Notícias
Areté: retratos da brasilidade - A cultura popular brasileira e a fé do povo brasileiro
Areté ou aretê (do grego ?ρετ? aretê,ês, "adaptação perfeita, excelência, virtude") é uma palavra de origem grega que expressa o conceito grego de excelência, ligado à noção de cumprimento do propósito ou da função a que o indivíduo se destina.
No contexto acadêmico, trata-se de uma feira e exposição produzida pelos discentes dos cursos de Eventos e de Turismo, que recentemente ganhou adesão dos alunos do curso de moda. O evento é intitulado como: “Areté: retratos da brasilidade”, uma apologia à cultura nacional. O trabalho é feito sob o olhar das três áreas envolvidas, englobando produção e estrutura; promoção turística e concepção de figurinos.
Em sua primeira edição, o evento abordou os grandes eventos brasileiros, na sequência tratou dos caminhos da Estrada Real, cultura popular brasileira e fé, respectivamente. Partindo da última abordagem, cujo tema foi a religiosidade do povo brasileiro, a próxima edição da feira e exposição adentra os caminhos profanos de uma festa pagã, também conhecida como “Festa Profana” e irá contar a história de nosso carnaval.
O carnaval brasileiro.
Durante o período da Quaresma, ou seja, nos 40 dias entre a quarta-feira de Cinzas e o domingo de Páscoa, o fiel da Igreja Católica não deveria comer carne, em respeito à memória da via-sacra percorrida por Jesus Cristo. Daí vem a palavra carnaval, do latim carne levare, que significa "privação de carne". No entanto, popularmente acredita-se que a expressão original era carne vale, ou seja, "adeus, carne!".
Seria mesmo isso? Há outras versões, como essa outra por exemplo:
Carnaval é um termo oriundo de uma festa romana e egípcia em homenagem ao Deus Saturno, quando carros alegóricos (a cavalo) desfilavam com homens e mulheres. Eram os carrum navalis, daí a origem da palavra "carnaval". Há quem interprete a palavra conforme as primeiras sílabas das palavras da frase: carne nada vale.
É um dilema... mas parece que dilema e mutação é algo bem apropriado para essa festa.
O carnaval é uma festa popular de características regionais próprias, mas que quase sempre incluem folias, diversões, bailes, fantasias e música. As comemorações acontecem em três dias, do domingo à terça-feira, ops! Começa na verdade no sábado, não exatamente, melhor considerar na sexta-feira, mas tem cidades que começam semanas antes e se estendem até semanas depois... Enfim, deixemos os dilemas por enquanto.
Se essa de achar que tudo nasceu aqui, as coisas começaram bem antes de se imaginar a existência do Brasil. Em vários outros países, também se festeja o período carnavalesco. Entre eles estão a Itália, a França e a Espanha. Nos Estados Unidos, é tradicional o desfile da cidade de Nova Orleans. Mas foi em terras tupiniquins que ele melhor ganhou forma, força e visibilidade!
Essa festa popular não tem origens claras, mas acredita-se que, há mais de 2000 anos, comemorava-se na Europa a chegada da primavera, que lá acontece em março. Esse agradecimento aos deuses pela volta do clima agradável e bom para a agricultura pode ter evoluído para o carnaval moderno. Outra origem possível são as celebrações da Roma antiga, como as festas libertinas em homenagem aos deuses Baco e Saturno. No entanto, as festas mudaram muito daquele tempo para cá, principalmente durante o século 20.
Surgiu como carnavalização e não como carnaval propriamente dito!
A primeira folia de carnaval do Brasil foi o entrudo, que acontecia já no início do período colonial. O entrudo era uma brincadeira violenta, que consistia em atirar baldes d'água, balões cheios de vinagre ou groselha, e pós como cal e farinha, com a intenção de molhar ou sujar as pessoas que passavam pelos foliões. A brincadeira foi proibida inúmeras vezes, mas ela só desapareceu no início do século 20, com a popularização do confete.
O entrudo incentivou a criação de uma festa em local fechado, para um público selecionado, que queria se divertir civilizadamente. Assim, surgiram em 1840 os bailes de carnaval, inspirados nos grandes bailes de máscaras realizados na Europa. O sucesso incentivou outras casas de espetáculos a promover seus próprios bailes. Hoje, essas festas não são tão elitistas, e as máscaras praticamente deixaram de ser usadas, pois os foliões não têm mais medo de ser reconhecidos na festa.
Os tambores apareceram pela primeira vez na metade do século 19, no chamado zé-pereira, uma espécie de passeata de foliões que ocorria nas ruas do Rio de Janeiro. O zé-pereira desapareceu meio século depois, ficando em seu lugar o corso, um passeio de carros e caminhões enfeitados. Os foliões, geralmente famílias em seus veículos, brincavam com as pessoas nas calçadas, cantando músicas de carnaval e jogando confetes uns nos outros. O corso desapareceu na década de 1930, junto com os caros veículos de capota aberta.
A organização da folia surgiu no Rio com as grandes sociedades. Esses clubes de foliões, surgidos na década de 1850, tiveram o seu auge de popularidade no fim daquele século. Ainda hoje desfilam no carnaval carioca, embora atraiam pouquíssimo público. As grandes sociedades, embora tenham origem diferente das escolas de samba, apresentam-se com elementos comuns, como comissão de frente e carros alegóricos, ao som de suas bandas. Elas tinham bastante prestígio porque contavam com intelectuais e políticos importantes. Entre os famosos, Olavo Bilac, Quintino Bocaiúva e José do Patrocínio. Com isso, as críticas sociais e políticas que serviam de tema para seus carros alegóricos eram muito significativas.
Os ranchos ou cordões, outro dos vários tipos de festejos do início do século 20, tiveram sua origem no folclórico Reisado baiano, encenação de uma caminhada de pastores e pastoras até Belém. Durante essa caminhada, os participantes cantavam e batiam de porta em porta pedindo agasalhos. Os Reisados tinham como uma de suas principais qualidades a beleza e o luxo de suas fantasias. Os ranchos cariocas não ficaram atrás, eram muito organizados e evoluídos. As velhas marchinhas de carnaval se popularizavam ao serem cantadas pelos ranchos, numa época em que ainda não havia rádio.
As escolas de samba também têm origem na cidade do Rio de Janeiro. Em boa parte, tinham como origem os ranchos, e deles veio a tradição, por exemplo, do casal de mestre-sala e porta-bandeira. O primeiro grupo a ser criado com o título de "escola de samba" foi o Deixa Falar, em 1928 no bairro do Estácio. Seguiu-se a ele muitos outros grupos, em diversos bairros da cidade. Entre as escolas da época ainda em atividade estão a Estação Primeira de Mangueira e a Portela, que se chamava Vai Como Pode, mas teve de mudar de nome anos depois por exigência da polícia.
Os desfiles das escolas caíram logo no gosto popular. A praça Onze se tornou pequena para abrigar a quantidade cada vez maior de foliões e de público, e as escolas passaram a desfilar nas avenidas do centro do Rio nos anos 70. Na mesma época, com a mudança na estética das fantasias, o carnaval se tornou muito caro, e os bicheiros passaram a financiar as escolas. A modernização da administração das escolas nos anos 80 permitiu que os desfiles continuassem acontecendo com o mesmo brilho, apesar da prisão dos grandes bicheiros.
Os desfiles tornaram-se praticamente sinônimo de carnaval no centro-sul do Brasil. No Nordeste, as festas mais populares do carnaval são as de rua. Na Bahia, o trio elétrico, criado em 1950 pelo lendário Dodô e agora espalhado por todo o país, e em Pernambuco, a dança dos blocos de frevo. Foi assim, com tanta gente participando das folias, que o carnaval brasileiro se tornou o maior e mais conhecido do mundo.
Foto: Divulgação
Selecionamos os melhores fornecedores de BH e região metropolitana para você realizar o seu evento.