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Segunda edição do Festival Sarará traz Seu Jorge

Evento comemora o Mês da Consciência Negra e tem como proposta valorizar a diversidade da cultura brasileira e potencializar a mistura de todas as etnias

 No Mês da Consciência Negra, o Parque das Mangabeiras será palco da segunda edição do Festival Sarará, realizado pela Macaco Prego e o Carnaval Do Brasil . O evento tem como eixo central promover a valorização da cultura brasileira, potencializar a mistura de etnias e despertar nas pessoas o orgulho e reconhecimento histórico da descendência do povo brasileiro.

 

“O nosso objetivo é reunir, em um único evento, pessoas de todas as etnias para celebrar a diversidade da nossa cultura. Por isso escolhemos o mês da Consciência Negra, por ser uma época em que as pessoas estão sensibilizadas para o combate às diferenças. O Festival Sarará pretende mostrar que somos todos negros, brancos, mulatos, índios e que propaga a liberdade entre as diversas raças brasileiras”, explica Carolina De Amar, da Macaco Prego.

 

A segunda edição do Festival Sarará está marcada para o dia 07 de novembro (sábado), a partir das 14h. Serão nove horas de programação. A atração principal fica por conta de Seu Jorge, com o show do seu novo álbum “Músicas Para Churrasco Volume II”. Mas o evento terá também shows de Flávio Renegado, do Bloco Baianas Ozadas e do grupo Samba de Santa Clara, que mescla os sucessos de Jorge Ben Jor ao ritmo de samba.

 

“Seu Jorge é um dos maiores sambistas e representantes da música brasileira da atualidade. É um artista que traz alegria e agrada a grande maioria do público. Por isso o escolhemos para esta edição do festival. Ele cumpre a nossa proposta de celebrar a diversidade, assim como as outras atrações que vão se reversar no palco durante todo o Festival”, diz Isabella Magalhães, também da Macaco Prego.

 

Além das atrações musicais, esta edição contará com DJs e com um Feria de Artes Independente. Artistas de Belo Horizonte foram convidados para criar obras exclusivas, de acordo com o conceito do Festival, e que serão expostas e comercializadas durante o evento.

 

A primeira edição do Festival Sarará foi realizada em novembro de 2014, com grande sucesso. A festa reuniu mais de cinco mil pessoas no Parque das Mangabeiras. A proposta do evento chamou a atenção da Fundação Municipal de Parques de Belo Horizonte, que garantiu uma nova data para a festa em 2015.  Para esta edição, a expectativa dos organizadores é superar o número de público.

 

Show – Seu Jorge

Pela primeira, Seu Jorge apresenta em Belo Horizonte o show “Músicas para Churrasco Volume II”,lançado em março deste ano. O músico irá tocar as 10 faixas do disco, todas compostas por ele e com as participações de grandes parceiros. Entre as faixas que se destacam estão “Motoboy”  e “Ela é bipolar”, que são sucessos nas rádios. Acompanham o artista os músicos Pretinho da Serrinha (Cavaco e Percussão), Jorge Quininho (Percussão), Adriano Trindade (Bateria), Rodrigo Tavares (Teclados), Claudio Andrade (Teclados), Sidão Santos (Baixo), Paulinho Viveiro (Trompete), Edy Trombone (Trombone), Fernando Bastos (Sax e Flauta), Fernando Vida (Guitarra), Junior Mouriz (Gaita e Violino), DJ Cia (Cuts and Fxs).

 

Caetano Veloso, sobre “Músicas para Churrasco Volume II”

Março/2015

 

Este Volume II de Músicas para Churrasco é uma festa na carreira de Seu Jorge. Desde o Farofa Carioca, sobretudo com a genial “São Gonça”, Seu Jorge é um nobre da nossa música popular. Com uma voz grave, mas de longo alcance, uma musicalidade intuitiva e uma figura bonita, ele vem fascinando ouvintes simples e sofisticados, brasileiros e estrangeiros, gente da música, das artes e do cinema.

 

Músicas para Churrasco Volume II celebra o sucesso do Volume I, e, em muitos aspectos, o supera. Seu estilo – que vai do Piscinão de Ramos ao MoMA de Nova York, das ruas do Rio aos recintos refinados de Paris – aparece tratado como deve. O grande engenheiro de som e produtor Mario Caldato soube captar, com brilho e limpidez, a banda grande e que parece estar tocando ao vivo num estúdio. Resulta uma sonoridade contemporânea que tem, ao mesmo tempo, um sabor de turma tocando como se fosse apenas para se divertir.

 

Bem, acho que em grande parte foi isso mesmo o que aconteceu no estúdio paulistano em que o CD foi gravado. E Seu Jorge, junto com seus parceiros de quase sempre, não quis desperdiçar a oportunidade: cada canção é uma crônica sobre tema atual, em alta definição, mas sem mão pesada. A bipolaridade, a mania de autofotografar-se, o motoboy, cada tema emblemático de nossa época é tratado com espontaneidade e inspiração. Excitam o ouvinte a priori, pelo mero apresentar do assunto, mas o conquistam pela graça dos versos e das melodias, pelo suingue das levadas e pelo jeito de cantar. São faixas que valem mais por si mesmas do que por apoiarem-se nos temas que inspiraram as letras.

 

Dos Paralamas do Sucesso aos Racionais MCs, dos tropicalistas aos da Lyra Paulistana, da Axé Music ao Funk, muitos músicos Brasil sofreram a influência de Jorge Ben (Jor). Seu Jorge, xará do Mestre, colou na corda dele desde sempre. Mas nunca foi uma imitação. Com outro timbre e outra personalidade, a presença das lições de liberdade de Benjor sempre foi, em Seu Jorge, uma permanente reverência, óbvia, mas sóbria, discreta, ainda que super animada. Mas Seu Jorge é também o cantor de notas longas em regiões agudas tão distantes do centro de sua voz.  Neste disco, ele aparece em toda sua exuberância.

 

Gostoso, doce, suingado e cheio de humor, sem perder o banzo negro que está em tudo o que ele faz. Mas em faixas como “Tá em tempo” ou “Baby Doll” a voz surge suave e enevoada, e, talvez porque esteja muito límpida (com mais veludo do que grão), a princípio difícil de se reconhecer. É uma voz que se parece mais com a pele de Seu Jorge do que com a voz que ele

apresenta em outros discos. Ou em “Papo reto”, onde o registro agudo, mais Rithm&Blues do que o de costume, também surpreende (embora o “De olho nela” ecoar a melodia de “Que nêga é essa?” não surpreenda). Temos um Seu Jorge de luxo ao longo de todo o disco.

 

Se em “Bipolar” o prosaísmo da descrição clínica do transtorno remete exclusiva(e ostensiva)mente a Jorge Ben, a finalização da frase “À noite vai ter festa”, em “Faixa de Contorno”, chega a ecoar (duvido que não tenha sido consciente e intencionalmente) o canto de Milton Nascimento (artista maior da história brasileira, cuja produção é toda conhecida e amada por Seu Jorge). O canto em “Na verdade não tá”, assim como em “Bipolar” ou “Mina feia”, é o imediatamente reconhecível canto do Seu Jorge das Músicas para Churrasco do primeiro volume. E de antes disso.

 

A banda brilha o tempo todo. Com base juntinha, metais precisos e ricos (a entrada de “Motoboy”, quando eles surgem do ruído da motocicleta, é exemplo a se ressaltar), percussão tão negão-americano quanto carioca, é um ápice da história da música soul no Brasil. O grande churrasco nacional, nas lages, nos pátios, nos quintais desse país que só nos assusta com suas repetidas escorregadelas para o abismo escuro, é iluminado pela festa rítmica desse bando de músicos cheios de energia e amor. É essa energia que pode, um dia, nos salvar.

 

Para mim, não é por acaso que o rithm&blues de “Felicidade” seja contaminado pelo ijexá baiano (e aqui aceno a Jorge, Pretinho, Gabriel e Leandro por mencionarem meu nome no meio da festa): a redenção do Brasil não se dará sem o ijexá. Em suma, uma festa para todos. “Everybody Let´s Go”, com levada disco, une toda a galera que veio ao churrasco e, com sua

misteriosa superposição de batidas por sob o coro, reabre a celebração.

 

Foto: Divulgação 

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