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Sinônimo de superação, designer e ex-modelo Mayla Tanferri, apresenta aos belo-horizontinos seu “Kit Empatia"
Projeto inovador é voltado para crianças e pré-adolescentes que sofreram traumas físicos que resultaram em cicatrizes, sobretudo queimaduras
Ao longo da vida muitas pessoas são expostas a situações de choque seja ele físico ou mental. Diante da nova realidade imposta, algumas acabam se entregando a reclusão. Outras se fortalecem e veem nas dificuldades novas possibilidades de viver. A segunda opção foi a escolha da designer Mayla Tanferri, convidada do mês do CreativeMornings BH para falar sobre o tema “Shock”. O evento acontece no dia 28 de outubro, às 8h30, no MM Gerdau - Museu das Minas e do Metal (Praça da Liberdade, s/nº, Prédio Rosa). As inscrições serão abertas, gratuitamente, nesta quarta-feira (21 de outubro), a partir das 11 horas, pelo link: http://creativemornings.com/talks/may-tanferri
Em 2006, no auge de seus 18 anos e trabalhando como modelo, Mayla Tanferri sofreu um acidente tendo 40% de seu corpo queimado, incluindo rosto e pescoço. Nessa época, a vida da designer que era movida a promessas, sonhos e possibilidades, mudou de ponta a cabeça. Pela extensão do tratamento, vergonha da malha compressiva e das cicatrizes e, especialmente, pela reação do outro, a maioria dos queimados se isolam. Mayla seguiu o caminho inverso e optou por revelar a história que carrega em seu corpo no formato de cicatrizes.
Hoje, aos 28 anos, designer da revista Saúde, da Abril, Mayla desenvolve o projeto inovador “Empatia”. O trabalho consiste em duas iniciativas; um curto documentário em parceria com os fotógrafos Deborah Maxx e Gustavo Arrais, que registra o exercício de exposição de Mayla inspirado pela série Scarred for Life de Ted Meyer, e um kit desenvolvido para crianças e pré-adolescentes que passaram por alguma doença, tratamento ou lesão que resultou em cicatrizes.
O Kit é composto por um box informativo que mostra os números de queimadura no Brasil, o que é a iniciativa, a descrição dos itens que o compõe e como explorá-los. Dentro do box a personagem Mia é responsável por narrar a experiência. Mia é personalizada com malhas compressivas e as próprias cicatrizes de Mayla reproduzidas na mesma cor e textura do ensaio elaborado para o documentário. O Kit ainda contém um pequeno caderno infografado com detalhes sobre a queimadura, cicatriz, importância do uso da malha, dicas de alimentação e cuidados que podem ajudar na recuperação.
De acordo com Mayla, a ideia do Kit surgiu não só de sua experiência pessoal com a queimadura, mas também do fato de ter percebido a falta de materiais que tratassem da recuperação psicológica e social de um queimado. Sobre o fato de dedicar o trabalho a um público específico ela diz: “Escolhi trabalhar com crianças e pré-adolescentes, em primeiro lugar, por uma vivência que tive com elas na Associação de Assistência à Criança Deficiente - AACD Esportes, que despertaram uma naturalidade em relação ao toque, ao carinho, como se fosse uma condição primordial pra se conhecer e reconhecer. Em segundo lugar, pelos números alarmantes de casos de queimadura envolvendo crianças no Brasil”.
O principal objetivo do “kit Empatia” é promover uma experiência única através de exercícios de reflexão e desprendimento, levando o usuário a interagir com o outro e a entender que suas cicatrizes não o definem. “Uma vez que o sobrevivente possa se espelhar em uma experiência que entende a cicatriz como uma afirmação de individualidade única, como um ornamento, e veste essa evidência a seu favor, seu processo de aceitação propaga empatia. Crianças e pré-adolescentes são por natureza propagadores de novos conhecimentos. Assemelham a diversidade sem entraves, de forma doce, e tem a capacidade de constranger o adulto com sua naturalidade. Enxergo no kit a possibilidade de uma nova formação a partir desses co-criadores. Uma teia com novos valores”, acrescenta.
Apresentando pela primeira vez seu trabalho inovador ao público mineiro, Mayla acredita que projetos como o CreativeMornings BH funcionam não só como uma oportunidade de conscientizar mais pessoas quanto a questões que podem ser distantes, mas sobretudo de incentivá-las a transformarem pequenas histórias em experiências transformadoras.“Storytelling é um instrumento poderoso e o design pode ser sim um suporte social para grandes mudanças”.
Dados que impressionam
Segundo estatísticas da Sociedade Brasileira de Queimaduras, acontecem um milhão de casos de queimadura a cada ano no Brasil, sendo que as crianças representam dois terços das vítimas, ou seja, quase seiscentos e sessenta mil crianças sofrem com o problema.
As queimaduras estão entre as principais causas externas de morte, perdendo apenas para outras causas violentas, que incluem acidentes no trânsito e homicídios. Ainda, são a segunda principal causa de morte em crianças de um a quatro anos de idade, só perdendo para os acidentes de trânsito.
O álcool lidera a lista das principais causas de acidentes com queimaduras em crianças, responsável por 41,3% das ocorrências. Em segundo lugar estão os chamados escaldamentos, provocados pelo contato com água ou óleo fervente, que respondem por 33% dos casos. A maioria dos acidentes acontecem em casa e são previsíveis e evitáveis; fácil acesso à líquidos inflamáveis e dispositivos de condução, como isqueiros e fósforos, esquecer velas acesas, brincar sem a presença de um adulto.
Fonte: Agência USP de Notícias, 2014
CreativeMornings BH
O CreativeMornings é um evento global, que ocorre em mais de cem cidades, com o intuito de promover um encontro entre profissionais representantes da economia criativa e pessoas que trabalhem ou gostem de inovação. Em seu segundo ano na capital mineira o projeto é organizado pelos publicitários Leandro Alvarenga, Diego Rezende e Pedro Raslan. O patrocínio é da Gerdau e a co-realização é do Sebrae, por meio da Casa da Economia Criativa.
Foto: Divulgação
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