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Peça Entrepartidas levará espectadores de ônibus para circular, pela primeira vez, as ruas de Belo Horizonte e Ouro Preto
Propor um diálogo afetivo entre a cidade e seus moradores é um dos intuitos da montagem realizada pelos brasilienses do Teatro do Concreto; a estreia é no dia 25 de novembro em BH e no dia 2 de dezembro em Ouro Preto
A partir da poética, do caos e da solidão dos centros urbanos, o grupo brasiliense Teatro do Concreto vai propor uma experiência única aos moradores de Belo Horizonte e Ouro Preto: fazer uma viagem para dentro de si mesmo. A bordo de um ônibus, a peça Entrepartidas vai circular, pela primeira vez, nas ruas das duas cidades mineiras, realizando um total de seis viagens. Na capital mineira, o espetáculo itinerante ocorre entre 25 e 27 de novembro, de sexta a domingo (sexta-feira às 20 horas | sábado e domingo às 19 horas). O local de embarque e desembarque será na Estação Ferroviária Central (Rua Aarão Reis, 423 – Centro). Já em Ouro Preto, a trupe se apresenta entre 2 e 4 de dezembro. Os ingressos custam R$20 (inteira) e R$ 10 (meia) e deverão ser adquiridos pelo site www.sympla.com.br. A primeira apresentação em cada uma das cidades - BH (25 de novembro) e Ouro Preto (2 de dezembro) - será fechada para estudantes de teatro e convidados. O grupo também vai realizar um workshop em Belo Horizonte. Acompanhe mais abaixo.
Dirigido por Francis Wilker, um dos fundadores do Teatro do Concreto, o espetáculo Entrepartidas leva os espectadores (restrito a 29 por sessão) a um percurso pelas cidades envolvendo espaços públicos e privados para falar de amor e abandono na sociedade contemporânea. A bordo do ônibus o público vive uma experiência inusitada: cenas que acontecem dentro e fora do veículo, nas ruas, praças, cenas vistas pela janela, e ainda algumas surpresas preparadas para cada apresentação. Durante todo o percurso, com duração de cerca de 2h30, 16 atores entram e saem das cenas, se misturando com os espectadores e quebrando a distância entre “palco” e plateia.
Com texto do dramaturgo Jonathan Andrade, os personagens tratam de encontros e desencontros, chegadas e partidas, vida e morte, o caos da cidade grande, o individualismo, a solidão e a transitoriedade das relações afetivas. O intuito é levar o espectador a uma viagem para dentro de si mesmo, sublinha Francis Wilker. “Entrepartidas foi criado vasculhando o nosso corpo-mapa em busca das inscrições do amor e do abandono na geografia única que cada um de nós é. A rua do primeiro beijo ou da queda inaugural de bicicleta. A casa onde iniciou ou terminou uma relação amorosa. A praça que brincou quando criança. Somos povoados de memórias das experiências que vivenciamos na cidade. Portanto, nesse contexto, a cidade é um operador poético, numa relação de diálogo com a sua gente, os seus espaços e as memórias que eles carregam”.
Sobre a temática central do espetáculo, “amor e abandono”, o diretor destaca que “o amor talvez seja o ponto mais ancestral de nossa espécie. Acho que a peça, num mundo que opera pela lógica do produto, da mercadoria, opta por tentar tocar naquilo que não se compra e não se vende... aquilo que está na relação com o outro, no encontro, no desejo, no impalpável”.
Muito elogiado em sua terra natal, Brasília, este ano o espetáculo já passou por Planaltina (DF), Anápolis (GO), Rio de Janeiro e Paraty. Para Wilker, o diálogo criativo com outras cidades é sempre muito interessante, pois a cada novo espaço surgem também novos desafios e tudo se redimensiona. “O que nos move é o desejo de poder dialogar com outros públicos e artistas, isso alimenta as pesquisas do grupo. Conhecer novos olhares e pontos de vista sobre o trabalho é sempre uma riqueza que nos coloca em movimento. Já nos apresentamos em Belo Horizonte com o espetáculo Diário do Maldito no projeto 'Galpão convida Teatro Candango' e foi uma experiência muito bacana. Estar na cidade é uma oportunidade também de rever amigos como o pessoal do Teatro Invertido, a equipe do Galpão Cine Horto e o dramaturgo Vinícius Souza com quem já trabalhamos”, destaca.
Entrepartidas existe desde 2010 e já venceu o Prêmio Sesc do Teatro Candango (2011) em quatro categorias, sendo melhor espetáculo, direção, dramaturgia e ator. No mesmo ano, o espetáculo foi tema de debate no Festival Internacional de Teatro de Cádiz, na Espanha, projetando o grupo Teatro do Concreto como uma referência no Distrito Federal e na região Centro-Oeste do Brasil.
Processo criativo
Entrepartidas é o sexto trabalho do Teatro do Concreto, que atua em atividade contínua há 12 anos. O espetáculo é resultado de dois anos de pesquisa do grupo sobre o tema amor e abandono na sociedade contemporânea. Ao longo do processo de criação foi investigado também as relações entre o teatro e outras linguagens artísticas como a intervenção urbana e a performance.
Troca de experiências com grupos locais
Com o intuito de compartilhar as práticas de montagem do espetáculo Entrepartidas, elenco e diretor ministram o encontro “Coletivos teatrais em diálogo”.
Como o próprio nome sugere “Coletivos teatrais em diálogo” é um espaço de intercâmbio entre coletivos teatrais com o objetivo de trocar práticas, reflexões e modos de fazer que envolvam os seguintes eixos de discussão: processo criativo, produção de conhecimento e gestão de grupos teatrais. Em BH, o evento é gratuito e acontece no dia 26 de novembro, às 14 horas, no Galpão Cine Horto (Rua Pitangui, 3614, Horto). Os grupos interessados devem se inscrever gratuitamente pelo email: teatrodoconcretobsb@gmail.com.
Ao final do encontro será realizado o lançamento do livro “Do Concreto [inventário fotográfico] uma década de teatro”, do fotógrafo Thiago Sabino, que acompanha a trajetória do Teatro do Concreto desde sua criação. Organizado de forma cronológica, poderão ser vistas imagens de sete espetáculos concebidos pelo coletivo ao longo de dez anos de intenso trabalho e entrega às artes cênicas.
Sobre o grupo
O Teatro do Concreto, criado em 2003, é um grupo de Brasília que tem na essência do seu trabalho criativo a pesquisa colaborativa, a reflexão sobre questões emergentes do nosso tempo, bem como a investigação de novos modos de composição da cena. Ao longo de sua trajetória, o grupo acumula sete criações cênicas, três publicações e projetos de interação com a comunidade. Um caminho estruturado em processos que incluem pesquisas aprofundadas e o diálogo com diferentes artistas e áreas do conhecimento.
Foto: Diego Bresani
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