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Menopausa impacta produtividade e saúde emocional no trabalho, mas segue fora da pauta da maior parte das empresas

Sintomas como insônia, fadiga e alterações hormonais ainda são ignorados pelas empresas, mas já afetam desempenho, engajamento e carreira de milhões de profissionais

Nas empresas, fala-se cada vez mais sobre saúde mental, diversidade e inclusão, mas ainda há um tema que segue invisível: a menopausa. Natural, previsível e inevitável, ela faz parte da vida de todas as mulheres, mas continua fora do vocabulário corporativo. A menopausa não é doença, mas é um processo biológico que impacta diretamente a produtividade, a energia e o equilíbrio emocional.

Estima-se que cerca de 20% da força de trabalho mundial é composta por mulheres em idade menopausal (entre 45 e 55 anos), segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Ainda assim, são poucas as organizações que discutem os impactos do climatério na produtividade e na saúde emocional das colaboradoras.

Para a psicóloga e especialista em saúde corporativa Renata Livramento, o silêncio ainda é o maior obstáculo. “A mulher que lidera está acostumada a dar conta de tudo, e a menopausa chega num momento em que ela já acumulou responsabilidades profissionais, familiares e emocionais. É um ponto de virada que exige escuta e suporte, não julgamento”, afirma.

Quando o corpo muda, o trabalho também muda

Ondas de calor, insônia, irritabilidade, lapsos de memória e fadiga são sintomas comuns dessa fase, mas raramente considerados dentro das políticas de saúde corporativa. Em muitos casos, a mulher tenta disfarçar o cansaço ou o esquecimento, com medo de ser vista como menos produtiva.

Renata explica que o impacto da menopausa vai além do físico. “O que adoece não são apenas os sintomas hormonais, mas o isolamento que eles geram. Quando o ambiente de trabalho não acolhe, a mulher se cala. E esse silêncio mina a confiança e o engajamento.”

Apesar de alguns avanços, o tema ainda é exceção. A Gerdau foi uma das primeiras empresas brasileiras a incluir a menopausa em seu programa de saúde, oferecendo suporte médico e emocional. Em 2024 a empresa lançou 2024 um programa interno para apoiar colaboradoras nessa fase, incluindo acompanhamento médico, acolhimento psicológico e rodas de conversa sobre saúde feminina. 

Da invisibilidade ao reconhecimento

Renata acredita que falar sobre menopausa é falar também sobre permanência e dignidade no trabalho. “Ignorar o tema significa perder talento, experiência e diversidade geracional. As empresas que quiserem de fato promover saúde e inclusão vão precisar reconhecer esse ciclo como parte natural da vida produtiva das mulheres”, complementa.

A especialista reforça que saúde e desempenho não são opostos, mas complementares. “Não existe negócio sustentável quando parte da equipe precisa esconder o que vive para continuar sendo levada a sério. Cuidar da mulher nessa fase é cuidar da força que sustenta grande parte das organizações.”

Fonte: Renata Livramento —  Psicóloga | Doutora em administração | Especialista em gestão de saúde corporativa

Saiba mais sobre o trabalho da Renata Livramento: renatalivramento.com.br | @renata.livramento 

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