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Nos dias 23 e 25 de outubro, o Museu Inimá de Paula recebe uma mostra de cinema em homenagem ao italiano Pier Paolo Pasolini, um dos diretores mais polêmicos de todos os tempos. Quase 40 anos após seu assassinato, ele será o grande destaque do evento idealizado pelo escritor mineiro Matheus Ferraz.

Para Matheus Ferraz, a mostra tem o intuito de aproximar o trabalho do diretor com o público e contestar a ideia de que os filmes de Pasolini são pretensiosos e pouco acessíveis. Durante os três dias, serão exibidos importantes filmes do diretor, de conteúdo erótico e político, que ganharam destaque mundial. O primeiro deles é o “Decameron” (1971), baseado numa famosa obra literária italiana escrita no século 14. A obra é considerada um marco na ruptura entre a moral medieval e o realismo, substituindo o divino pela natureza como móvel da conduta humana. Lançando mão de doses de humor satírico, o filme é dividido em nove histórias, que compõem um painel da vida social na Itália medieval.

No dia 25, quem for ao Museu Inimá de Paula poderá assistir a outro grande filme do diretor, “Os contos de Canterbury” (1972). A história gira em torno de um grupo de peregrinos que viaja rumo à Catedral de Canterbury. Durante intermináveis caminhadas, os viajantes procuram tornar a peregrinação mais leve e prazerosa ao relatar contos bastante apimentados.

Para encerrar a mostra, “As Mil e Uma Noites” (1974) baseia-se em picantes contos eróticos antigos. A história principal aborda a vida de um jovem que se apaixona pela escrava que o escolheu como mestre.

Pier Paolo Pasolini nasceu em 1922 na província de Bolonha - Itália. Com uma trajetória conturbada, presenciou a morte do irmão em uma emboscada na Segunda Guerra Mundial, a prisão do pai por dívidas de jogo e a fuga da mãe para uma cidadezinha na região de Friuli. Homossexual assumido, os filmes de Pasolini são conhecidos por criticar a estrutura do governo italiano e explorar a nudez com naturalidade. Algumas películas foram proibidas nos Estados Unidos e só foram exibidas na década de 80. No Brasil, os filmes de Pasolini foram distribuídos após a abertura política. Professor, poeta e novelista, o artista solitário teve sua carreira encerrada ao ser brutalmente assassinado, em 1975.

O idealizador

A idealização e curadoria da mostra são assinadas pelo escritor mineiro Matheus Ferraz. A ideia surgiu após a estreia do filme sobre a última noite de Pasolini, dirigido pelo renomado diretor americano, Abel Ferrara. O longa-metragem, que leva o nome do diretor italiano, participou do 71º Festival de Veneza e foi apontado como forte candidato ao Leão de Ouro.

Matheus é autor do conto "Decamerotico", inspirado nos bastidores de Decameron, a obra que foi selecionada para a coletânea italiana da editora "Liber Iter Casa Edittrice". É também crítico de cinema do “Boca do Inferno”, o maior site de cinema de horror da América Latina, e autor da palestra "Um Estudo em Terror: A Filmografia Maldita de Sherlock Holmes".

Durante os três dias da mostra, haverá um breve bate papo antes da exibição de cada filme. 

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