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Filarmônica de Minas Gerais recebe o Clarinetista Eddie Daniels sob regência de Marcos Arakaki
Clarinetista interpreta obra de Calandrelli com ênfase no jazz. Também no repertório, obras de Bax e Zemlinsky
No concerto do dia 13 de novembro, às 20h30, no Grande Teatro do Palácio das Artes, a Filarmônica de Minas Geraiscoloca em destaque a linguagem do jazz, nas mãos de um de seus mais importantes intérpretes: Eddie Daniels, interpretando o excitante Concerto para clarinete de Jorge Calandrelli. Sob a batuta do Regente Associado, Marcos Arakaki, a Orquestra explora um repertório único que envolve dois poemas sinfônicos instigantes do fim do Romantismo: Tintagel, de Arnold Bax, e A sereia, de Alexander von Zemlinsky.
Este concerto é apresentado pelo Ministério da Cultura e Governo de Minas e conta com o patrocínio do Mercantil do Brasil e Cemig por meio das Leis Estadual e Federal de Incentivo à Cultura.
Eddie Daniels
Eddie Daniels chamou a atenção do público de jazz primeiro como saxofonista tenor, com a Orquestra Lewis Thad Jones-Mel. Mais tarde, em 1966, ele chegou a gastar quatrocentos dólares em um voo de ida e volta a Viena para participar da International Competition for Modern Jazz, concurso organizado pelo pianista Fredrich Gulda e patrocinado pela cidade de Viena, ganhando ali o primeiro prêmio no saxofone. Um único solo de clarinete gravado com a orquestra de Thad Jones-Mel Lewis no álbum Live at the Village Vanguard chamou atenção suficiente para ele vencer o prêmio New star on Clarinet da crítica internacional, na DownBeat Magazine. Esta inclinação para o clarinete não era nova, já que Eddie começou a praticar o instrumento aos treze anos e recebeu seu mestrado em Clarinete em The Juilliard School.
Detentor de vários prêmios e indicações ao Grammy, Eddie Daniels revolucionou a mistura de jazz e música clássica. Recentemente, em fevereiro de 2014, ele venceu o Grande Prêmio da Academie Du Jazz da França para a melhor gravação do ano, um álbum chamado Duke at the Roadhouse. Eddie Daniels é claramente um músico renascentista, um virtuoso em jazz e música clássica, destinatário de elogios sem reservas de seus colegas, dos críticos e do público. Seu maior desejo é alcançar o maior número possível de pessoas com a sua música, ampliando tanto o público de jazz quanto de música clássica e, ao mesmo tempo, derrubando as paredes que os separam. Nas mãos de Eddie, a música de Mozart pode ser tão envolvente quanto a de Charlie Parker, e um concerto que envolva ambos pode se tornar uma experiência única e gratificante para o público.
O maestro Marcos Arakaki
Marcos Arakaki é natural de São Paulo. Bacharel em violino pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), concluiu seu mestrado em Regência Orquestral pela Universidade de Massachusetts em 2004, sob orientação do maestro Lanfranco Marcelletti. Marcos Arakaki tem conduzido importantes orquestras brasileiras, além de orquestras nos Estados Unidos, México, Argentina, República Tcheca e Ucrânia. Sua trajetória artística é marcada por prêmios como o do I Concurso Nacional Eleazar de Carvalho para Jovens Regentes, promovido pela Orquestra Petrobras Sinfônica em 2001, e I Prêmio Camargo Guarnieri, realizado pelo Festival de Campos do Jordão em 2009. Foi regente titular da Sinfônica da Paraíba e da Sinfônica Brasileira Jovem por quatro temporadas, com grande reconhecimento da crítica especializada e do público. Gravou a trilha sonora do filme Nosso Lar, composta por Philip Glass (2010), à frente da Orquestra Sinfônica Brasileira. Marcos Arakaki é Regente Associado da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, regente titular da Orquestra Sinfônica UFPB e professor visitante da Universidade Federal da Paraíba.
Repertório
Para dar início ao concerto, a Filarmônica de Minas Gerais apresenta Tintagel, de Arnold Bax (Inglaterra, 1883 – Irlanda, 1953). De família rica inglesa, o compositor nunca frequentou escola regular e tampouco precisou trabalhar. Dessa forma, pôde dedicar-se à leitura e à música. Possuía grande habilidade para a leitura de partes orquestrais à primeira vista, o que lhe proporcionou premiações na Royal Academy of Music, instituição na qual ingressou em 1900 e formou-se em 1905. Dedicou-se também a escrever literatura e, sob o pseudônimo de Dermot O’Byrne, publicou poemas, pequenas histórias e três de suas quatro peças teatrais.
No verão de 1917, entre agosto e setembro, Bax decide viajar com Harriet Cohen, pianista por quem era apaixonado desde 1912, mesmo sendo casado. Eles ficam por seis semanas em Tintagel, costa norte de Cornwall. A guerra, o drama pessoal e a imagem das ruínas do castelo de Tintagel no alto da colina, invadindo o Atlântico, serviram de pretexto para a composição daquela que se tornaria sua obra mais popular, o poema sinfônico Tintagel, finalizado em outubro de 1917, logo após seu retorno a Londres.
Na sequência, o Concerto para clarinete de jazz, de Jorge Calandrelli (Argentina, 1939), é interpretado com participação do clarinetista Eddie Daniels. Do embate estético entre a alta e a baixa cultura nos séculos XX e XXI, surge a dicotomia música erudita/popular como fenômeno mais característico. Entre aqueles que se encaixam no termo crossover, cunhado para indicar artistas que circulam entre os dois universos, está Calandrelli, com versatilidade inigualável para a música erudita, pop, jazz, latina e suas vertentes.
Seu Concerto para clarinete de jazz foi escrito em Nova York, durante o inverno de 1984. Nele, os timbres dos clarinetes de Artie Shaw e Benny Goodman misturam-se ao estilo do jazz orquestral de George Gershwin e de Leonard Bernstein. A música clássica é representada por inflexões rítmicas ao estilo de Béla Bartók e Igor Stravinsky e sofisticadas harmonias de Francis Poulenc. OConcerto foi encomendado pelo compositor Jack Elliot e pela Foundation for New American Music para ser especialmente executado pelo clarinetista de jazz Eddie Daniels, que estreou a obra em março de 1985. Existe também versão para solista e conjunto de sopros.
Para encerrar a noite, a Orquestra executa A sereia, de Alexander von Zemlinsky (Áustria, 1871 – Estados Unidos, 1942). As primeiras obras do compositor sugerem uma espécie de acordo entre as influências de Wagner e Brahms. Com A Sereia, sua música torna-se febril. A composição dessa fantasia sinfônica, inspirada em Andersen, foi iniciada em 1902 e concluída em 1903. A peça foi estreada em 25 de janeiro de 1905. Seguiram-se apresentações em Praga e Berlim. Uma curiosidade sobre a obra é que, ao fugir da perseguição nazista, Zemlinsky asilou-se em Nova York em 1938. Viajou para a América abandonando o terceiro movimento de A Sereia na Europa. Em 1984, a partitura foi finalmente reunida e executada pela quarta vez.
O primeiro movimento apresenta a sereia no mar, o salvamento do príncipe, e sua decisão de deixar o oceano por ele. O segundo descreve o encontro com a feiticeira, que lhe corta a língua em troca de uma aparência humana, para que chegue ao palácio e aí encontre o príncipe e noivo. O terceiro movimento expressa o retorno ao oceano, a transformação em espuma e a dissolução da espuma pelo vento.
Sobre a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais
A Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, criada em 2008 com o intuito de inserir o Estado de Minas Gerais nos circuitos nacional e internacional da música orquestral, é um corpo artístico administrado pelo Instituto Cultural Filarmônica, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip). Formada por 90 músicos provenientes de todo o Brasil, Europa, Ásia, Américas e Oceania, a Filarmônica pauta seu trabalho pela excelência artística e vigorosa programação. Sua constante preocupação com a qualidade foi reconhecida com importantes premiações: em 2012 recebeu o Prêmio Carlos Gomes de melhor orquestra brasileira; em 2010 foi eleita como melhor grupo musical erudito do ano pela Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA); e seu diretor artístico e regente titular, maestro Fabio Mechetti, recebeu o Prêmio Carlos Gomes em 2009 como melhor regente brasileiro.
Mais de meio milhão de pessoas já ouviram a Filarmônica de Minas Gerais que, apresenta, regularmente, as séries Allegro e Vivace no Palácio das Artes, Concertos para a Juventude e Concertos Didáticos no Sesc Palladium, além de Clássicos na Praça e Concertos de Câmara em diferentes espaços culturais de Belo Horizonte. Realiza turnês por Minas Gerais e pelo Brasil, tendo feito sua primeira turnê internacional em 2012, com cinco concertos na Argentina e no Uruguai.
Como ações de estímulo à música, a Filarmônica promove o Festival Tinta Fresca, destinado a compositores de todo o país, e o Laboratório de Regência, atividade pioneira no Brasil, que abre oportunidade para jovens regentes brasileiros.
Em 2013, a Orquestra gravou seu primeiro CD comercial e firmou parceria com o selo Naxos, para o registro, no momento, de obras de Villa-Lobos. Para 2015, a Filarmônica aguarda a inauguração de sua sala de concertos, a Sala Minas Gerais.
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