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Com direção de Odilon Esteves, formandos do Cefar abordam o lirismo em Estranhas Ocupações

Espetáculo explora novas formas de ver o mundo, sob a ótica de uma família peculiar

Procurando as pequenas belezas do cotidiano, os alunos formandos do Curso Profissionalizante de Teatro do Cefar se despedem da instituição com o espetáculo Estranhas Ocupações, com direção de Odilon Esteves, integrante da Cia. Luna Lunera. O público acompanhará a saga de uma família peculiar, que se envolve em situações cotidianas empregando novas significações a elas. A montagem tem como inspiração quatro contos do capítulo Estranhas Ocupações, de História de Cronópios e de Famas, livro do argentino Julio Cortázar, que tem seu centenário do nascimento comemorado este ano.

 

O enredo se passa no bairro Pacífico. Uma família numerosa, com estranhos hábitos, prefere se ocupar com atividades diferentes e inesperadas, que podem até ser consideradas socialmente inadequadas, sem utilidade prática ou objetiva. Esse movimento de ressignificação das coisas acontece em atividades corriqueiras, como uma reunião de família, um velório, um novo emprego e uma construção. Em suma, com suas atitudes a família busca recuperar a poesia do dia a dia.  

 

Desde o mês de julho Odilon Esteves trabalha com o grupo de 17 alunos, com idades entre 20 e 30 anos. Foi o diretor quem propôs o texto de Cortázar, “a partir do contato com a turma ouvindo os anseios dos alunos, propus uma abordagem de atuação que aproxima os atores dos seus personagens, na busca de uma fusão. É um caminho parecido com o que vemos mais comumente no cinema, embora existam hoje inúmeras peças trabalhando nesta direção”, explica Odilon.

 

Para o diretor do espetáculo, essa variação no modelo de atuação é mais uma forma de promover a formação multifacetada dos estudantes. No espetáculo, os jovens encarnam integrantes dessa família incomum que decidem encenar alguns acontecimentos.

 

Para potencializar o anacronismo, e dar uma sensação de deslocamento, o cenário e o figurino fazem alusões às décadas de 60 e 70. O cenário, de Adriano Barbosa, foi pensado em formato modular para se adaptar às diferentes situações, além de evidenciar uma certa precariedade.

 

Para compor o figurino, Marney Heitmann buscou referências imagéticas nas fotos que os atores trouxeram. O figurino aproveita peças e itens de brechó, escolhidas com o cuidado de se criar uma certa identidade entre atores e plateia. Cada bloco de cores representa um determinado núcleo da peça. O azul faz menção à família, por ser mais calmo e tranquilo. Verde, amarelo, pretos e cores mais vibrantes também foram escolhidas para representar os demais núcleos.

 

Formação Integral - Um dos pilares do curso é a construção coletiva das montagens e os alunos são estimulados a participar de todas as etapas do processo de criação da peça. Para a diretora de Ensino e Extensão do Cefar, Patrícia Avellar Zol, promover a autonomia do estudante e instigar a capacidade criativa dos alunos permite que “eles absorvam, associem, analisem e discutam os mais diversos conteúdos artísticos, numa troca real com professores, artistas e outros estudantes”, ressalta.

 

A imersão dos alunos no processo de montagem do espetáculo foi integral. Ao longo dos cinco últimos meses participaram de jogos e exercícios teatrais de adaptação dos textos de Estranhas Ocupações. Sendo que, sete deles integraram a equipe de redação e elaboração da dramaturgia.

 

Novamente no Cefar – A montagem marca o retorno de Odilon Esteves ao Cefar. Desta vez, o ex-aluno assume o papel de diretor. “Eu tinha o desejo de voltar a este lugar que é de suma importância para a minha turma, que se formou no Cefar em 2000 e resultou na Cia. Luna Lunera”, diz Odilon.  “Não trata-se apenas de compartilhar com outra geração de artistas um pouco da formação à que tive acesso, mas é também me colocar novamente em processo, numa experiência de rever-me inteiro, de repensar toda a minha formação até agora, oferecer algo aos estudantes, mas sobretudo aprender muito de volta, numa troca muito justa e honesta”, conclui.  

 

A montagem marca também o regresso de outros ex-alunos do Centro de Formação, hoje reconhecidos no cenário teatral de Belo Horizonte e que desempenham diversas funções, como o figurinista Marney Heitmann e os iluminadores Cristiano e Rogério Oliveira Araújo.  

  

Odilon Esteves - Formado no Curso Técnico em Ator do Centro de Formação Artística da Fundação Clóvis Salgado - Cefar (1998-2000); graduado no Curso Superior de Artes Cênicas da UFMG (2001-2007), com Licenciatura em Teatro. É membro-fundador da Cia. Luna Lunera (BH/MG), com a qual realizou os espetáculos Perdoa-me por me Traíres, Não desperdice sua única vida, Aqueles Dois e Prazer. No cinema, atuou nos longas Batismo de Sangue, O Senhor do Labirinto,  Matraga, Família, Cada Dia Uma Vida Inteira, Deserto Azul  e  em diversos curta-metragens. Na televisão, atuou na minissérie Queridos Amigos, da TV Globo, e no docudrama Sertão: Veredas, da Bossa Nova Films.

 

Sobre o CEFAR - O Centro de Formação Artística da Fundação Clóvis Salgado (Cefar) integra a política do Governo de Minas de fomento à formação em arte, direcionada ao jovem artista e aos profissionais recém-formados. Oferece cursos livres, técnicos profissionalizantes e de extensão destinados à capacitação, qualificação, aperfeiçoamento e atualização de crianças, jovens e adultos nas áreas de teatro, dança e música.

 

Julio Cortázar - Um dos mais renomados escritores argentinos, é considerado um dos autores mais inovadores e originais de seu tempo, mestre do relato curto, da prosa poética e das narrativas breves em geral. Alguns de seus livros inauguraram uma nova forma de se fazer literatura no mundo hispânico, rompendo com os moldes clássicos, com narrativas que escapam da linearidade temporal, transitando entre o real e o fantástico. Em 2014 celebra-se seu centenário de nascimento.

  

 

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