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Muita música em cada moça
Batuque Dagmar inicia projeto Samba de Mulher no tradicional Bar do Cacá
Samba de Mulher é o mais recente projeto do sexteto de samba Batuque Dagmar, e se inicia no dia 17/10, quinta-feira, às 20h, no Bar do Cacá. Formado por Maria Elisa Pompeu (cavaquinho e voz), Mariana Martins (voz e percussão), Julia Nascimento (violão de seis cordas), Analu Braga (percussão), Mônica Santos (percussão) e Priscila Norberto (flauta transversal), o grupo, que já foi chamado de Batuque Beauvoir, soma dez anos de carreira e afirma que tal atração é “um movimento diferente em alguma quinta do mês, trazendo convidadas”. “E reforçando algum tema, alguma efeméride, alguma data de marcação de luta, enfim, o Samba com o palco estendido para outras mulheres participarem palestrando, dançando, cantando, como preferirem”, conta Mariana Martins. As cortesias podem ser retiradas no site da Sympla e valem até as 21h do dia 17/10. Os ingressos custam R$ 15 (inteira) e R$ 7,50 (meia). Classificação livre.
“Foi num sábado à noite, tomando aquela cerveja despretensiosa, ouvindo um som na Casa de Cultura que a cantora e instrumentista Chris Cordeiro compartilhou o desejo de ter uma banda com formação integral de mulheres”, lembra Mariana. A partir daí começou a se desenhar a proposta de um grupo de samba formado essencialmente por mulheres. O primeiro nome foi “Canto de Maria”; logo depois veio a alcunha de “Batuque Beauvoir,” uma homenagem a francesa Simone de Beauvoir, escritora, filósofa existencialista, ativista política, feminista e teórica social, até que chegaram no nome “Batuque Dagmar”. “Você sabe quem foi Dagmar do surdo? Dagmar foi a primeira ritmista da Portela e de uma bateria de escola de samba no Rio de Janeiro, segundo Candeia e Isnard, no livro ‘Escola de samba, árvore que esqueceu da raiz’, de 1978. Foi Dagmar quem teve a oportunidade de tocar um surdo por causa do ciúme do companheiro, que, para garantir que ela estivesse perto dele, ‘permitiu’ que ela tocasse o surdo. Até então, esse instrumento não era tocado na avenida por outras mulheres. Dagmar se tornou uma grande ritmista, respeitada por todos na escola”, conta a musicista.
Para além de tocar o samba, as meninas do Batuque Dagmar entendem que possuem uma função social e política na cena musical e do gênero na capital. “Temos o entendimento de que muito já se avançou, mas que a luta contra a força estrutural do machismo só encontra resultado pela insistência. Apesar de avanços, é perceptível que um palco, uma roda conduzida por mulheres, ainda soa como exótico”, observa Mariana. A sororidade mantém o grupo unido, e há outra dominância no Batuque Dagmar. “Somos um coletivo, no sentido pleno do termo. Decisões partilhadas, gestão coletiva de arrecadação e investimentos, longas conversas sobre nossos objetivos e propósitos na música e uma extrema responsabilidade em pensar nosso lugar, uma banda de maioria branca, no mundo do Samba”, atesta a percussionista.
Sobre o repertório
O Batuque Dagmar tem como compromisso valorizar as compositoras e grandes intérpretes. “Dona Ivone Lara toca todas da banda de forma muito profunda. Toda sua história na música e sua atuação na saúde são muito emocionantes. Já a Leci Brandão é referência para gente em diversas frentes de luta: a música, sua militância corajosa na esquerda, incluindo sua luta insistente pelos direitos da população LGBTQIA+”, diz. As obras de Beth Carvalho, Clara Nunes, Elza Soares, Clementina de Jesus e Jovelina Pérola Negra estão no repertório do grupo.
O objetivo do grupo é mostrar a música para além do que está na boca do povo. “Não buscamos repertório como um caminho fácil daquilo que já está no domínio público. É delicioso ter a plateia conosco, e temos várias músicas com o coro e as palmas nos acompanhando. No entanto, há um trabalho de pesquisa, de garimpo de músicas lindas que vão ficando fora das rodas”, observa Mariana Martins.
Há também o espaço para a canção autoral com as canções “Bahia de luz”, parceria de Analu Braga e Luiza Brina, e “9 de março”, de Priscila Norberto e Alessandra Sales. “Esta última foi composta pela Pri nas reflexões do dia 8 de março, que ficaram reverberando na cabeça dela, e, no dia seguinte, a música veio. Alessandra Sales colocou a harmonia”, revela Mariana.
Serviço: Samba de Mulher – Batuque Dagmar
Data: 17/10, quinta-feira
Horário: 20h
Local: Bar do Cacá – Rua Andiroba, 20. Bairro São Paulo
Ingressos: Site da Sympla (cortesias até as 19h30), R$ 15 (inteira)
Foto: Felipe Ivanicska
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