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Teses da Física, da Ciência Política e das Ciências da Reabilitação são premiadas pela UFMG
Os pesquisadores Ricardo Rodrigues de Sousa Junior (Ciências da Reabilitação), Frederico Barros de Sousa (Física) e Letícia Birchal Domingues (Ciência Política) conquistaram o Grande Prêmio UFMG de Teses, edição 2025. Os vencedores foram revelados em cerimônia realizada na noite desta terça-feira, 14 de outubro, no auditório da Reitoria, durante a 34ª Semana do Conhecimento.
Neste ano, 63 pesquisas de doutorado foram indicadas à distinção por seus respectivos programas de pós-graduação e receberam o Prêmio UFMG de Teses. Em seguida, uma comissão especial instituída pela Câmara de Pós-graduação escolheu, entre elas, os três trabalhos vencedores do Grande Prêmio em cada uma das grandes áreas do conhecimento, além de atribuir três menções honrosas.
Ricardo Rodrigues de Sousa Junior (Ciências da Reabilitação) foi o vencedor na grande área de Ciências Agrárias, Ciências Biológicas e da Saúde, que recebeu 27 indicações. Frederico Barros de Sousa (Física) venceu na grande área de Ciências Exatas e da Terra e Engenharias, com 12 indicações. Letícia Birchal Domingues (Ciência Política) foi a vencedora na grande área de Ciências Humanas, Ciências Sociais Aplicadas, Linguística, Letras e Artes, que teve 24 indicações.
Alfabetização física para crianças com paralisia cerebral
Um dos desafios enfrentados pelo campo das Ciências da Reabilitação é o de encontrar modalidades esportivas que sejam efetivas na alfabetização física de crianças com paralisia cerebral. Na tese Esportes modificados para crianças com paralisia cerebral: componentes da intervenção, efetividade e percepções dos pais e cuidadores, defendida no Programa de Pós-graduação em Ciências da Reabilitação da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO), Ricardo Rodrigues de Sousa Junior investigou o potencial que esportes modificados têm de colaborar com essa alfabetização. A pesquisa deteve-se sobre a atuação do projeto Sports Stars Brasil, desenvolvido pela EEFFTO em parceria com pesquisadores e instituições da Austrália.
Realizado desde 2017, o Sports Stars Brasil visa promover o desenvolvimento de crianças e adolescentes com paralisia cerebral e transtorno do espectro autista por meio de atividades esportivas e recreativas – em especial, os esportes coletivos. A meta é melhorar habilidades motoras e sociais, facilitando a transição para atividades físicas na comunidade. A pesquisa de Ricardo Rodrigues de Sousa Junior comprova justamente os bons resultados alcançados no projeto. Sua tese foi orientada por Hércules Leite, professor do Departamento de Fisioterapia da EEFFTO e coordenador do Sports Stars Brasil. A investigação teve a coorientação de Ana Cristina Resende Camargos, da UFMG, e de Georgina L. Clutterbuck, da Universidade de Queensland, Austrália.
O futuro de chips, baterias, processadores, telas...
Na tese A broad optical characterization of defects and many-body effects in two-dimensional transition metal dichalcogenides, defendida no Programa de Pós-graduação em Física do Instituto de Ciências Exatas (ICEx), Frederico Barros de Sousa investigou e caracterizou os diferentes defeitos que comumente surgem nos dicalcogenetos de metais de transição bidimensionais (em inglês, “two-dimensional transition metal dichalcogenides”, ou TMDs 2D) e desenvolveu métodos para inserir intencionalmente novos defeitos nesses materiais, a fim de modificá-los ou gerar neles novas propriedades. O trabalho foi orientado pelo professor Leandro Malard.
Os TMDs 2D são semicondutores com grande potencial de aplicação na próxima geração de dispositivos ultrafinos, já que têm algumas propriedades notáveis – em particular, as singulares respostas ópticas que demonstram.
“Apesar de defeitos que surgem não intencionalmente em TMDs 2D terem sido profundamente investigados nos últimos anos, os estudos de suas respostas nano-ópticas ainda são escassos, o que deve ser superado com o uso de técnicas ópticas de campo próximo”, escreve o autor na tese, aludindo a técnicas utilizadas em suas pesquisas.
A luta por justiça trabalhista no “capitalismo de plataforma”
De quais dinâmicas de ação coletiva os entregadores por aplicativos brasileiros se valem para fazer frente às novidades do chamado “capitalismo de plataforma”? A pergunta orientou a pesquisadora Letícia Birchal Domingues, professora da Universidade de Brasília, no desenvolvimento de sua tese.
Um dos achados do trabalho é o atravessamento da dinâmica de mobilização da categoria por formas características dos ambientes digital e urbano, simultaneamente. “Os protestos são organizados centralmente no WhatsApp, as reuniões são on-line, há uma dimensão digital enorme acontecendo”, disse ela à Rádio UFMG Educativa, em entrevista veiculada no início desta semana. Ao mesmo tempo, o espaço urbano também tem forte influência, ela relata. “A violência, a precariedade da vida dos corpos, do estar na chuva e no sol, são várias coisas faladas o tempo todo pelos entregadores.”
Defendida no Programa de Pós-graduação em Ciência Política da Fafich, a tese de Letícia Birchal se valeu de entrevistas online realizadas com 22 entregadores das cinco regiões do país. A intenção era fazer um estudo de abrangência nacional, que representasse a diversidade da categoria. A análise compreende o período que vai de 2020 – época da eclosão da pandemia de covid-19 – a 2024, quando os “breques” (nome dado aos protestos da categoria) ganharam mais visibilidade. O ano, inclusive, foi marcado pelo debate sobre a regulamentação do trabalho dos entregadores, discussão que segue viva ainda hoje.
Além das entrevistas, a pesquisadora mapeou 127 protestos realizados de março de 2020 a dezembro de 2023, acompanhou duas manifestações, ingressou em grupos de mensagem instantânea abertos, em aplicativos como o WhatsApp e o Telegram, e monitorou outras redes sociais digitais. Sua pesquisa foi orientada pelo professor Ricardo Fabrino, do Departamento de Ciência Política.
Foto:Raphaella Dias
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