Notícias

Filarmônica de Minas Gerais apresenta obras de Mozart compostas por encomenda da Aristocracia

Repertório do concerto, a ser realizado no próximo sábado, 29 de outubro, às 18h, inclui três peças do compositor austríaco

Quando ainda vivia em Salzburgo, cidade onde nasceu, e também em Viena, Mozart era chamado a escrever peças de ocasião, compostas para eventos promovidos pelos aristocratas. No dia 29 de outubro, às 18h, na Sala Minas Gerais, a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sob a batuta do maestro Fabio Mechetti, apresenta ao público algumas obras encomendadas pela corte ao compositor austríaco. No programa deste oitavo concerto da série Fora de Série, que em 2016 homenageia Mozart, estão as obras Uma brincadeira musical, K. 522; Serenata nº 6 em Ré maior, K. 239, “Noturna”, e Serenata nº 9 em Ré maior, K. 320, “Posthorn”. Ingressos entre R$ 17 (meia) e R$ 98 (inteira).

 

Este concerto é apresentado pelo Ministério da Cultura e Governo de Minas Gerais e conta com o Apoio Cultural do Banco Votorantim, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

 

O repertório

 

Wolfgang Amadeus Mozart (Salzburgo, 27 de janeiro de 1756 – Viena, 5 de dezembro de 1791) e as obras Uma brincadeira musical, K. 522 (Viena, 1787), Serenata nº 6 em Ré maior, K. 239, “Noturna” (Salzburgo, 1776) e Serenata nº 9 em Ré maior, K. 320, “Posthorn” (Salzburgo, 1779)

 

No Classicismo, há diversos gêneros musicais que se confundem em forma e estrutura e servem de alternativa à solene etiqueta dos salões aristocráticos e das predefinições da música dramática. São divertimentos, serenatas, cassações, que se diferenciam, no universo musical do século XVIII, apenas pela sua funcionalidade e pelo ambiente a que se destinam: diversões da aristocracia, eventos em ambientes externos, os prazeres da mesa, tudo nas altas rodas do século XVIII se fazia com boa música. A estrutura formal do Classicismo, no entanto, se mantém na maior parte dessas composições, entre as quais estão os divertimentos e serenatas de Mozart, compostos para diversas formações instrumentais. Nessas peças, em geral, evita-se o uso da intrincada linguagem polifônica e podem-se encontrar citações de temas ou canções populares.

 

A Serenata K. 239, “Noturna”, foi composta em Salzburgo, em 1776, para dois grupos instrumentais – o que é raro no século XVIII. Das serenatas de Mozart, talvez seja a que mais se parece com a suíte de danças. Já a Serenata em Ré maior, K. 320, foi criada em 1779 para a cerimônia de encerramento do ano letivo da Universidade de Salzburgo e estreada no mesmo ano. Nela, valorizam-se instrumentos de sopro, com relevância para flauta e oboé, além de ênfase no flautim e de solo para “trompa de posta”. À época, a chegada e a saída dos correios era um importante evento, anunciado pelo toque de trompa, reconhecível por todos e distinto dos sons da “trompa de caça”. 

 

“Satírica” foi como alguns críticos classificaram Ein Musikalischer Spass (“uma brincadeira musical”), K. 522, composta em junho de 1787, para duas trompas e quarteto de cordas. Ao que parece, Mozart nunca teve a intenção de satirizar ninguém com essa obra, apesar da ironia que transparece no caráter da peça e no tratamento dado às trompas. O compositor brinca, na obra, com o próprio sistema tonal, com a quadratura da estrutura melódica clássica, com o estilo concertante e com a tradição polifônica, enfim, com todo o mundo musical do qual ele era parte. O resultado se expressa em paradoxo bem moderno: ao mesmo tempo elegante e grotesca, como se a maquiagem do século XVIII estivesse borrada, a obra revela um “rosto desgastado”. As dissonâncias insólitas, a representação irônica (no sentido teatral do termo) de um frustrado contraponto imitativo, o relevo dado às trompas, que parecem ora perder o siso, ora estar em desalinho com o contexto musical, constituem, realmente, uma grande brincadeira. Ainda assim, tal brincadeira soa profética, pois são recursos que seriam usados mais tarde por compositores do século XX. 

 

O maestro Fabio Mechetti

 

Desde 2008, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. Com seu trabalho, Mechetti posicionou a orquestra mineira nos cenários nacional e internacional e conquistou vários prêmios. Com ela, realizou turnês pelo Uruguai e Argentina e realizou gravações para o selo Naxos. Natural de São Paulo, Fabio Mechetti serviu recentemente como Regente Principal da Orquestra Filarmônica da Malásia, tornando-se o primeiro regente brasileiro a ser titular de uma orquestra asiática. Depois de quatorze anos à frente da Orquestra Sinfônica de Jacksonville, Estados Unidos, atualmente é seu Regente Titular Emérito. Foi também Regente Titular da Sinfônica de Syracuse e da Sinfônica de Spokane. Desta última é, agora, Regente Emérito. Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da Orquestra Sinfônica de San Diego, foi Regente Residente. Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras orquestras norte-americanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix, Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais de verão nos Estados Unidos, entre eles os de Grant Park em Chicago e Chautauqua em Nova York.

 

Realizou diversos concertos no México, Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu as orquestras sinfônicas de Tóquio, Sapporo e Hiroshima. Regeu também a Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia, a Orquestra da Rádio e TV Espanhola em Madrid, a Filarmônica de Auckland, Nova Zelândia, e a Orquestra Sinfônica de Quebec, Canadá. Vencedor do Concurso Internacional de Regência Nicolai Malko, na Dinamarca, Mechetti dirige regularmente na Escandinávia, particularmente a Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a de Helsingborg, Suécia. Recentemente fez sua estreia na Finlândia, dirigindo a Filarmônica de Tampere, e na Itália, dirigindo a Orquestra Sinfônica de Roma. Em 2016 fará sua estreia com a Filarmônica de Odense, na Dinamarca.

 

Igualmente aclamado como regente de ópera, estreou nos Estados Unidos dirigindo a Ópera de Washington. No seu repertório destacam-se produções de Tosca, Turandot, Carmem, Don Giovanni, Così fan tutte, La Bohème, Madame Butterfly, O barbeiro de Sevilha, La Traviata e Otello. Fabio Mechetti recebeu títulos de mestrado em Regência e em Composição pela prestigiosa Juilliard School de Nova York.

 

Sobre a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais

 

Belo Horizonte, 21 de fevereiro de 2008. Após meses de intenso trabalho, músicos e público viam um sonho tornar-se realidade com o primeiro concerto da primeira temporada da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. Criada pelo Governo do Estado e gerida pela sociedade civil, nasceu com o compromisso de ser uma orquestra de excelência, cujo planejamento envolve concertos de série, programas educacionais, circulação e produção de conteúdos para a disseminação do repertório sinfônico brasileiro e universal. 

 

Foto: Rafael Motta

Selecionamos os melhores fornecedores de BH e região metropolitana para você realizar o seu evento.