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Filarmônica de Minas Gerias recebe pianista finlandêns Antti Siirala em concerto romântico de Mendelssohn
Nos dias 24 e 25 de novembro, às 20h30, na Sala Minas Gerais, a Filarmônica convida o pianista finlandês Antti Siirala para apresentar o Concerto para piano nº 2 em ré menor, op. 40, de Mendelssohn. O virtuosismo do compositor alemão também poderá ser apreciado na Sinfonia nº 4 em Lá maior, op. 90, “Italiana”. Com regência do maestro Marcos Arakaki, o programa destaca, ainda, a obra Passacaglia, op. 1, de Anton Webern, e as cenas inicial e final de uma das óperas mais importantes da história da música, Tristão e Isolda: Prelúdio e morte por amor, de Wagner. Ingressos entre R$ 17 (meia) e R$ 98 (inteira).
Antes das apresentações, das 19h30 às 20h, o público poderá participar dos Concertos Comentados, palestras que abordam aspectos do repertório. O palestrante dos dois dias será o maestro e musicólogo Arnon Oliveira, que discutirá a genialidade de Mendelssohn, compositor, pianista, regente, e, inclusive, pintor de muito talento. Trata-se, enfim, de verdadeiro prodígio. Filho de um banqueiro rico, viajou o mundo para expandir os horizontes culturais. Sua Quarta Sinfonia, conhecida como “Italiana”, nasce do tempo que passou em Roma: “Não encontrei a música na arte em si, mas nas ruínas, nas paisagens, na alegria da natureza”. Apaixonado pela obra de J. S. Bach, Mendelssohn foi o grande responsável por fazer renascer o legado do ícone do Barroco.
Estes concertos são apresentados pelo Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais e Cemig e contam com o patrocínio do Mercantil do Brasil por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Já as palestras dos Concertos Comentados são apresentadas pelo Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais e Líder Aviação.
O repertório
Anton Webern (Áustria, 1883 – 1945) e a obra Passacaglia, op. 1 (1908)
A Passacaglia, op. 1, marca a conclusão dos estudos musicais de Webern sob supervisão direta de Schoenberg. Na obra, o tema parece evocar os passos de uma caminhada que, ao longo da peça, mostra o compositor tributário da tradição romântica, em especial a que remonta a Mahler e Brahms. Tal tradição, contudo, apresenta-se sob influência do diálogo já estabelecido por Schoenberg, e do expressionismo schoenberguiano, presente em algumas obras do mestre. A exemplo do professor, que falava de sua fecunda relação dialógica com a tradição, Webern assimila, mas, também, responde e transforma. A Passacaglia surpreende o ouvinte, quando confrontada com a evolução da obra de Webern. A ela não são estranhos o arroubo e as passagens eloquentes, de orquestração mahleriana. Passagens desse tipo ficam em evidência nos pontos culminantes das seções inicial e final da obra. A seção central, contrastante, tem algo do pathosde Brahms, que percorre toda a Passacaglia e aflora, de modo especial, no cantabile de inúmeros gestos melódicos, entregues, sobretudo, aos instrumentos de sopro. A filiação pós-romântica da Passacaglia, porém, não exclui elementos composicionais vitais ao estilo que marcaria a evolução da linguagem composicional de Webern.
Felix Mendelssohn (Alemanha, 1809 – 1847) e as obras Concerto para piano nº 2 em ré menor, op. 40 (1837) e Sinfonia nº 4 em Lá maior, op. 90, “Italiana” (1833/1834)
O ano de 1835 marca o início de boa fase de Felix Mendelssohn, então convidado a dirigir a Sociedade dos Concertos da Gewandhaus, em Leipzig. O sucesso de seu trabalho naquela cidade tinha significado especial para o compositor alemão. Afinal, um século antes, vivera ali seu ídolo, Johann Sebastian Bach. O ambiente o inspira, pois, a compor grande obra de estilo bachiano, o Oratório São Paulo, concluído em 1836, e nesse mesmo período Mendelssohn estreia o seu Concerto para piano n° 2. A essa altura da vida, já com reputação internacional, tanto como pianista quanto como compositor, firma-se como hábil compositor de concertos, gênero ao qual dedicaria dezenas de criações. Além do prestígio profissional, o período de Leipzig também foi marcado pela morte do pai e pelo amor de Cécile Charlotte. No Concerto para piano n° 2 há elementos exteriores, como a tragédia da morte, representada pela tonalidade de ré menor, e momentos românticos e suaves, em tons maiores. O caráter virtuosístico do Segundo Concerto é menos intenso, quando comparado ao Primeiro Concerto para piano de Mendelssohn. Já a Sinfonia Italiana nasce na viagem de três anos que Mendelssohn empreende pela Europa, aos 20 anos, patrocinado pelo pai, rico banqueiro de Berlim. Ao visitar a Itália, ele se encanta com as obras de arte, a beleza natural, o clima ensolarado e a alegria do povo. Ao que tudo indica, porém, não conseguiu terminar a peça na Itália. Sempre insatisfeito com a obra, ele a corrige até 1833, quando faz a sua estreia em Londres, no dia 13 de maio, com a Sociedade Filarmônica de Londres, sob sua direção. Embora a Sinfonia tenha sido recebida com grande entusiasmo, Mendelssohn, anos mais tarde, a tira de circulação para revisões e nunca se vê satisfeito com o resultado. A obra só é editada após sua morte.
Richard Wagner (Alemanha, 1813 – Itália, 1883) e a obra Tristão e Isolda: Prelúdio e morte por amor (1857/1859)
Tristão e Isolda é uma obra aclamada em uníssono por polos diametralmente opostos, desde Debussy a Schoenberg. Os wagnerianos – e, pouco mais tarde, a Segunda Escola de Viena – consideram Tristão e Isolda o anúncio profético dos caminhos musicais futuros: na obra, o trabalho audacioso com encadeamentos cromáticos potencializa a função expressiva, leva o sistema tonal aos limites extremos, esgota os recursos da harmonia e inaugura as premissas de possível dissolução da tonalidade, mais tarde realmente concretizada. O resultado expressivo dos cromatismos em Tristão e Isolda tem clara função dramática: a permanente expectativa de resolução das dissonâncias, sempre adiada, é capaz de criar o clima de tensão propício à paixão trágica e aos estados de crise. A lenda medieval de Tristão e Isolda talvez não pudesse encontrar recurso musical mais apropriado. A ópera foi estreada em Munique, em 1865, sob regência de Hans von Bülow. A apresentação conjunta do Prelúdio com a ária final, como acontecerá nos dois concertos da Filarmônica, foi concebida pelo próprio Wagner, tornando-se uma peça única de concerto mesmo antes da estreia da ópera completa.
Os artistas
O maestro Marcos Arakaki
Marcos Arakaki é Regente Associado da Filarmônica de Minas Gerais e colabora com a Orquestra desde 2011. Bacharel em música pela Universidade Estadual Paulista, na classe de violino do professor Ayrton Pinto, em 2004 concluiu o mestrado em Regência Orquestral pela Universidade de Massachusetts (EUA). Participou do Aspen Music Festival and School (2005), recebendo orientações de David Zinman na American Academy of Conducting at Aspen, nos Estados Unidos, além de masterclasses com os maestros Kurt Masur, Charles Dutoit e Sir Neville Marriner. Sua trajetória artística é marcada por prêmios como o do 1º Concurso Nacional Eleazar de Carvalho para Jovens Regentes, promovido pela Orquestra Petrobras Sinfônica em 2001, e do Prêmio Camargo Guarnieri, concedido pelo Festival Internacional de Campos do Jordão em 2009, ambos como primeiro colocado. Foi também semifinalista no 3º Concurso Internacional Eduardo Mata, realizado na Cidade do México em 2007.
Além da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, Marcos Arakaki tem dirigido outras importantes orquestras tanto no Brasil como no exterior. Estão entre elas as orquestras sinfônicas Brasileira (OSB), do Estado de São Paulo (Osesp), do Teatro Nacional Claudio Santoro, do Paraná, de Campinas, do Espírito Santo, da Paraíba, da Universidade de São Paulo, a Filarmônica de Goiás, Petrobras Sinfônica, Orquestra Experimental de Repertório, orquestras de Câmara da Cidade de Curitiba e da Osesp, Camerata Fukuda, dentre outras. No exterior, dirigiu as orquestras Filarmônica de Buenos Aires, Sinfônica de Xalapa, Filarmônica da Universidade Autônoma do México, Kharkiv Philharmonic da Ucrânia e a Boshlav Martinu Philharmonic da República Tcheca.
Acompanhou importantes artistas do cenário erudito, como Gabriela Montero, Sergio Tiempo, Anna Vinnitskaya, Sofya Gulyak, Ricardo Castro, Rachel Barton Pine, Chloë Hanslip, Luíz Filíp, entre outros.
Ao longo dos últimos dez anos, Marcos Arakaki tem contribuído de forma decisiva para a formação de novas plateias, por meio de apresentações didáticas, bem como para a difusão da música de concertos através de turnês a mais de setenta cidades brasileiras. Atua, ainda, como coordenador pedagógico, professor e palestrante em diversos projetos culturais e em instituições como Casa do Saber do Rio de Janeiro, programa Jovens Talentos de Furnas, Música na Estrada, Universidade Federal da Paraíba, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Universidade Federal de Roraima e em vários conservatórios brasileiros.
O pianista Antti Siirala
Classificado em primeiro lugar em três concursos internacionais de piano – o que inclui a prestigiosa Competição de Leeds –, o finlandês Antti Siirala se estabeleceu como um dos melhores pianistas de sua geração. Além de estreia impressionante com a Sinfônica de São Francisco, sob regência de Osmo Vänskä, o artista se apresentou nos EUA com as sinfônicas de Detroit, Indianápolis, Jacksonville, Knoxville e Nova Jersey, com a Filarmônica da Louisiana e a Mostly Mozart Orchestra, no Lincoln Center. Nesta temporada, estreia com a Orquestra de Sarasota. Ao redor do mundo, Siirala já se apresentou, dentre outras, com as sinfônicas de Bamberg, da BBC de Londres, de São Petersburgo, de Viena e de Singapura; orquestras do Festival de Budapeste, da Rádio Finlandesa, da Rádio de Frankfurtde Melbourne, Nacional Real Escocesa; Sinfônica Alemã de Berlim; Deutsche Staatsphilharmonie e filarmônicas de Liverpool e Novo Japão; Residentie Orkest, de Haia, e Tonhalle-Orchester Zürich.
O pianista esteve sob regência de Paavo Berglund, Herbert Blomstedt, Semyon Bychkov, Stéphane Denève, Thierry Fischer, Mikko Franck, Michael Gielen, Miguel Harth-Bedoya, Pietari Inkinen, Kristjan Järvi, Neemi Järvi e Fabio Luisi e Xian Zhang, dentre outros. Também colaborou com pianistas como Emanuel Ax, Yefim Bronfman, Hélène Grimaud e Ivo Pogorelich. Siirala foi um dos quatro selecionados, pela série de recitais de piano da Filarmônica de Berlim, junto a Pierre Laurent Aimard, Lang Lang e Martin Helmchen. Tocou no Kölner Philharmonie, no Concertgebouw, no Festival de Lucerna, Schumannfest, Tonhalle de Zurique e Wigmore Hall, além de salas em Bruxelas, Milão, Detroit e Nova York. Na música de câmara, colaborou com Jan Vogler, grupo Moritzburg, Caroline Widmann, Christian Poltera e Lawrence Power. Seu álbum de estreia, com peças de Schubert, para a Naxos, e sua gravação de Brahms para a Ondine foram “Escolha do Editor” da revista Gramophone. A Piano News deu ao disco de Brahms a nota mais alta em interpretação. Ele também gravou Beethoven para os selos AVIE e Sony. Siirala também se interessa pela música nova e realizou várias estreias de obras contemporâneas. Em 2013, tornou-se professor de piano no Hochschule für Musik und Theater, em Munique.
Sobre a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais
Belo Horizonte, 21 de fevereiro de 2008. Após meses de intenso trabalho, músicos e público viam um sonho tornar-se realidade com o primeiro concerto da primeira temporada da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. Criada pelo Governo do Estado e gerida pela sociedade civil, nasceu com o compromisso de ser uma orquestra de excelência, cujo planejamento envolve concertos de série, programas educacionais, circulação e produção de conteúdos para a disseminação do repertório sinfônico brasileiro e universal.
Foto: Volker Beushausen
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