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Cia de Dança Deborah Colker apresenta espetáculo inédito em BH: "Belle"
Premiada bailarina e coreógrafa mergulhou no universo da revolucionária obra literária dos anos 1920, “Belle de jour”, para criar sua nova montagem, que trata de questões essenciais ao ser humano, como: paixão; amor e desejo.
Após turnê pelo Brasil e América do Sul, a renomada bailarina e coreógrafa, Deborah Colker, traz pela primeira vez a Belo Horizonte sua mais nova montagem, “Belle”. O espetáculo, que estreou no Rio de Janeiro em junho deste ano, encerra sua temporada 2014 com duas apresentações na capital mineira, dias 22 e 23 de novembro, no Grande Teatro do Palácio das Artes. Livremente inspirado em “Belle de jour”, livro do escritor franco-argentino Joseph Kessel, lançado em 1928, que serviu de base também para o clássico do cinema “A bela da tarde”, de Luís Buñuel, a montagem reforça a inspiração literária da artista, como aconteceu no espetáculo anterior, “Tatyana”.
A leitura do romance seduziu Deborah em 2011, pouco depois da estreia de seu espetáculo “Tatyana”. A temática de “Belle”, porém, está mais associada a outros balés da coreógrafa, como: “Nó” (2005) e “Cruel” (2008). Paixão, amor e desejo são o que movem as duas montagens. E marcam também todos os passos de Belle, acrescidos de doses ainda mais fortes de sensualidade. O erotismo nunca esteve tão presente no trabalho de Deborah. “O ser humano é muito erótico, mas a vida faz com que a gente fique se blindando contra algo que nos pertence”, diz ela, que ressalta ter sempre “interesse por quem anda fora dos trilhos”.
Para a coreógrafa, a divisão entre amor e desejo, razão e instinto não diz respeito a uma personagem isolada, mas a qualquer ser humano. “Essa mulher se divide entre duas servidões. Esta é uma questão humana, de todos nós”, afirma. O tema é fundamental na obra de vários artistas, como Nelson Rodrigues (1912-1980), que trata dele em suas peças e o resume numa de suas famosas frases: “A prostituta só enlouquece excepcionalmente. A mulher honesta, sim, é que, devorada pelos próprios escrúpulos, está sempre no limite, na implacável fronteira”. Marquês de Sade, crítico das restrições morais e religiosas ao comportamento dos homens, chegou a afirmar que “as paixões humanas não passam dos meios que a natureza utiliza para atingir os seus fins”.
O primeiro ato de Belle parte da insatisfação da protagonista em seu casamento e se encerra com a chegada dela ao bordel. O segundo se passa todo no bordel, com bailarinas trocando as sapatilhas por sapatos de salto alto. “Ela nunca tinha ido a um bordel, então fica imaginando. Na verdade, toda a história pode se passar na cabeça dela. Tudo pode ser uma fantasia”, comenta Deborah.
A coreógrafa decidiu dividir Séverine e Belle. Na montagem, elas são vividas por bailarinas diferentes, como se fossem personagens distintas. A segunda é a libertação do desejo contido na primeira. “A Belle dentro de Séverine é tão forte que merecia um físico diferente, pois em dança tudo se traduz no corpo. A atitude contemporânea é a ausência da fórmula”, diz Deborah.
A trilha sonora, por sua vez, não tem nada de clássica, ao contrário do que ocorreu em “Tatyana”. Há Miles Davis, Velvet Underground e música eletrônica feita por Berna Ceppas. Para João Elias, diretor executivo da Cia. Deborah Colker, “Belle” aborda um tema que traduz a maioridade do grupo, cuja trajetória está completando 21 anos. “Mostra o amadurecimento da Deborah e da Companhia. É preciso matar um leão por dia, mas estamos aprendendo a ser uma instituição forte”, diz.
Em 2015, a companhia Deborah Colker tem prevista uma temporada popular de ‘Belle’ no Rio de Janeiro, além de turnês pelo nordeste do Brasil, Chile e Ásia.
Deborah Colker
Considerada uma das principais artistas brasileiras da atualidade, Deborah Colker tem mais de 20 anos de carreira e já produziu onze espetáculos: Vulcão, Velox, Mix, Rota, Casa, 4 por 4, Nó, Dynamo, Cruel, Tatyana e Belle. Foi a primeira mulher a dirigir um show da renomada companhia canadense Cirque du Soleil, “Ovo” (2009). Considerada pela Revista Época uma dos 100 brasileiros mais influentes do ano de 2009, Deborah mantém, em paralelo ao seu trabalho com a companhia, sua atividade como criadora. Atualmente está em processo de remontagem do espetáculo ‘Nó’ com o Ballet de l’Opéra National du Rhin, na França.
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