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FID 2014 - Fórum Internacional de Dança, começa no 29 de outubro e vai até o dia 9 de novembro.

Num movimento pela dança contemporânea, artistas do Bélgica, Brasil, França, Suíça e Uruguai se reúnem em Belo Horizonte, para imersões, debates e apresentação de seus trabalhos com o propósito de dialogar com o público

O 19º ano do FID Fórum Internacional de Dança 2014 será realizado em Belo Horizonte (MG) de 29 de outubro a 9 de novembro em espaços culturais da capital: Teatro Oi Futuro Klauss Vianna, Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB, Centro Cultural Vila Santa Rita (Barreiro), Centro Cultural Alto Vera Cruz (Zona Leste) e em Nova Lima no Centro de Arte Suspensa Armatrux - C.A.S.A (Nova Lima).

 

Com uma programação que integra imersões, conferência, apresentações, ambientes de conhecimento como a FIDoteca e o já consagrado FIDinho, braço do FID direcionado ao público infantil, o FID 2014 reúne artistas e companhias da Bélgica, Brasil, França, Uruguai e Suíça. Com incentivo da Lei Federal de Incentivo à Cultura e Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais, o FID é apresentado pelo Ministério da Cultura, Governo de Minas e Petrobras, e tem o patrocínio da Petrobras, que já está com o FID há sete anos, e da Oi; e o apoio da Cemig e Globo Minas. O Fórum tem apoio cultural do Oi Futuro, Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB +Circuito Cultural Praça da Liberdade – CCPL, Fundação Municipal de Cultura – FMC, BHTRANS e Prefeitura de Belo Horizonte. O FID é realizado pela Atômica Artes, com correalização do Clube Ur=H0r, nesta edição 2014 conta com o trabalho da idealizadora do evento e diretora artística Adriana Banana, da dançarina e produtora Dorothé Depeauw(coordenadora de produção e diretora artística) e da gestora administrativo-financeiro Caroline Silas.

 

Em 12 dias de dança, reflexão, arte, música e movimento, o FID apresenta pela cidade oito espetáculos, quatorze apresentações, duas oficinas, além de cinco dias dedicados ao trabalho de imersão. Os ingressos do evento custam R$ 6,00 (seis reais) a inteira e R$ 3,00 (três reais) a meia entrada. A FIDoteca, a Conferência e as Imersões são eventos gratuitos. O valor reduzido do ingresso faz parte da política de relacionamento do FID com o público, e deixa claro, na forma de um ingresso acessível, que seu custo real já foi pago com recurso público por meio de patrocínios via leis de incentivo e convênios.

 

Curadoria 2014

"Acredito que a curadoria não é um conjunto de obras e vai muito além de um gosto pessoal. O serviço de curadoria é um contínuo entre obra e mundo, tudo que vai encostar no mundo tem que estar permeado por seu entendimento. É uma linha de pensamento, uma essência que só se torna completa com o diálogo com o público. Acredito que o público também faz curadoria e, neste contexto, um espetáculo junto, no conjunto, tem novos significados”, explica Adriana Banana, dançarina, coreógrafa, fundadora e diretora artística do FID Fórum Internacional de Dança que este ano assina a curadoria ao lado da belga Dorothé Depeauw, que há dois anos mora no Brasil.

 

Adriana Banana explica que no FID a curadoria é feita baseada em uma série de probabilidades e arranjos. “Há uma parte também prática da curadoria em que é feita na forma como podemos e depende da agenda de grupos disponíveis, da captação de recursos, do interesse dos grupos em virem ao Brasil ou de participar de um evento como o nosso, dos assuntos que importam pra gente e para os outros verem. De qualquer modo, validamos que os artistas escolhidos, todos eles, tem permissão de estar errados, de não ter um trabalho enlatado e com fórmulas prontas para agradar dentro de padrões sociais pré-determinados”, reflete a diretora artística que, ainda, completa: “Um bom exemplo do que é essa curadoria é a performerEliana de Santana. O trabalho dela não é agradável para todos os festivais. Não é feito para agradar mesmo. É umaperformance que tem uma base na ideologia, na inovação do pensamento e no levantamento de questões em que não há nada pronto, tradicional ou pré-concebido”.

 

Apresentações

Produto de um trabalho colaborativo entre o coreógrafo Jérôme Bel (França) e o grupo Theater HORA (Suíça), a peçaDisabled Theater promete colocar em pauta a discussão de quem é capaz de definir a fronteira entre normalidade e anormalidade. Quem é normal? O Theater HORA, formado por atores profissionais com deficiência intelectual, levará a plateia a conhecer o outro e suas peculiaridades nos dias 1 e 2 de novembro, às 20h no Teatro Oi Futuro Klauss Viana (Av. Afonso Pena, 4.001 – Mangabeiras, Belo Horizonte/MG). Com tradução legendada, o espetáculo se apresenta como um modelo cênico de dança-teatro. O grupo foi criado em 1993 e tem o objetivo de estimular o desenvolvimento artístico das pessoas com dificuldade de aprendizagem.

 

Segundo Adriana Banana, o Theater HORA pretende levar o público a pensar o que é e o que não é autorizado ou o que “pode ser e deve não ser”. Outros trabalhos de Jérôme também usam esse artifício de justificativa de sua existência, o que corresponde, para Banana, a uma crítica sobre a necessidade de se carimbar a identidade.

 

Pela terceira vez, o dançarino e coreógrafo e diretor da Cie Gilles Jobin (Suíça) se apresenta no FID. De origem suíça, Jobin baseia seu trabalho na relação entre o corpo e a complexidade da mente humana. Ele foi do palco para o maior laboratório de física de partículas do mundo, o CERN, em Genebra, para fazer residência artística que gerou o Quantum, onde em meio a quatro lâmpadas em movimento circular, seis bailarinos representam as principais leis da física.

 

Gilles Jobin acredita que a dança, além de ser física, deve assumir um compromisso espacial, emocional e também político. Um de seus interesses fundamentais é mesclar as diferentes formas de arte, em particular a dança e as artes visuais. Enquanto artista, ele refina cada nova criação com suas experiências vividas em trabalhos anteriores, e busca criar uma linguagem singular. O artista apresenta Quantum no Teatro I do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB - Praça da Liberdade, 450 – Funcionários, Belo Horizonte/MG) nos dias 29 e 30 de outubro, às 20h30. Além de relacionar o universo da dança com as teorias da física, Jobin usa um software livre Pure Data em sua obra. O coreógrafo suíço, em parceria com o físico Cláudio Lenz, também apresenta a conferência Colisões Criativas entre a Física e a Dança, no dia 30 de outubro às 18h, no Teatro Multiuso do Centro Cultural Banco do Brasil.

 

Com o espetáculo Sobre Expectativas e Promessas, Alejandro Ahmed (Florianópolis - SC), diretor e coreógrafo do Grupo Cena 11, marca sua volta aos palcos. A peça faz parte da programação do FID no dia 31 de outubro às 21h no Teatro Oi Futuro Klauss Vianna. Ahmed, que não atuava como bailarino desde 2009 na estreia de Pequenas Frestas de Ficção sobreRealidade Insistente, participou da fundação do Cena 11 em 1993. Com mais de 20 anos de história, o grupo de dança contemporânea é considerado um dos mais importantes em atividade no país.

 

 

Ao criar o solo Sobre Expectativas e Promessas, o coreógrafo busca provocar uma necessidade de desaparecimento e utiliza a dança para mostrar que nós somos constante dissipação de energia. Além disso, a peça propõe a gestão do movimento para um encontro com o passado, não o histórico, mas sim aquele que impulsiona a criação de novas possibilidades a cada instante. “A nossa identidade é algo que se dissolve a cada segundo no tempo e não algo que se engessa a partir do que a gente deseja ser”, afirma Alejandro Ahmed. Dorothé Depeauw, diretora artística do FID ao lado de Adriana Banana, afirma que Alejandro, em seu espetáculo, tem uma força de projeção do movimento ao público muito forte e seu solo parte do entendimento de meio de comunicação como extensão do corpo. “A extensão não é uma prótese, quando ele usa o microfone em cena também usa o corpo. Seu movimento vira rastro, e memória também é rastro.”,acrescenta Adriana Banana. Ainda em sua programação, o FID  recebe Eliana de Santana e      a E² Cia de Teatro e Dança (São Paulo) para  apresentação  de  dois trabalhos: Afro        Margin e Lost  in Spaceshit. A coreógrafa e bailarina já criou espetáculos fundamentados em obras de escritores brasileiros, como Tragédia Brasileira, baseado na obra homônima de Manuel Bandeira, e “...e das outras doçuras de deus”, inspirado em crônicas de Clarice Lispector. Seu espetáculoFrancisca da Silva de Oliveira - Chica da Silva – Um Esboço foi contemplado em 2006 com o Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna.

 

Afro Margin será apresentado no FID nos dias 2 e 3 de novembro, às 18h e 20h respectivamente, no Teatro I do Centro Cultural Banco do Brasil. O espetáculo é inspirado na obra de mesmo nome do pintor britânico e descendente de nigerianos, Chris Ofili. Este solo de Eliana de Santana trabalha a questão da margem como princípio que organiza a proposição cênica e coreográfica. A margem, para Adriana Banana, “só aparece na forma como o corpo da Eliana se organiza”, completa Banana. Os desenhos de Ofili remetem à construção de um corpo na verticalidade, em suspensão, sem gravidade, flutuante, que desaparece na ação. Afro Margin é um trabalho sobre origens africanas, que reflete na maneira como a artista trabalha esse corpo africano. A formação de identidade cultural surge a partir dos processos históricos e de colonização.

 

No Teatro Multiuso do CCBB Eliana de Santana apresenta, nos dias 8 e 9 de novembro, às 19h, o espetáculo Lost in Spaceshit. A peça, que faz uma ironia ao trocar spaceship por spaceshit (espaço nave por “espaço merda”), também faz referência ao trabalho do artista Chris Ofili. O britânico utiliza esterco de elefante como recurso técnico e simbólico em suas pinturas, daí a inspiração para o nome da apresentação. No espetáculo, os movimentos dos dançarinos exibem o espaço composicional da obra do artista, e a ideia de lugar se relaciona às questões sociais. Para Adriana Banana, não existe espaço neutro.

 

Bailarina e professora desde 1979, Zélia Monteiro, que já foi assistente de Klauss Vianna, também é presença confirmada no FID 2014. A artista fundamenta sua pesquisa criativa e pedagógica na reflexão e nos princípios de abordagem do movimento criados por Klauss Vianna. Sua pesquisa coreográfica foi desenvolvida com o subsídio do Programa Itaú CulturalDança 2012/2013. O C.A.SA (Rua Himalaia, 69, Vale do Sol), em Nova Lima, no dia 4 de novembro às 20h, é cenário deDanças            passageiras,    apresentado      por Zélia Monteiro e Núcleo de Improvisação (São Paulo – SP).

 

A montagem foi contemplada pelo Prêmio Funarte Petrobras de Dança Klauss Vianna e é resultado de 20 anos de pesquisa de Zélia aliada às interferências dos coreógrafos Cristian Duarte, Marta Soares e Tica Lemos em seu trabalho. A bailarina traz em seu solo a improvisação, por isso a peça varia a cada espetáculo. Com um olhar de coreógrafa que procura o efêmero da dança, a diretora do Núcleo de Improvisação toma como base o fluxo vivido pelo corpo na experiência direta com o ambiente. O improviso nesta coreografia vem da necessidade de sobreviver, de descobrir novas formas de se ajustar ao mundo.

 

 

O solo é um espetáculo fragmentado, que tem cenas cortadas e não traz a ideia progressiva de tempo. A pesquisadora Rosa Hercoles, sobre o trabalho de Zélia Monteiro, afirma que ela traz a improvisação como uma não premeditação do movimento, sem projeções de coisas futuras. A ação futura resulta do estado do corpo no momento atual. Zélia Monteiroconvidou outros artistas para serem provocadores dos seus movimentos, para que contribuam na desestabilização de informações já impregnadas. “Eles serviram como uma provocação para a Zélia sair do hábito do movimento dela. Porque ela percebeu que, mesmo improvisando, o corpo vai adquirindo esses hábitos e tende a repeti-los. Então, embora ela tivesse a preocupação da não premeditação de movimento, ele já está configurado no corpo. Ele se impõe, e isso é um tipo de premeditação, essa escolha que o corpo faz de antemão.”, e ainda completa Rosa Hercoles: “A Zélia traz a questão de como o movimento do outro problematiza o seu movimento, porque as soluções do corpo do outro são outras, diferentes das que seu corpo estabilizou.”

 

Inovando na linguagem, o FID traz tango à capital mineira com a apresentação da Compañía Periférico (Uruguai), dirigida por Federica Folco. Apresentado no Teatro Oi Futuro Klauss Vianna nos dias 6 e 7 de novembro, às 21h,Periferico/Proyecto Tango é uma investigação do ritmo que mistura, de maneira sutil, os movimentos clássicos e sensuais do tango com elementos da dança contemporânea. Este projeto surgiu do interesse de avaliar o elo passional entre duas pessoas que há no tango e ressignificá-lo diante da contemporaneidade, a partir do rearranjo das relações e dos movimentos. A apresentação não trata o tango como um fenômeno de espetáculo turístico. Federica Folco, bailarina, professora, pesquisadora de tango e uma das fundadoras da companhia, tem seu trabalho baseado na criação e na compreensão das lógicas que constroem o conhecimento e a ação. A bailarina acredita que o corpo na dança é um espaço de encontro da emancipação e da transformação.

 

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