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Exposição de Mariana Laterza transforma pesquisa de doutorado em experiência poética
Confira a programação
O Centro Cultural UFMG convida para a abertura da exposição individual ‘A esperança alada e os devaneios da imaginação’, da artista plástica, pesquisadora e arte-educadora Mariana Laterza. A mostra reúne trabalhos que exploram a gravura em campo expandido, em diálogo com a fotografia, o objeto e o espaço expositivo. O evento acontece no dia 24 de outubro de 2025, sexta-feira, às 19 horas. As obras poderão ser vistas até 2 de novembro de 2025. A entrada é gratuita e tem classificação livre.
A mostra
A exposição apresenta um percurso poético que articula prática artística e reflexão teórica, desenvolvidas ao longo do doutorado na Escola de Belas Artes da UFMG, incluindo obras criadas durante o doutorado sanduíche na França. Integrante da defesa de sua tese, a mostra reúne trabalhos que exploram a gravura em campo expandido, em diálogo com a fotografia, o objeto e o espaço expositivo. A artista propõe uma poética da imaginação criadora como fonte de esperança e liberdade, em que portões, gaiolas, pássaros e flores se tornam símbolos de passagem, de voo e de florescimento, convidando o público a devanear e imaginar novos modos de existir.
A esperança alada e os devaneios da imaginação – por Maria do Carmo de Freitas Veneroso
O trabalho da artista Mariana Laterza, em fotografia e gravura em metal associada à assemblage, utiliza um vocabulário poético de gaiolas, portões, pássaros, flores e grades, criando uma complexa reflexão sobre a liberdade. Sua abordagem é intermidiática, ampliando o campo da gravura ao combinar técnicas tradicionais com a apropriação de objetos (na tradição do ready-made).
As obras exploram símbolos de confinamento e possibilidade. O portão fechado e a grade representam obstáculos físicos e emocionais, limites intransponíveis da existência (como na filosofia existencialista de Sartre) ou instrumentos de controle e exclusão (como em Foucault). O pássaro na gaiola com a porta aberta é o símbolo central: ele aponta para a liberdade de escolha e a possibilidade objetiva de fuga.
A metáfora tripla da gaiola, do portão e do pássaro propõe que a liberdade não é um estado, mas uma tarefa. A condição de ser livre é dada pela porta aberta; contudo, a verdadeira liberdade exige um ato ativo do sujeito para superar os obstáculos externos (portão fechado) e internos (a disciplina internalizada da gaiola).
A chave para essa libertação é a indisciplina. Não se trata apenas de quebrar regras, mas de um ato de "cuidado de si", de "construir um novo self". A indisciplina, nesse contexto, é o "vagar" ou "derivar" – o voo sem destino pré-determinado, a reaprendizagem em sentir e perceber o ambiente como um convite, e não como uma ameaça.
Mariana explora essa poética em seu processo criativo, buscando materiais em suas derivas urbanas. Ao levar esses objetos (gaiolas, portões, grades) para a galeria e combiná-los com a gravura, ela rompe fronteiras e contribui para a revitalização da gravura na arte contemporânea. Seu trabalho consolida a visão de que o impulso vital para voar — a liberdade — é a luta constante para transformar a possibilidade em realidade, através da ação e do risco da incerteza.
O pássaro que voa simboliza o sujeito que, ao abandonar a conformidade do cativo seguro, realiza o primeiro passo ativo em direção à liberdade.
Sobre a artista
Mariana Laterza é artista plástica, pesquisadora e arte-educadora. Doutoranda em Artes Visuais pelo PPG Artes-EBA/UFMG, mestre em Artes pela Universidade do Estado de Minas Gerais, ambos com bolsa CAPES e graduada em Artes Visuais também pela EBA/UFMG, realizou recentemente um doutorado sanduíche na Paris 1 - Panthéon Sorbonne, na França. Já realizou diversas exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior, com destaque para “Semer et Faire Fleurir”, na França (individual), “CaliGrafia VI”, na Colômbia (coletiva) e “Insignificâncias poéticas” (individual), Galeria do Minas II. Atualmente pesquisa as interlocuções entre arte, psicologia e filosofia, com foco na criação poética através da gravura e da ressignificação do território urbano por meio da deriva e seus desdobramentos.
Sobre a Curadora
Maria do Carmo de Freitas Veneroso é artista, pesquisadora e Professora Titular da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais, onde é também membro permanente do Programa de Pós-graduação em Artes. Doutora em Estudos Literários pela Faculdade de Letras da UFMG, Mestre (Master of Fine Arts) pelo Pratt Institute, New York, EUA e Bacharel em Belas Artes pela EBA/UFMG. Pós-doutorado na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa e na Indiana University - Bloomington, EUA, onde foi professora/artista visitante. Trabalha sobre as relações entre palavra e imagem na arte contemporânea e pesquisa o campo ampliado da gravura contemporânea. Coordena o grupo de pesquisa Caligrafias e Escrituras e o Litholabor – Laboratório/Atelier de Litografia da EBA/UFMG. É Bolsista de Produtividade do CNPq e membro do Comitê Brasileiro de História da Arte e da Associação Brasileira de Críticos de Arte.
Exposição individual ‘A esperança alada e os devaneios da imaginação’
Abertura: 24 de outubro de 2025 | às 19h
Visitação: até o dia 02/11/2025
Terças a sextas: 9h às 20h
Sábados, domingos e feriados: 9h às 17h
Grande Galeria
Classificação indicativa: livre
Entrada gratuita
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Foto: Mariana Laterza
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