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Grupo de teatro formado por portadores de sofrimento mental celebra 10 anos com espetáculos em BH

Núcleo de Criação e Pesquisa Sapos e Afogados apresenta as peças “Duo” e “Frog Sound”, em outubro e novembro “Se é verdade que eu levei o teatro para perto de muitos portadores de sofrimento mental, é verdade, também, que eles me apresentaram um novo jeito de fazer teatro. E esse foi um caminho sem volta”. O depoimento é da atriz Juliana Saúde Barreto, idealizadora do Núcleo de Criação e Pesquisa Sapos e Afogados que, em 2012, completa 10 anos de atividades. O projeto pioneiro, que une arte e inclusão social, surgiu das oficinas de teatro, ministradas por Juliana, com usuários da rede pública de saúde mental de Belo Horizonte. Afinada à luta antimanicomial, a iniciativa teve como polo de criação o Centro de Convivência Cesar Campos, onde nasceu a então Companhia Momentânea de Teatro, formada por 12 usuários que desejavam ir além e se tornar atores “de verdade”. Após desvincular-se da rede pública de Saúde Mental, este grupo se transforma no Núcleo de Criação e Pesquisa Sapos e Afogados e busca saltos mais ousados, que pudessem mostrar todo o potencial dos “atores loucos”. “No grupo, ser ator é um lugar que deve ser reinventado todo dia, com a abertura para o novo e para o desconhecido, trazendo o risco para dentro e fora de cena”, pontua Juliana. Desde então, muita água rolou nesse brejo. O curta-metragem Material Bruto foi lançado em 2006 e recebeu nada menos que sete premiações, entre elas o Prêmio de Melhor Direção no Festival de Vídeo Santa Cruz, na Bolívia, e a Menção Honrosa do Festival Luso-Brasileiro de Santa Maria da Feira, em Portugal. Depois, vieram o espetáculo Caixa Preta, em 2009, e as cenas breves, resultado da residência artística Casa Breve, realizada em março de 2011. No mesmo ano, o grupo fez a estreia da peça Duo no antigo hospital de Trieste, na Itália, símbolo do movimento de reforma psiquiátrica. Trata-se de uma montagem a partir de recortes de memória da atriz Sílvia Maria, traduzidos em italiano pela atriz convidada e produtora do grupo, Renata Corrêa. Duo antecedeu o mais novo trabalho cênico do Sapos e Afogados: o espetáculo de rua Frog Sound – Isso não é um sorvete. Apoiada pela Easy Ice, a peça usa as formas e delícias do sorvete para abordar os paradoxos do amor surrealista, do contraste entre o real e o imaginário, o sólido e o líquido, o normal e o louco. Atualmente, o grupo Sapos e Afogados conta com o patrocínio do Fundo Municipal de Cultura e o apoio do Galpão Cine Horto, onde são realizados os ensaios e encontros. Para celebrar uma década de história, a companhia apresenta, em outubro e novembro, seus dois espetáculos mais recentes, Duo e Frog Sound. Uma imperdível oportunidade para conhecer o trabalho que encontra, nas artes cênicas, novos significados para o portador de sofrimento mental. “Esses sujeitos estão localizados numa sociedade que geralmente os exclui e, com o teatro, podemos ofertar novos lugares, novas maneiras de circular pela cidade, pelas telas, pela cena, pelo mundo”.

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