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O Teatro da Fumaça, em parceria com a Sobrilá Cia de Teatro, apresenta MINERAL IBSEN
Confira a programação
No interior de uma mina, uma comunidade vive à beira de um paradoxo: uma rachadura. Símbolo de progresso e de prosperidade econômica, é também a principal causa de sua ruína. Ela sempre esteve ali, rasgando as paredes e o teto daquela cidade mergulhada na escuridão. Mas quando essa rachadura se expande, tudo indica que a velha Companhia voltou a minerar. Inspirados pelo clássico “Um Inimigo do Povo”, o Teatro da Fumaça e a Sobrilá Cia de Teatro criam, em MINERAL IBSEN, uma fábula mineira para discutir temas contemporâneos, como a desinformação e o conflito entre a vida e o capital.
Projeto premiado com o Ibsen Scope Grant 2024, o espetáculo MINERAL IBSEN marca o encontro do Teatro da Fumaça com a Sobrilá Cia de Teatro e a diretora Marina Arthuzzi. Com o financiamento da instituição norueguesa, que fomenta abordagens originais da obra de Henrik Ibsen em diferentes países do mundo, o projeto foi desenvolvido ao longo de
quase dois anos. O espetáculo se inspira no texto “Um Inimigo do Povo”, clássico de Ibsen, para mergulhar no contexto da mineração no território de Minas Gerais.
Trazendo à cena Serra de Dentro, comunidade que se encontra em volta de uma mesa de café para discutir que rumos seguir, MINERAL IBSEN é resultado de uma pesquisa que contou com etapas práticas e teóricas, levando os artistas a se aprofundarem nos métodos desenvolvidos por Augusto Boal a fim de explorarem, em comunidades diretamente atingidas pela mineração, maneiras de abordar, através do teatro, os conflitos que acompanhavam este contexto. “Logo na primeira leitura de Um Inimigo do Povo percebemos como aquele texto, extremamente político, traduzia bem um tema que é muito caro a nós: a relação entre a economia e a vida humana”, explica João Santos, integrante do Teatro da Fumaça e um dos autores da dramaturgia, assinada coletivamente. “Poderíamos falar de aquecimento global, de guerras e de pandemias. Mas somos dois grupos mineiros, e percebemos ali a oportunidade de falarmos sobre um tema que é, ao mesmo tempo, tão antigo e tão radicalmente urgente: nossa relação complexa com a mineração”.
O processo de criação começou ainda em 2024, quando o Teatro da Fumaça promoveu uma série de seminários abertos ao público. Esta etapa de pesquisa contou com a colaboração de Marcos Alexandre, professor titular da Faculdade de Letras (UFMG), que esmiuçou o clássico de Ibsen, do advogado Pedro Henrique Arruda, que contextualizou a atual situação jurídica dos atingidos pelos rompimentos em Brumadinho e Bento Rodrigues, da Cacica Ãngohó Pataxó, que deu seu depoimento sobre como o conflito com mineradoras afeta o cotidiano dos povos originários em Minas Gerais, e de Dimir Viana, que introduziu a metodologia do Teatro do Oprimido. Os seminários deram origem a uma série em vídeo, disponível ao público no canal do YouTube do Teatro da Fumaça.
TEATRO DO OPRIMIDO E PARCERIAS MINEIRAS
Multiplicador do Teatro do Oprimido e professor da UNIR (Universidade Federal de Rondônia), Dimir Viana também foi responsável por ministrar uma oficina na qual, durante uma semana, os integrantes do Teatro da Fumaça e da Sobrilá mergulharam no arsenal de jogos de Augusto Boal ao lado de outros dois coletivos teatrais mineiros: o Atrás do Pano (Nova Lima) e o Flor de Maio (Itabirito). “Entendemos que, por estarmos em Minas, temos propriedade para abordar a mineração. Mas como nos aproximar daquelas comunidades mais diretamente atingidas? O caminho que encontramos foi a parceria com coletivos sediados nesses territórios, daí a importância de contarmos com o Atrás do Pano e com a Flor de Maio nesse processo, além da própria Sobrilá, que criou conosco este espetáculo”, explica Jean Gorziza, também integrante do Teatro da Fumaça.
O processo de criação de MINERAL IBSEN levou os artistas a promoverem práticas de Teatro do Oprimido em Sabará, Itabirito e Nova Lima, destinos já originalmente previstos no projeto premiado pelo Ibsen Scope. Mas a pesquisa também levou os artistas a outras regiões de Minas Gerais, originalmente fora do radar. “Foi muito forte para a gente conhecer de perto a Aldeia Pataxó Hã Hã Hae, que depois do rompimento de Brumadinho foi forçada
a se dividir e se deslocar para São Joaquim de Bicas. São Gonçalo do Bação foi um outro local onde encontramos o espírito de Minas muito latente”, explica Júlia Oliveira, integrante do Teatro da Fumaça, também em cena em MINERAL IBSEN. No vilarejo, que atualmente
pertence ao município de Itabirito, o Teatro da Fumaça pode trabalhar ao lado do Grupo de Teatro São Gonçalo do Bação, coletivo de teatro comunitário com mais de 30 anos de trajetória. Entre missas e congadas, a prática de Teatro do Oprimido realizada no Bação coincidiu com a festa do padroeiro do distrito.
Outro destino não planejado foi a terra de Drummond. Ao apresentar, em julho, seu espetáculo anterior no Festival de Inverno de Itabira, foi inevitável para os integrantes do Teatro da Fumaça conversar com os itabirenses sobre a relação da cidade com a mineração. “Estávamos estudando o livro ‘Maquinação do mundo’, de José Miguel Wisnik, quando nos apresentamos em Itabira. O livro fala justamente da relação de Drummond com a exploração mineral em sua cidade natal. Mas lá descobrimos outros impactos que não imaginávamos, como, por exemplo, como as mineradoras impactaram no alto nível de alcoolismo na cidade”, continua Júlia.
Após mergulharem no interior do estado de Minas, os artistas decidiram mergulhar no interior dessa outra mina, ficcional, mas capaz de revelar, através da luz que vaza da rachadura encravada em seu teto, muito sobre o estado de Minas Gerais. Essa é a premissa básica de MINERAL IBSEN. Assim como na obra de Ibsen, a trama apresenta uma comunidade que se vê ameaçada pela mesma atividade econômica que lhe garante o sustento. Ao contrário do enredo original do dramaturgo norueguês, porém, em MINERAL IBSEN a ameaça não é desconhecida, mas sim parte da vida dos mineiros, que convivem com essa rachadura que é, ao mesmo tempo, símbolo de prosperidade e de perigo.
MINERAL IBSEN é resultado da parceria do Teatro da Fumaça com a Sobrilá Cia de Teatro. Comemorando 10 anos de atuação, a Sobrilá - atualmente formada pelos artistas Éder Reis e Denise Lopes Leal - é um coletivo sabarense que atua em diferentes campos do fazer teatral, promovendo cursos, oficinas, gerindo seu próprio centro cultural em Sabará e desenvolvendo mostras e espetáculos. Em 2023 a cena curta “Rota de Fuga”, da Sobrilá, causou forte impacto nos integrantes do Teatro da Fumaça, que decidiram convidar os colegas para, juntos, desenvolverem MINERAL IBSEN. A parceria com um coletivo sediado em Sabará, com a experiência da Sobrilá, reforça a propriedade para abordar temas tão delicados quanto a relação dos mineiros com o extrativismo mineral. MINERAL IBSEN é uma fábula sobre Serra de Dentro, essa comunidade imaginada. Mas é também sobre aqui.
ENCONTRO DE GERAÇÕES
Diretora de MINERAL IBSEN, Marina Arthuzzi é, ainda que muito jovem, nome recorrente nas produções mineiras das últimas décadas, especialmente no teatro de grupo. Integrante da Primeira Campainha e do Mayombe Coletivo Teatral e parceira frequente do Teatro171,
do Pigmalião Escultura que Mexe e do Quatroloscinco Teatro do Comum, Arthuzzi já se aliara ao Teatro da Fumaça no primeiro trabalho do coletivo, “O Mundo Está em Chamas, O Teatro Também Tem de Estar” (2024). Se, em “O Mundo Está em Chamas”, Marina fora convidada para assinar a criação de luz, o encontro foi tão decisivo que o coletivo não hesitou em convidá-la para dirigir sua próxima montagem. O convite veio já no camarim da temporada de estreia: “Foi engraçado porque havíamos concordado em convidá-la, mas ainda não tínhamos feito o convite. E ela nos perguntou quando ela iria nos dirigir. É muito
especial trabalhar com Arthuzzi, uma artista que não apenas tem uma visão apuradíssima da cena, mas também sobre como nossas relações afetam nossa criação”, explica João.
Ao lado da diretora, o Teatro da Fumaça e a Sobrilá Cia de Teatro também contaram com outros dois nomes absolutamente fundamentais para o processo. Voltando para o Brasil após longa temporada alemã, Guilherme Morais assina a Direção Corporal e a Assistência de Direção do espetáculo. Já Maria Mourão assume a coordenação de produção do projeto, o maior já executado por ambos os coletivos. O olhar e a experiência de Guilherme e de Maria trouxeram a MINERAL IBSEN um saber adquirido pelos artistas em anos de trajetória no teatro de grupo mineiro. “Sentimos que crescemos muito, não apenas individualmente, mas como coletivo. E esperamos seguir solidificando essas parcerias tão importantes pra gente”, comenta Domenica Morvillo, integrante do Teatro da Fumaça.
A temporada de estreia de MINERAL IBSEN contará com apresentações nas cidades sede dos dois coletivos. De 22 a 25 de novembro (sábado a terça-feira) o espetáculo se apresenta em Belo Horizonte, no Complexo Cultural Funarte MG. Nos dias 29 e 30 (sábado e domingo), MINERAL IBSEN chega a Sabará, onde faz duas apresentações no Teatro Municipal. As apresentações da temporada, tanto em BH quanto em Sabará, acontecem sempre às 19h, e os ingressos podem ser adquiridos antecipadamente pelo Sympla.
SOBRE O TEATRO DA FUMAÇA
O Teatro da Fumaça é um grupo de teatro criado a partir da reunião de cinco artistas residentes em Belo Horizonte: Domenica Morvillo, Ítallo Vieira, Jean Gorziza, João Santos e Júlia Oliveira. Com trajetórias diversas, mas todos vinculados à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o coletivo nasce, inspirado pela tradição do teatro de grupo mineiro, com o desejo de investigar temas urgentes da contemporaneidade. Desde 2023, o grupo vem desenvolvendo pesquisas a partir de linguagens cênicas contemporâneas, com o intuito de construir uma ampla comunicação com o público. Em 2024, o Teatro da Fumaça estreou seu primeiro espetáculo, “O Mundo Está em Chamas, O Teatro Também Tem de Estar”. Em junho de 2025 foi a vez de “Canção de Engate” solo de Ítallo Vieira, com direção de Fábio Furtado. Terceiro espetáculo do coletivo, MINERAL IBSEN estreia graças ao financiamento do Ibsen Scope (Noruega).
SOBRE A SOBRILÁ CIA DE TEATRO
A Sobrilá Cia de Teatro é um grupo de Sabará, formado por artistas sabarenses. Unidos pelo desejo de movimentar a cena cultural da cidade, o grupo nasceu em 2015, quando cinco artistas de Sabará, que haviam buscado em Belo Horizonte sua formação artística, se reencontraram em sua terra natal e decidiram criar uma companhia de teatro. Em 2025, a Sobrilá completa dez anos de existência. Ao longo desse percurso, o grupo realizou festivais e mostras de teatro, além de ter fundado um centro cultural dedicado a aulas, apresentações e eventos diversos, fortalecendo o vínculo entre arte e comunidade. “O que nos mantém unidos, além da admiração pessoal e artística que nutrimos uns pelos outros, é a profunda identificação cultural que carregamos em nossos corpos, alimentada pela história, memória e imaginário de ser sabarense.”
SOBRE MARINA ARTHUZZI
Marina Arthuzzi é uma artista multifacetada: atriz, diretora e iluminadora, além de produtora cultural. Mestre em Artes da Cena pela UFOP e graduada em Teatro pela UFMG, Arthuzzi
construiu uma trajetória marcada pela colaboração com diversos coletivos e grupos de teatro, atuando em montagens, turnês e festivais nacionais e internacionais. Parceira recorrente do Quatroloscinco Teatro do Comum e do Pigmalião Escultura que Mexe, foi também integrante da Primeira Campainha e do Mayombe Grupo de Teatro. Marina Arthuzzi foi coordenadora técnica do FIT (Festival Internacional de Teatro de BH) e Coordenadora de Produção do Valores de Minas e do Galpão Cine Horto. Desde 2024 é colaboradora do Teatro da Fumaça, tendo assinado a criação de luz dos espetáculos “O Mundo Está em Chamas, O Teatro Também Tem de Estar”, de “Canção de Engate”, e agora dirigindo “MINERAL IBSEN”.
MINERAL IBSEN - FICHA TÉCNICA:
Direção: Marina Arthuzzi
Direção Corporal e Assistência de Direção: Guilherme Morais
Dramaturgia: Coletiva (Denise Lopes Leal, Domenica Morvillo, Éder Reis, Guilherme Morais, Ítallo Vieira, Jean Gorziza, João Santos, Júlia Oliveira e Marina Arthuzzi), inspirada na obra “Um Inimigo do Povo”, de Henrik Ibsen
Elenco: Denise Lopes Leal, Domenica Morvillo, Éder Reis, Ítallo Vieira, Jean Gorziza, João Santos e Júlia Oliveira
Coordenação de Produção: Maria Mourão
Dramaturgismo: Jean Gorziza, João Santos e Júlia Oliveira
Concepção de Iluminação, Manipulação de Luz e de Som: Marina Arthuzzi Trilha Sonora: Barulhista
Cenário: Teatro da Fumaça, Marina Arthuzzi e Mari Teixeira
Figurinos: Mari Teixeira
Maquiagem: O Grupo
Identidade Visual do espetáculo: Éder Reis
Fotografias de divulgação: Letícia Souza
Obras de arte presentes nas fotos de divulgação: Vânia Barbosa
Vídeos de Divulgação: Ítallo Vieira/Amanhã Filmes
Registro audiovisual: Pedro Pimenta
Assessoria de Imprensa: João Santos
Comunicação em Redes Sociais: Jean Gorziza e João Santos
Convidados da etapa de seminários virtuais: Cacica Ãngohó Pataxó, Dimir Viana, Marcos Antônio Alexandre e Pedro Arruda
Ministrante da Oficina de Teatro do Oprimido: Dimir Viana
Grupos parceiros na etapa de práticas de Teatro do Oprimido: Flor de Maio Teatro (Itabirito/MG). Grupo Atrás do Pano (Nova Lima/MG), Grupo de Teatro São Gonçalo do Bação (São Gonçalo do Bação/MG) e Sobrilá Cia de Teatro (Sabará/MG) Identidade Visual da etapa de pesquisa e seminários: Bia Perdigão
Apoio: Funarte MG, Fundação de Educação Artística, Pigmalião Escultura que Mexe, Secretaria Municipal de Cultura de Sabará e Teatro 171
Parceria: Prisma Soluções Cênicas e Vânia Barbosa Atelier
Financiamento: Ibsen Scope
Realização: Teatro da Fumaça e Sobrilá Cia de Teatro
Agradecimentos: Antônia Claret, Amanda Gorziza, Alexandre Gorziza, Bárbara Sill, Beto Franco, Carlos Selim, Carolina Corrêa, Davds Lacerda, Diego Roberto, Eduardo Félix, Fundação de Educação Artística, Hilde Guri Bohlin, Idylla Silmarovi, Jon Tombre, Júlia Castro, Larissa Ribeiro, Line Rosvoll, Mauro Antônio de Souza, Mauro Gelmini, Maria Augusta Gomes, Maria Eduarda Carmona, Mariken Lauvstad, Marilene Mendonça, Marina Viana, Millena Muniz, Myriam Nacif, Nádia Fonseca, Pedro Pimenta, Rodrigo Marçal, Silvia Loureiro Chaves, Teuda Bara, Torkil Sandsund, Universidade Federal de Minas Gerais e Vilmar Sousa.
Este projeto foi apoiado pelo PROGRAMA FUNARTE ABERTA 2025 – OCUPAÇÃO DOS ESPAÇOS CULTURAIS DA FUNARTE.
MINERAL IBSEN é um projeto premiado e financiado
pelo Ibsen Scope Grant 2024 (Noruega).
direção: Marina Arthuzzi
TEMPORADA DE ESTREIA
BELO HORIZONTE
de 22 a 25 de novembro de 2025, sábado a terça-feira
sempre às 19h, no Complexo Cultural Funarte MG (Rua Januária, 68 - Centro - BH) INGRESSOS: sympla.com.br/evento/espetaculo-mineral-ibsen-temporada-de-estreia-em-bh/
SABARÁ
Dias 29 e 30 de novembro, sábado e domingo
sempre às 19h, no Teatro Municipal de Sabará (R. Dom Pedro II, s/n - Centro - Sabará) INGRESSOS: sympla.com.br/evento/espetaculo-mineral-ibsen-temporada-de-estreia-em-sabara/
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: Não recomendado para menores de 10 anos. DURAÇÃO: 80 minutos.
INGRESSOS: R$30,00 (inteira) | R$15,00 (meia) disponíveis pelo Sympla ou na bilheteria dos teatros, 1h antes de cada sessão.
Foto: Leticia Souza
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