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Bienal do Livro de Minas contribui com a inclusão social
Obras em braille e livros produzidos por ex-dependentes químicos são algumas das novidades apresentadas no evento
Reconhecido como um dos maiores eventos literários do país por reunir os últimos lançamentos, autores mais badalados e best-sellers em um só lugar, a Bienal do Livro oferece publicações para todos os públicos. Entre as opções apresentadas nessa edição em Belo Horizonte estão os livros infantis em braille, lançados pela editora Paulinas, e os livros em tecido, confeccionados pelo projeto "Movimento de Mulheres do Jardim Comercial", de São Paulo.
A editora Paulinas trouxe uma coleção de 15 títulos infantis que reúnem a escrita alfabética e em braille. De acordo com a Irmã Ilanir Costa, da Congregação Paulinas, o objetivo de incluir as duas linguagens nos livros é atender ao público em geral e promover o conhecimento. "Além disso, todos os nossos livros trazem algum aprendizado, como ética, respeito e amor ao próximo", afirma. A autora de livros destinados às crianças com deficiência visual, Elizete Lisboa, deficiente visual, esteve na Bienal neste domingo (16) e falou um pouco do seu trabalho. "Tive uma infância difícil por não ter tido a oportunidade de ler livros em braille. Hoje, me sinto maravilhada por poder proporcionar a leitura a crianças deficientes visuais", afirma.
Elizete, que se preocupa com as ilustrações, que, em seus livros também podem ser lidas em braille. "Esse mercado ainda é pequeno e precisa de mais publicações", acrescenta. Elizete é formada em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e leciona aulas de Língua Portuguesa para o ensino médio e infantil. A autora, que tem a maioria de seus livros publicados pela Paulinas, busca promover uma escola inclusiva que incentive a diversidade na sala de aula. Com outras opções voltadas para deficientes visuais, a editora Chico Xavier traz os audiobooks.
Incentivo à leitura e reinserção social
O projeto "Movimento de mulheres do Jardim Comercial" foi criado em 1985 por Emirtes de Souza e sua irmã, Marly de Souza, ambas professoras da rede pública de ensino de São Paulo. Na época, Emirtes dava aula em uma escola da periferia e, com o passar do tempo, percebeu que a maioria de seus alunos tinha dificuldades de aprendizado. Foi quando, após pesquisar, descobriu que a causa eram as mães, que eram dependentes alcoólicas. Para ajudar essas mulheres a mudarem de vida e aumentar a renda familiar, Emirtes e Marly criaram o projeto, que oferecia oficinas de costura e bordado, pintura em panos de prato entre outras atividades. Os produtos confeccionados eram vendidos em bazares na cidade e o dinheiro arrecadado era dividido entre as participantes do projeto e o valor necessário para manter a entidade.
Após um tempo, a organização começou a passar por dificuldades financeiras, Emirtes buscou novas alternativas para reerguer o projeto e foi aí que surgiram os livros de pano. "No dia, eu estava no quarto da minha filha e vi o edredom dela. Daí pensei: 'por que não criar livros feitos totalmente de pano?', e resolvi colocar a ideia em prática. Fiz o primeiro modelo, apresentei para as mulheres que participavam das oficinas e elas fizeram mais três exemplares. Consegui vender para as professoras que trabalhavam comigo na escola e foi aí que o projeto teve continuidade", relembra Emirtes. Atualmente, 320 mulheres trabalham na ONG, que tem aproximadamente três mil mães no banco de espera. "Muitas pessoas nos procuram para trabalhar na confecção dos livros, mas nós não podemos contratá-las porque não temos recursos suficientes para pagar a todas", revela.
Autores independentes têm espaço garantido na Bienal
Outra grande novidade apresentada no evento é a plataforma de publicação Perse, voltada para autores independentes que desejam lançar seus livros. Para participar, os interessados devem cadastrar suas obras no sistema e determinar quanto desejam receber de direitos autorais e definir o preço de venda do livro. A produção do livro é feita de acordo com a demanda e não há nenhum investimento inicial obrigatório. Grandes nomes como Amazon, Google Books e iBookstore estão entre os parceiros da Perse.
A Amazon também está presente na Bienal do Livro de Minas. A gigante, especializada no comércio de livros digitais e convencionais, apresentará, durante o evento, o KDP (Kindle Direct Publishing), a nova ferramenta online da empresa. Trata-se de mais um canal de produção e distribuição da literatura independente para escritores iniciantes e veteranos. Na palestra, que acontecerá no dia 22, às 16h, no auditório João Ubaldo Ribeiro, agerente da Plataforma de Autopublicação Digital da Amazon, Natália Montuori, abordará o contexto atual do self-publishing no Brasil e dará dicas - passo a passo - sobre o funcionamento do KDP.
A participarão da Amazon no evento também será enriquecida com a presença de escritores independentes que publicaram seus livros através da plataforma, entre eles a brasiliense Janaina Rico e o paulistano Eldes Saullo. Na pauta do bate-papo estão o mercado independente e as mais diversas possibilidades de publicação online, como blogs, sites, microblogs e redes sociais, e o papel do KDP neste novíssimo cenário da difusão literária. Além disso, os escritores presentes darão dicas de como obter sucesso nessas novas plataformas. A Amazon também participa do evento com um estande institucional.
Bienal do Livro Minas
Promovida pela Fagga | GL events Exhibitions em parceria com a Câmara Mineira do Livro, a Bienal do Livro de Minas 2014 é realizada com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura da Prefeitura de Belo Horizonte - Fundação Municipal de Cultura. O evento terá 160 expositores entre os maiores livreiros e editores do país.
Selecionamos os melhores fornecedores de BH e região metropolitana para você realizar o seu evento.