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O Museu Mineiro recebe, a partir de quinta-feira, 27 de novembro, a exposição Fábrica de Pedras, de Daniella Domingues e Victor Galvão. A mostra apresenta um conjunto inédito de esculturas, vídeos, desenhos e instalações fotográficas desenvolvidas a partir de pesquisas realizadas em regiões vulcânicas e de um processo colaborativo que atravessa diferentes materialidades.

A exposição surgiu quando os artistas reconheceram, em suas trajetórias individuais, um interesse comum pelos vulcões e pelos processos geológicos como forças de criação e reorganização da matéria. O encontro dessas pesquisas levou à edição de materiais acumulados ao longo de anos — filmes, amostras, anotações e imagens — além da produção de novos trabalhos concebidos especialmente para esta mostra.

O título parte da observação direta dessas estruturas. Para Victor Galvão, os vulcões “criam camadas novas de matéria e transformam completamente o território, reorganizando tudo o que existia ali antes”, ideia que orienta o conjunto de obras. O tema atravessa a exposição de modo literal e simbólico: imagens registradas em áreas vulcânicas convivem com elementos como o enxofre, presente tanto nas fotografias quanto na composição de algumas esculturas.

Os trabalhos formam uma paisagem em camadas, com impressões fotográficas em diferentes tecidos e papéis, desenhos produzidos por cianotipia e objetos que articulam procedimentos de moldagem, modelagem e assemblage. Segundo Daniella Domingues, “cada peça nasce de uma referência geológica, mas não se limita a ela — há sempre um deslocamento para outras materialidades, um contraste entre o acidental e o intencional, entre a forma natural e o gesto humano”.

Grande parte dos materiais reunidos na exposição foi coletada durante a residência realizada em junho de 2025 na Cittadellarte / Fundação Pistoletto, na Itália, com pesquisas no Vesúvio, em Campi Flegrei e no Etna. Experiências anteriores também reverberam no projeto: Victor visitou o Cotopaxi e Galápagos em 2017; Daniella esteve no México em 2024, onde registrou o Popocatépetl. Esses momentos formaram a base do vocabulário compartilhado que sustenta a colaboração atual.

Para os artistas, trabalhar em dupla é um processo de expansão. Como afirma Victor, “somos muito parecidos nos interesses e na curiosidade. Trabalhar junto torna tudo mais ágil e mais livre — uma ideia puxa outra, sem hierarquia”. Daniella completa: “editar e desenvolver o que o outro começa é natural. Isso nos incentiva a testar limites e a lidar com materiais que talvez não experimentaríamos sozinhos”.

Em Fábrica de Pedras, o desejo é provocar no público a mesma sensação de assombro presente nesses encontros com a força da Terra. Como resume Daniella, “as escalas de tempo e transformação ultrapassam a nossa experiência humana e nos lembram que também somos matéria em mudança”.

Serviço

Fábrica de Pedras — Daniella Domingues e Victor Galvão
Abertura: quinta, 27 de novembro de 2025, das 19h às 21h
Local: Museu Mineiro
Endereço: Av. João Pinheiro, 342, Funcionários — Belo Horizonte
Visitação: terça a sábado, das 10h às 17h

Encerramento: 18/01
Entrada gratuita

Foto: Divulgação