Notícias

Meshugá: um romance sobre a loucura, de Jacques Fux

Editora: José Olympio (Grupo Editorial Record), 2016. 196 pgs.

Um dos assuntos que mais divertem, e preocupam, os judeus e não judeus em todo o mundo é, sem sombra de dúvida, a loucura do louco — o meshugá que dá título a esse novo romance de Jacques Fux. A maluquice judaica essencial, além de envolver alguns temas clássicos (neurose, hipocondria, mães invasivas e superprotetoras, etc.), também fornece matéria para a ironia autodepreciativa que é a base do humor desse povo.

 

Valendo-se da ficção com mão firme, Fux apresenta um rol de personagens tão geniais quanto desnorteados, histórias que se conformam como pequenas novelas e que são pérolas da insanidade e do ridículo. Woody Allen, Sigmund Freud, Bobby Fischer, e outros desfilam aqui suas incongruências, extravagâncias, delírios e atos extremos, formando um mosaico que pretende compreender por um lado o auto-ódio e, por outro, a batelada de teorias e lendas nem sempre elogiosas que cercam o povo judeu e que desembocaram todos sabemos onde.

 

Nesse verdadeiro ensaio sobre a loucura, o autor constrói, camada a camada, um clima de tensão que vai se adensando, um desconcerto que inquieta e que seduz — a história de Danny Burros, por exemplo, é um thriller da melhor extração; e a vida de Ron Jeremy – o maior ator pornô americano, provoca risos nervosos. No capítulo final, o leitor percebe, não sem horror e angústia, que cada uma dessas pretensas biografias é apenas uma volta a mais num parafuso que se está a apertar desde o início.

 

Exercício de evisceração da alma, Jacques Fux oferece um resumo sincero, elegante e potente da doidice ancestral, aquela que fundou e que que continua alimentando não só a loucura de toda a humanidade, mas também, e felizmente, o humor que alivia e a arte que redime.

            Cintia Moscovich

[quarta capa]

“Ele começa a escrever esse livro achando que seria uma grande libertação. E uma grande piada. Acredita que a depressão e a tristeza tenham passado. Imagina que agora tudo vai ser mais fácil, leve e divertido. Quer ironizar e refutar as crenças conspiratórias e absurdas sobre o judeu louco,  meshugá, e provar que tudo é uma brincadeira infinita. Mas não é nada disso que se sucede. Ao vasculhar a alma e a mente dos atormentados personagens – Woody Allen, Sarah Kofman, Ron Jeremy, Otto Weininger, Grisha Perelman, Daniel Burros, Bobby Fisher, Sabbatai Zevi –, se confronta com a própria vida e com a loucura. Ele então aceita e compreende o sacerdócio da escrita. Da criação e do autoextermínio. Sente a dor autêntica, legítima e sincera do outro. E de si mesmo.”

 

[bio]

O mineiro Jacques Fux é vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura de 2013 com o livro Antiterapias. Doutor e pós-doutor em Literatura Comparada e um apaixonado pelos números. É também autor de Literatura e Matemática: Jorge Luis Borges, Georges Perec e o Oulipo (Prêmio Capes de Melhor Tese do Brasil de Letras/Linguística), e Brochadas: confissões sexuais de um jovem escritor. Foi pesquisador visitante na Universidade de Harvard e escritor residente na Ledig House, em Nova York.


Foto: Divulgação | Centro Cultural Minas Tênis Clube

Selecionamos os melhores fornecedores de BH e região metropolitana para você realizar o seu evento.