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A mostra marca sua primeira individual e é acompanhada pelo lançamento do livro Aquele que brota, também de sua autoria. Juntas, traçam um percurso entre pintura, escrita e experiência, reunindo aquarelas, textos e fotografias produzidos entre 2020 e 2025.

Nessa série, Filipe explora figuras vegetais, minerais e do reino fungi, em pinturas que convidam à observação atenta e à presença. O conjunto é fruto de um período de pesquisa com aquarela e cogumelos psicodélicos, no qual o artista investigou diferentes formas de percepção e consciência. As oito obras inéditas que compõem a mostra foram criadas a partir desse mergulho, num processo que mistura rigor técnico, intuição e delicadeza.

“As pinturas convidam o público a olhar de perto, deixando que a primeira imagem se transforme e revele outras formas e sentidos”, explica o artista. “O desejo é que o espectador possa experimentar esse deslocamento: uma pedra que é também espaço sideral, o movimento dentro do estático, a pulsação que habita o menor elemento. Trata-se de um convite a compartilhar um tempo mais dilatado e a reconhecer, no olhar atento, o assombro que liga e mistura todas as formas de vida.”

Quanto perguntado sobre a relação com as forças pisicoativas, Filipe ressalta, “O uso dos cogumelos alterou minha relação com o mundo: eles me ensinaram a reconhecer nas coisas uma pulsação comum, uma vitalidade que me inclui.”O livro Aquele que brota prolonga esse gesto. Reunindo textos, desenhos e fotografias, a publicação nasce do encontro entre o ato de pintar e o hábito de documentar a vida. Editado por Maria Carolina Fenati, o volume costura anotações e reflexões sobre o invisível e o instável. O texto é híbrido, um território entre o diário, o poema e o ensaio. Há partes em que a escrita se comporta como imagem e outras em que o pensamento se organiza em narrativa. Não há uma estrutura fixa: o texto acompanha o ritmo do processo, às vezes mais analítico, às vezes mais intuitivo.

“O título vem do mazateco nti si tho, que significa ‘aquele que brota’”, conta Filipe. “Uma expressão usada para se referir aos cogumelos, que nascem de si mesmos, como o vento. Essa imagem me marcou e se tornou uma espécie de guia para o livro.”

A programação inclui ainda uma conversa com Maria Carolina Fenati e uma leitura performática com o ator e diretor Marcelo Castro, no dia 16 de novembro, às 16h.

O Estúdio Pessoas Físicas

Criado por Filipe Lampejo e Vinícius de Souza em 2025, o Estúdio Pessoas Físicas é um espaço independente dedicado à experimentação artística e à convivência. Híbrido entre ateliê, galeria e sala de ensaio, o local tem se consolidado como ponto de encontro entre artistas, escritores e pesquisadores.

“Mais do que um espaço de trabalho, o estúdio é um lugar de partilha e experimentação”, define Filipe. “A mostra inaugura sua vocação como galeria e reforça o papel do espaço na cena independente de Belo Horizonte.”

O espaço já funcionou como ateliê de criação para projetos editoriais, processos de escrita e desenho. Já foram realizados ali o projeto Doras, da artista Luísa Bahia, os Ateliês de Desenho de Modelo Vivo Nu, conduzidos pelo artista e professor Rafael Fernandes, além de ensaios e processos de criação das peças DAS DING, com direção de Marcelo Castro e Filipe Lampejo, e A Língua do Fogo, dirigida por Paulo André e João Emediato. Atualmente, o estúdio mantém um Ateliê Contínuo de Desenho, aberto ao público mediante inscrição, que acontece três vezes por semana.

Serviço
Exposição: A eterna novidade do mundo
Artista: Filipe Lampejo
Lançamento: Aquele que brota (Editora Chá da Feira)
Abertura: 8 de novembro (sábado), das 14h às 17h
Conversa e leitura performática: 16 de novembro (domingo), às 16h
Período de visitação: 8 de novembro a 13 de dezembro
Local: Estúdio Pessoas Físicas – Rua Alagoas, 1405, Savassi (sobreloja)
Horário: segunda a sábado, das 14h às 17h
Instagram: @filipe_lampejo | @pessoasfisicas
Site: www.filipelampejo.com

Foto: Luana Abreu