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Grupo teatral Morro Encena integra programação do Fórum da igualdade Racial com peça que discute a ditadura da beleza

“O marido que comprou uma bunda à prestação”, é o nome do espetáculo do Grupo de Teatro Morro Encena. Com texto e direção de Fernando Limoeiro (Teatro Universitário - UFMG) a peça narra, de forma divertida e bem humorada, as desventuras de Fedegunda, mulher que se sente inferiorizada por não se encaixar nos padrões estéticos difundidos socialmente. Com muita descontração e sacadas irônicas, a história aborda o tema da ditadura da beleza e a imposição de determinados padrões estéticos ao universo feminino. As quatro atrizes que integram o grupo são moradoras do Aglomerado da Serra e utilizam diversas referências culturais da comunidade de origem, a exemplo de ritmos muito presentes no cotidiano dos jovens como o rap e o funk. 

 

Serão realizadas apresentações por diversos centros culturais da cidade, sendo a próxima no dia 10 de novembro, na Regional Pampulha, às 14h, integrando as atividades do Fórum de Promoção da Igualdade Racial. A circulação do espetáculo se realiza por meio dos recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura e integra as ações contempladas pelo projeto Descentra Cultura, da Fundação Municipal de Belo Horizonte.  As apresentações são gratuitas e abertas ao público de todas as idades.

 

A mulher e os estereótipos

O papel da mulher contemporânea, seu lugar na sociedade e a luta contra o machismo são pautas presentes em discussões cotidianas, tanto nas ruas quanto nas redes sociais. A peça “O marido que comprou uma bunda à prestação” não apresenta essa mulher emancipada e questionadora, mas aquela que ainda se sente presa às imposições do mundo masculino e, portanto, sujeita aos padrões valorizados pelos meios de comunicação. A ingênua Fedegunda, personagem central da peça, é colocada nas situações mais absurdas para conquistar a “bunda perfeita”. A escolha de uma protagonista ainda não tão consciente do papel das mulheres, e das formas de exploração sofridas por elas no cotidiano, ajuda a contar a história sob um ponto de vista crítico e conduz o público à indagação: “você quer ser apenas uma bunda ou mudar o seu papel?”, frase que sintetiza muito da postura ativa e questionadora do Morro Encena.

 

Para a atriz Hérlen Romão, uma das fundadoras do grupo, a mulher ainda precisa enfrentar muitos desafios e entre eles está a imposição dos padrões estéticos.  “Acho terrível que isso aconteça, pois não é a pessoa que é colocada em primeira instância, mas sim a estética feminina, valorizando aquele que é considerado o “corpão brasileiro” – bunda, coxa e peito grande”, protesta.

 

Hérlen chama a atenção ainda para a questão racial, com a qual a mulher negra precisa lidar no dia a dia. “É como se para que sejamos vistas como ‘bonitas’ nós tivéssemos que ser brancas, de olhos claros e cabelos loiros e lisos. Isso é uma injustiça. São os nossos traços, negros, indígenas ou a mistura deles que fazem de nós o que somos”, afirma.

 

Sobre o Morro Encena

Criado em 2009 no Aglomerado da Serra, o Grupo de Teatro Morro Encena explora em suas peças temas ligadas aos direitos humanos e à desconstrução dos estereótipos. Com apresentações irônicas e bem humoradas o grupo provoca risos e reflexões, valendo-se de uma linguagem acessível a todos os públicos. Formado por quatro mulheres negras, as atrizes Beatriz Alvarenga, Érica Lucas, Herlen Romão e Sandra Sawilza, o Morro Encena aborda questões relacionadas ao universo feminino, e traz em sua gênese provocações sobre a representação do negro na sociedade contemporânea.

https://www.facebook.com/morroencena.grupodeteatro

Foto: Rafael Silveira

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