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Cantora lírica Maria Lúcia Godoy, escritor Ronaldo Werneck e atriz Maria Olívia encerram Terças Poéticas 2014
Depois de promover doze encontros reunindo importantes escritores, poetas, músicos, editores e livreiros de Minas, assim como de outros estados, o projeto Terças Poéticas celebra no dia 21 de outubro, na Casa Una de Cultura (Rua Aimorés,1451, Lourdes), a partir das 19 horas, sua última edição da temporada 2014. Participam do encerramento Maria Lúcia Godoy, uma das maiores cantoras líricas do Brasil; Ronaldo Werneck, poeta e cronista, que lançará os livros “O mar de outrora & poemas de agora” e “Cataminas pomba & outros rios”; além da atriz, Maria Olívia, que prestará uma homenagem ao poeta mineiro Altino Caixeta de Castro (1916-1995).
Maria Lúcia Godoy – a soprano mineira, que participa pela primeira vez do Terças Poéticas, é considerada a maior intérprete de Villa-Lobos, tendo gravado as 14 Serestas, as Bachianas nº5 e a Suíte para voz e violão. Dona de uma voz inconfundível, Maria Lúcia é referência no meio musical. Aliando a técnica vocal apurada a seus dons de interpretação, tem em seu repertório uma profusão de sons. Vai de modinhas imperiais até os consagrados autores contemporâneos. Além de interpretar as mais importantes óperas e obras de grande complexidade, como as canções sinfônicas.
Para as Terças Poéticas, Maria Lúcia pretende ler alguns poemas do amigo escritor Ronaldo Werneck e apresentar ao público a sua primeira obra “Guardados de Maria Lúcia Godoy”, lançada este mês, na Academia Mineira de Letras. O livro reúne crônicas semanais que a cantora publicou há 11 anos na imprensa, peças de correspondência, textos de encartes de discos, testemunhos de personagens maiores de nossa história, como Carlos Drummond de Andrade e Tancredo Neves, para citar alguns.
Durante sua participação, a cantora lírica também vai falar de seu próximo projeto, um CD voltado para o público infantil, de sua própria autoria, que espera lançar no ano que vem.
Ronaldo Werneck – poeta, cronista, editor, assessor de comunicação e produtor cultural. Mineiro de Cataguases, Ronaldo Werneck tem nove livros publicados: “Selva Selvaggia” (1976), “Pomba Poema” (1977), “Minas em mim e o mar esse trem azul” (1999), “Ronaldo Werneck revisita Selvaggia” (2005), “Noite Americana/Doris Day by Night (2006), “Minerar o branco” (2008), o ensaio Kiryri Rendáua Toribóca Opé – Humberto Mauro revisto por Ronaldo Werneck” (2009) e os livros de crônicas “Há controvérsias 1” (2009) e “Há controvérsias 2” (2011).
Werneck volta a participar das Terças Poéticas para lançar seus dois livros mais recentes “O mar de outrora & poemas de agora” e “Cataminas pomba & outros rios”. De acordo com o autor, será uma verdadeira apresentação de rios e mares de poemas.
“Mar onde jaz sal e sol, céu tombado. O mar onde me aprofundar. Vertente, voragem, vértice, vórtice, vertigem. Mosaico de memórias, nele nado. La mer-mère de Rimbaud, lamermêléeausoleil, o mar lambuzado de luz, de tarde e eternidade, o mar que Rimbaud me roubou. Nele nado. O mar ao qual novamente retorno e retomo nesse longo poema que ficou meio perdido em meu livro ‘Minas em mim e o mar esse trem azul’. Minas-mar-memória. O mar e seus tropeços, o mar-em-mim e seu recomeço. Minas marejando, ritornelo, delta, infância. O mar que não era mar levou-me ao mar de papel, mar da memória, mar-palimpsesto. De quebra (mar) alguns novos poemas que bateram na areia. Essa é minha praia”, revela Werneck ao falar de “O mar de outrora & poemas de agora”.
É para Cataguases, seu rio, sua gente, que o poeta Ronaldo Werneck dedica seu livro, “Cataminas pomba & outros rios”. Com uma série de novos poemas – que giram em torno de várias cidades e ao longo e no curso de vários rios, do Brasil e do exterior –, Cataminas inclui também uma retomada do “Pomba poema”, poema-livro lançado em 1977, por ocasião do centenário de Cataguases. O livro possibilita maior “diálogo visual” entre o corpo do texto, as muitas imagens nele inseridas e os brancos da página. Não só o “poema-livro” como todos os demais poemas do novo livro, que traz também um longo poema-levantamento da trajetória do Rio Pomba – poema pós-pomba poema –, da fonte à foz, seu curso, afluentes, cidades que atravessa.
Recentemente o poeta e escritor cataguasense, Ronaldo Werneck, foi homenageado pelo XXII Congresso Brasileiro de Poesia, que acontece anualmente em Bento Gonçalves (RS). Considerado um dos principais eventos oficiais de escritores do Brasil, o Congresso já agraciou personalidades como Ferreira Gullar, Affonso Romano de Sant’Anna e Marina Colassanti.
Uma homenagem ao Leão de Formosa
Com o objetivo de preservar sua memória, o poeta mineiro Altino Caixeta de Castro, conhecido, literariamente, como Leão de Formosa, volta a ser homenageado pelo Terças Poéticas, em função da celebração dos 10 anos do projeto. A primeira reverencia ocorreu em julho de 2005, ano em que o evento estreou.
Altino Caixeta nasceu em Patos de Minas, no dia 4 de agosto de 1916. E ali faleceu em 28 de junho de 1995. Era diplomado em Farmácia e em Bioquímica, mas destacou-se, de verdade, como um artífice das palavras. De acordo com a atriz Maria Olívia, convidada das Terças Poéticas, que prestará mais uma vez a homenagem ao poeta, Altino exerceu muito pouco a profissão de farmacêutico, pois logo virou repentista. “Apesar de ter sido alfabetizado aos 11 anos de idade, Altino era um homem muito culto, sabia grego, latim e francês”.
Grande admiradora de Altino e sua poesia, Maria Olívia conta que viveu parte de sua juventude em Patos de Minas e nessa época o poeta era o ídolo da cidade. “Altino era muito bom na convivência e isso encantava as pessoas. Lembro que passávamos várias noites na rua ouvindo os poemas dele. Ele sabia agradar as pessoas, nunca teve a preocupação de publicar seus textos, pelo contrário, fazia poesia e entregava para as pessoas na rua. Todos na cidade tinham um poema dele guardado”.
Em 1994, com a chance que tinha como atriz, Maria Olívia produziu um espetáculo sobre a obra e vida de Altino Caixeta, intitulado “Pastor do Espanto”, com direção de Fernando Mencarelli. Nessa mesma época também produziu um Suplemento Literário especial a respeito do autor.
“Eu sempre acreditei muito na poesia de Altino e carregava aquela certeza de que ele era um dos grandes poetas brasileiros. Teve um tempo que comecei a distribuir as obras dele para os mais diferentes escritores e poetas e ele acabou ficando conhecido no mundo inteiro. Sou muito agradecida por ter contado também com a ajuda de importantes nomes que divulgaram e lançaram o Altino para a imprensa nacional, como: Ziraldo,Affonso Romano de Sant`Anna, Maria Ester Maciel, Marco Antônio Souza, Fábio Lucas, Júlio Pinto, Antônio Sérgio Bueno, Wilson Pereira, Antônio Barreto, Sara Ávila, Danilo Gomes e Alan Viggiano. Altino acabou encantando meio mundo e por isso toda sua obra merece ser reverenciada”.
Sobre a poesia do poeta mineiro, Maria Olívia afirma: “a poesia dele é linda, um verdadeiro espanto. Feita de uma forma desestruturada, ele brincava e se divertia com as palavras”.
O projeto Terças Poéticas é aprovado pela Lei Rouanet, patrocínio do BDMG Cultural, produção e realização Anome Livros, Soll Produções e Casa Una. A direção e curadoria é assinada pelo idealizador Wilmar Silva de Andrade. Comemorando 10 anos de trajetória, desde sua estreia, ocorrida em 5 de julho de 2005, o Terças Poéticas promoveu 500 encontros com os mais respeitados escritores brasileiros.
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