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No dia 25 de novembro – dia mundial de combate à violência contra a mulher, a renomada artista plástica Beth Moysés estará em Belo Horizonte para apresentar a performance “Reconstruindo Sonhos” e a exposição Desbordando Corpos, de fotografias, que ficará aberta à visitação na Galeria Murilo Castro.

Nesta performance, 60 mulheres vestidas de noiva, simbolizando mulheres que sofreram violência doméstica, irão caminhar silenciosamente pela Praça da Savassi, a partir das 18h30, levando luvas brancas transparentes nas mãos. Após a caminhada, elas irão se sentar em círculo em uma das fontes da Praça, e, com uma agulha e linha preta, bordar as luvas transparentes, como se fossem sua própria pele, copiando as linhas de suas mãos.

Neste momento, elas recordam todo sofrimento vivido. Como se cada ponto negro do bordado fosse uma lembrança e, de alguma maneira, há uma transformação neste sentimento. Ao tirarem as luvas bordadas, elas sentem, de forma simbólica, como se tivessem descascado a própria pele – retirado a pele velha, para renascer uma nova. Todo o processo é filmado e fotografado pela artista.

“Gosto muito de fazer este trabalho, as mulheres abraçam a causa e isso me toca demais. Não são atrizes, são pessoas de verdade que estão ali expondo seus sentimentos. Procuro tocá-las de alguma maneira, para que possam refletir a respeito da violência contra as mulheres. Quanto mais se fala no tema, mais as que sofrem esse tipo de abuso se sentem fortes, pois não estão sozinhas nessa luta”, conta Beth Moysés.

“Reconstruindo Sonhos” foi realizada pela primeira vez em no dia 25 de novembro de 2000, em São Paulo. Desde então já passou por algumas cidades do Brasil e em Montevidéu, no Uruguai, Cácere e Las Palmas de Gran Canária, na Espanha. Em Belo Horizonte será a primeira vez que a artista apresenta este forte trabalho de arte engajada.

Na Galeria Murilo Castro, em um primeiro momento, serão expostas as fotografias da ação realizada em Montevidéu, em 2005. Após o material recolhido na performance em BH, as fotografias são substituídas. “Meu trabalho sempre seguiu um rumo próprio. A criação sempre veio antes da mídia a ser utilizada, eu crio o trabalho e depois vou buscar a melhor maneira de expressá-lo. Foi o caso da performance, quando vi que os vestidos vazios já não davam conta do trabalho, pediam algo mais, imaginei esses vestidos preenchidos de mulheres de verdade”, finaliza.