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Sempre Um Papo recebe Lira Neto, ganhador do prêmio Jabuti 2014
Lira Neto, jornalista e escritor, é o convidado do Sempre Um Papo para o debate e lançamento do livro “Getúlio Vargas. Da Volta pela Consagração Popular ao Suicídio” (Editora Companhia das Letras), vencedor do Prêmio Jabuti 2014, na categoria Biografia. Trata-se da terceira e última parte da consagrada série bibliográfica sobre Getúlio Vargas. Na obra, o autor reconstitui os acontecimentos políticos e pessoais mais importantes do ex-presidente. Entre a deposição para um golpe militar, em outubro de 1945, e o suicídio, em agosto de 1954, o livro revela como a história do Brasil se entrançou com a vida de Getúlio, enquanto afastado do poder.
“Getúlio Vargas. Da Volta pela Consagração Popular ao Suicídio” - Na última parte da série biográfica sobre Getúlio Vargas, Lira Neto mostra detalhes da vida de um dos mais polêmicos e emblemáticos presidentes do Brasil. “Entrei para o governo por uma revolução, saí por uma quartelada”, lamentou-se Getúlio Vargas numa carta enviada de seu exílio rural em São Borja (RS), em novembro de 1945, ao amigo e correligionário João Neves da Fontoura. Depois de quinze anos no Palácio do Catete, emendando na sequência da Revolução de 1930 a chefia dos governos provisório e constitucional e a ditadura do Estado Novo, Getúlio fora obrigado a se retirar para sua região natal, na fronteira entre o Brasil e a Argentina, pelos mesmos militares que haviam apoiado seu projeto nacionalista de poder. Os tempos estavam mudados, a Segunda Guerra Mundial já era história e ao ex-ditador, convertido num modesto estancieiro, apenas restavam as distrações das cavalgadas, do mate e dos charutos.
Mas Getúlio, animal político com aguçado senso de sobrevivência, não estava totalmente acabado, apesar do que pensavam os jornais do Rio de Janeiro, quase todos alinhados ao conservadorismo da União Democrática Nacional (UDN) e do Partido Social Democrático (PSD). Sua filha Alzira — que havia permanecido na capital federal na companhia do marido, Ernani do Amaral Peixoto, e da mãe, Darcy — tornou-se uma espécie de embaixadora plenipotenciária do getulismo, possibilitando ao ex-presidente perscrutar os bastidores do governo do general Eurico Gaspar Dutra e manter o controle sobre o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Com sua consagradora eleição ao Senado e as imunidades de constituinte, em 1946 Getúlio pôde voltar ao Rio de Janeiro num primeiro movimento de preparação do almejado retorno ao Catete. Mas a hostilidade aberta da oposição udenista e as tentações de uma velhice tranquila no pampa gaúcho fizeram de seu mandato parlamentar pelo PTB um breve interlúdio do confinamento em São Borja, com raras aparições em plenário. Alzira, sempre no Rio, permaneceu no entanto sua conselheira e informante privilegiada por meio de detalhadas cartas- relatórios.
Apesar da derrota de candidatos que havia apoiado nas eleições regionais de 1947 e 48, Getúlio deu sinais à imprensa, com a sagacidade que lhe era peculiar, de que poderia tentar reconquistar o protagonismo político. O movimento queremista, que jamais havia se apagado, explodiu em todo o país, exigindo a candidatura do senador e “pai dos pobres” à presidência da República.
O retorno triunfal ao Catete, com a esmagadora votação obtida nas eleições de outubro de 1950, deu início a um dos períodos mais conturbados da política brasileira. A oposição ferrenha do udenismo e da imprensa, personificada pelo jornalista Carlos Lacerda, combateu incessantemente todas as iniciativas populares (ou populistas) do segundo governo Getúlio. Realizações como a fundação da Petrobras e o aumento do salário mínimo foram ofuscadas por um sinistro clima de guerra psicológica. O “mar de lama” denunciado à exaustão por seus inimigos manietou o envelhecido presidente, dividido entre os afagos à classe trabalhadora e a obediência devida à praxe anticomunista da Guerra Fria. O atentado a Lacerda — coberto ainda hoje de mistérios e para o qual o livro apresenta múltiplas possibilidades e versões —, no início de agosto de 1954, foram a senha para a precipitação dos acontecimentos. Acuado por um iminente golpe militar, Getúlio chegou a esboçar uma resistência, mas, politicamente isolado, preferiu o suicídio à desonra da renúncia.
Nos sessenta anos desse desfecho trágico, Lira Neto reconstitui todos os lances do tenso xadrez político que se entrelaçou com os últimos anos da vida de Getúlio. Amparado numa minuciosa pesquisa, que incluiu centenas de livros e milhares de páginas de manuscritos e documentos originais, o autor elucida um período capital da história do Brasil e interpreta a personalidade de seu mais importante ator político no século XX.
Lira Neto é natural de Fortaleza onde se formou em Filosofia, Letras e Jornalismo. Começou a carreira no jornalismo como revisor do Diário do Nordeste (Fortaleza) e foi repórter especial, editor de cultura e ombudsman no jornal O Povo. No início dos anos 80, ainda morando em Fortaleza, escreveu e publicou poesia alternativa, destacando-se como um dos principais nomes da chamada "poesia marginal" do Ceará. Além de jornalista e escritor, também é editor de livros. Já trabalhou como coordenador editorial de duas editoras: Edições Demócrito Rocha (Fortaleza) e Contexto (São Paulo).
Em 2007, foi agraciado com o Prêmio Jabuti de Literatura, na categoria melhor biografia do ano, pelo livro O Inimigo do Rei: Uma biografia de José de Alencar ou a mirabolante aventura de um romancista que colecionava desafetos, azucrinava D. Pedro II e acabou inventando o Brasil (Editora Globo). Também é autor das biografias Padre Cícero: Poder, Fé e Guerra no Sertão (Companhia das Letras, 2009), Maysa: Só Numa Multidão de Amores (Globo, 2007), Castello: A Marcha Para a Ditatura (Contexto, 2004), além da trilogia sobre Getúlio Vargas.
Sempre Um Papo
Criado pelo gestor cultural Afonso Borges, há 28 anos, o "Sempre Um Papo – Literatura em Todos os Sentidos” promove a difusão do livro e seu autor através de lançamentos de livros antecedidos por debates informais. Já atuou em mais de 30 cidades brasileiras, tendo realizado mais de 5.000 eventos com um público presente estimado em 1,6 milhão de pessoas. O encontro presencial converge para a televisão, sendo exibido, aos sábados e domingos, na TV Câmara. Desdobra-se para a série de DVDs educativos “Cultura Para a Educação”, em sua sexta edição, distribuído para mais de 6.000 escolas brasileiras, gratuitamente. E no site www.sempreumpapo.com.br, estão disponíveis mais de 300 programas com escritores, além de diversos seminários. Com o programa “Ler Convivendo”, em vigor há 8 anos, adota bibliotecas comunitárias em Minas Gerais ao promover 3 atividades: doação de livros, palestras com escritores e capacitação de voluntários. Há dois anos Afonso Borges conduz, na Rádio CBN Belo Horizonte, o boletim “Mondolivro – o blog sonoro da literatura”.
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