele destaca outras dez obras criadas por seu escritório, a GPA&A, que ficaram gravadas em sua memória.
“Sou no todo e nas partes belo-horizontino”, declara Gustavo Penna. “Sou inteiramente belo-horizontino, montanhês, apaixonado pela Serra do Curral. Tenho a maioria das minhas obras e, especialmente as mais significativas, ligadas ao solo de Minas Gerais. Para todo lugar que vou, levo a profundidade que a montanha sugere e essa força que mantém a serra em pé.”
1. Edifício anexo da Academia Mineira de Letras
Na altura do nº 1.466 da Rua da Bahia, em Belo Horizonte, a Academia Mineira de Letras (AML) é uma conversa entre dois edifícios e dois tempos. De um lado, há o casarão dos Borges da Costa, construído no início da década de 1920, em estilo eclético, um verdadeiro palacete com entalhes em "art nouveau", que veio a se tornar sede da AML. Do outro, uma obra moderna, mais aberta e iluminada, projetada pela GPA&A e inaugurada em 1993. Separada por sete décadas da sede, a construção anexa compartilha similaridades propositadas com a primeira: a janela lateral sobe como uma torre e as colunas frontais sustentam um terraço gradeado. O conjunto arquitetônico, ao revolucionar as formas da casa da literatura mineira, dando a ela uma nova leitura, faz jus, de forma poética, ao lema da Academia, "Scribendi Nullus Fines", do latim "Escrevendo Sem Limites".
2. Quarteirão Xacriabá da Praça Sete
O Quarteirão Xacriabá foi adicionado à Praça Sete de Setembro no início dos anos 2000. Sua arquitetura estimula, ao mesmo tempo, a parada e a passagem. Com um largo central, um anfiteatro e uma tribuna, para ser utilizado de forma democrática e multifuncional por todos, o quarteirão se tornou um ponto de intensa convivência da cidade. O projeto da GPA&A abraça a simpática tradição do jogo de damas, as manifestações políticas e a cerveja dos fins de tarde na capital dos bares.
3. Escola Guignard
Um edifício de aço que aflora de montanhas de ferro. A Escola Guignard foi erguida em 1994 aos pés da Serra do Curral para se tornar a nova sede da Escola de Belas Artes do estado, fundada em 1944. O projeto homenageia o mestre da pintura e primeiro diretor da Escola, Alberto da Veiga Guignard, um carioca que enamorou-se por Minas Gerais. À frente da instituição, ele assumiu o plano modernista do então prefeito da capital, Juscelino Kubitschek, tendo sido um dos responsáveis pela evolução das concepções estéticas no estado. Das dobras de aço, a GPA&A traz a influência do escultor Amilcar de Castro, um caro amigo que também foi diretor da Escola. Desde a sua construção, a Guignard se tornou parte indissociável da vida acadêmica e artística da cidade.
4. Estações MOVE
Modernidade e funcionalidade em harmonia com a paisagem urbana foi a ideia que norteou o projeto das estações para os corredores rápidos de trânsito (BRT - Bus Rapid Transit), chamadas de Estações MOVE em BH. A forma das estações procura se fundir com a paisagem dinâmica, sem carregar o visual da cidade. O MOVE também traz conforto ao usuário, pois a utilização de vidro e chapas perfuradas para o fechamento lateral permite visibilidade, iluminação e ventilação natural. O equipamento também atende às questões de sustentabilidade e acessibilidade: possui um sistema de aproveitamento de luz e ventilação interna, é 100% acessível e permite a entrada de ciclistas.
5. Expominas
Construído em 2006, o Expominas é um centro de convenções que recebe os mais diversos eventos, como feiras culturais, shows, exposições e congressos. Tudo no edifício contribui para criar um clima de festa e amplidão. Com elegância e simplicidade, o centro assegura aos produtores de eventos a rapidez de execução e baixo custo, sem a perda de valores plásticos exigidos para um espaço que sintetiza a cultura, a tecnologia e a economia de Minas Gerais. Por isso a estética industrial: as coberturas metálicas em vãos de 25 metros e o fechamento lateral com telhas termo-acústicas formam uma imagem tecnológica, vibrante e contemporânea.
6. Parque Ecológico da Pampulha
Situado em uma área de 27 hectares, o parque garante a proteção e estabilidade da reserva ambiental. Dividido em cinco áreas – Esplanada, Área Reflorestada, Área Alagada, Reserva de Uso Restrito e Enseada –, o conjunto privilegia o uso contemplativo do espaço com ênfase nos aspectos naturais da reserva ambiental. A revitalização da reserva, realizada em 2004, permitiu que a comunidade passasse a utilizá-la para atividades esportivas e de lazer, ao mesmo tempo que permitiu à Fundação Zoobotânica desempenhar projetos de pesquisa e educação ambiental, assim como abrir o espaço para outros eventos, como festivais de música.
7. Memorial da Imigração Japonesa
Segundo a Embaixada do Japão no Brasil, em nosso país vivem cerca de 2 milhões de japoneses e descendentes, formando a maior comunidade nipônica fora do Japão. Parte dela se encontra em Minas Gerais e recebeu, em 2009, uma homenagem pelos 100 anos da imigração com destino às nossas terras. O Memorial da Imigração Japonesa apresenta uma ponte sobre um espelho d'água que une símbolos de Minas e do Japão: em uma extremidade, um triângulo, na outra, um círculo. Ambas as formas geométricas são vermelhas sobre um fundo branco, como nas bandeiras do estado e do país, respectivamente. O projeto do memorial é um gesto de amizade e eternas boas-vindas àqueles que se tornaram nossos conterrâneos.
8. Rede Globo Minas
O projeto visou aproveitar as potencialidades dos pré-fabricados – grandes vãos, durabilidade, acabamento perfeito, rapidez – saindo do “lugar comum” e transformado-o em um ambiente funcional que aliasse alta tecnologia e espaços humanizados, em um terreno de 10.193 m2 x 6.600 m2 de área construída. O resultado foi a construção de dois blocos: um no qual se inserem a administração, dois estúdios, a área de produção e exibição, integrados a dois jardins e, outro, um bloco de serviços, onde ficam o gerador, o almoxarifado central, a cantina, o vestiário, a coordenação de transportes, o sistema de ar condicionado, os quadros-de-força e todo controle de equipamentos. O ponto central para o dia a dia da equipe é a promoção do encontro das pessoas através das praças de convivência e relaxamento.
9. Núcleo de Ensino e Extensão Continuada (NEEC)
A estrutura básica do NEEC é um prisma, caracterizando uma grande cobertura que abriga um bloco de ensino e remetendo à bandeira de Minas Gerais com seu triângulo vermelho. O Núcleo há três pavimentos, repletos de salas de aula e salas para os setores administrativo e pedagógico da instituição. Há também uma área aberta de convivência, chamada “varandão”. Este é um grande espaço para a realização de atividades curriculares e extracurriculares para os alunos e suas famílias, como esportes, reuniões, apresentações, sessões de cinema etc. O NEEC está de pé desde 1987 atendendo a comunidade de BH.
10. Band Minas
O edifício é um marco da arquitetura pós-moderna em Belo Horizonte. Construído em 1985, o projeto responde às necessidades funcionais de uma emissora de televisão com rigor e despojamento. O acesso ao edifício é feito por um grande vão, que cria uma moldura para a paisagem da cidade.
Sobre Gustavo Penna – Formado pela Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde lecionou por três décadas. É arquiteto e fundador do escritório GPA&A. Conquistou prêmios internacionais, como o The International Architecture Award, em Chicago, o World Architecture Festival (WAF), em Cingapura, e o Architizer A+Awards, em Londres. Seus trabalhos já foram expostos em grandes eventos do Brasil e do exterior, como a Bienal de Arquitetura, em São Paulo, a Bienal de Veneza, a Bienal de Buenos Aires, a Trienal de Arquitectura Mundial, em Belgrado, e o Institut Français d’Architecture, em Paris. É membro do Conselho Curador da Fundação Oscar Niemeyer e da Fundação Dom Cabral e sócio-fundador da Academia de Escolas de Arquitetura e Urbanismo de Língua Portuguesa (AEAULP). É autor de projetos como o Expominas (Centro de Feiras e Exposições de Minas Gerais), o Monumento à Liberdade de Imprensa, o Memorial da Imigração Japonesa, na Pampulha, os museus de Congonhas (patrimônio cultural da humanidade), Sant’Ana e Regina Mundi, o Novo Estádio do Mineirão e a Escola Guignard (considerada uma das 30 obras mais relevantes da arquitetura brasileira). Seus trabalhos já foram publicados nos principais sites, revistas e livros de arquitetura e design do Brasil e do mundo, como ArchDaily, Abitare, Architecture Now, Le Mounter Architecture Mars, Architectural Digest, Enlace, Monocle, Architectural Record, Wallpaper e SUMMA +. Penna também é autor de quatro livros.
Sobre a GPA&A – Fundado por Gustavo Penna, é um escritório de arquitetura e urbanismo com larga experiência no desenvolvimento e implementação de projetos de média e grande complexidade. Sua equipe é composta por mais de 30 profissionais envolvidos em projetos institucionais, culturais, urbanos, residenciais e comerciais. O escritório une criatividade e qualidade arquitetônica com as melhores práticas de gestão. Com uma abordagem conceitual, consistente e inovadora, seus arquitetos combinam o olhar cuidadoso para as necessidades do cliente a uma interpretação sensível dos desafios contemporâneos. A GPA&A acredita que a arquitetura é um elemento fundamental para a qualidade de vida individual e coletiva e, acima de tudo, para a formação da nossa cultura e identidade.
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Foto: JomarBragança
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