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Biblioteca Central da UFMG recebe a exposição, Ressignificações de Artista Plástico
Há um elemento constante, forte e recorrente na pintura de Miguel Gontijo, a escrita, que, à primeira vista, conduz o espectador a imaginar se os traços ali constantes ajudam a compor a trama do quadro ou constituem citação de trecho de determinado livro. A afirmativa poderá ocorrer ocasionalmente. O visitante com alguma sutileza, percebe que os traços, riscos ou letras que compõem a urdidura da obra não passam de elementos complementares, embora, em alguns deles, seja possível identificar letras ou palavras aleatórias.
Assim, os traços estão presentes na tela para compor e representar situações criadas pelo artista ao se apropriar de elementos distintos, como fragmentos e detalhes de obras de arte de outros autores, fotografias de pessoas, de animais, de aves, de objetos, de instrumentos, de bulas de remédio, de símbolos e de marcas comerciais, dentre muitos outros, encontrados em livros, revistas, jornais, anúncios, audiovisuais e nos meios de comunicação de massa.
É nesse ambiente efervescente que todos esses elementos reprocessados, na inquieta e fervilhante imaginação e mente do pintor, podem descortinar para alguns admiradores situações que provocarão surpresa, prazer, admiração, êxtase e, em outros, desalento, estranheza, desconforto e, até, perplexidade.
Os trabalhos mostrados na exposição, em curso, na Galeria da Biblioteca Central da UFMG, não fogem à regra!
Há vários anos Miguel Gontijo vem, paciente e meticulosamente, trabalhando exemplares de enciclopédias, transformando suas páginas em obras de arte, recortando-as e pintando-as uma a uma, de modo que, ao manuseá-las, o espectador irá deparar com um novo trabalho. Outras surpresas poderão ocorrer ao se sobrepor uma página à seguinte, causando surpresa e estupefação, pelo inusitado da combinação obtida com a superposição dos recortes. Considerando a fragilidade do suporte, que são as folhas da enciclopédia, a medida em que são recortadas, se tornam mais frágeis, não sendo recomendado o seu manuseio intensivo, o que, infelizmente, impede o visitante de deleitar-se e descobrir a magia que poderia desvendar, ao passar cada uma das páginas.
Integram ainda a exposição de Miguel Gontijo na Biblioteca Central quinze telas as quais podem levar o apreciador a imaginar que ele se encontra em um gabinete de curiosidades da época das grandes explorações e descobrimentos dos séculos XVI e XVII nos quais poderia encontrar objetos raros ou inusitados, ou se sentir em um laboratório de uma instituição ligada às áreas de ciências biológicas, de botânica ou de zoologia, tendo em vista a apropriação e o uso que o artista faz de elementos dessas áreas em suas telas, tais como animais, pássaros, folhas de árvores, partes de esqueletos, entre muitos outros. Num instante seguinte, o visitante poderá imaginar-se estar em uma exposição de quadros de artistas surrealistas, devido à exaltação do imaginário, à exposição do fantástico à realidade que emerge das imagens inesperdas e a sensação de estranheza mostrada em cada tela.
Independentemente do suporte utilizado, as composições, as ambientações e as situações criadas pelas pinturas de Miguel Gontijo causam espanto aos visitantes, ao se depararem com animais voadores, com parte de seus corpos constituídos de peças, de rodas de bicicleta, de máquinas, de nus em relevo colados nas telas e muitas outras combinações extravagantes, que causam deleite e encantamento em muitos outros!
Leia mais: Exposição: Ressignificações
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