Notícias
Teatro em movimento, em comemoração de seus 15 anos, apresenta “O Topo da Montanha”, com Lázaro Ramos e Taís Araújo
O espetáculo “O Topo da Montanha”, protagonizado e produzido por Lázaro Ramos e Taís Araújo - indicada ao Prêmio Shell de melhor atriz por essa atuação -, chega a Belo Horizonte como parte da programação comemorativa dos 15 anos do Teatro em Movimento. A montagem estreou em outubro de 2015 em São Paulo, sempre com sucesso de público, já acumula mais de 30 mil expectadores. A peça tem direção de Lázaro Ramos e codireção de Fernando Philbert. O texto fictício da jovem dramaturga norte-americana, Katori Hall, reinventa o último dia de Mather Luther King. No roteiro, a autora desconstrói o momento histórico ocorrido há quase 50 anos, no dia 4 de abril de 1968, quando o mundo se despedia do pastor protestante e ativista político que se tornou ícone por sua luta pelo amor ao próximo e pelo repúdio à segregação racial norte-americana. A peça que estreou aclamada em Londres, em 2009, ganhou versão na Broadway, em 2011, e está em turnê pelo Brasil, terá duas apresentações, dias 15 e 16 de outubro, sábado, às 20h, e domingo, às 19h, no Grande Teatro do Palácio das Artes.
Para a realização de suas atividades, o projeto Teatro em Movimento conta com o patrocínio do Instituto Unimed-BH e Itaú, via Lei Federal de Incentivo à Cultura.
O espetáculo
“O Topo da Montanha” faz alusão ao último discurso de Martin Luther King (I’ve Been to the Mountaintop) realizado em Memphis, na Igreja de Mason, no dia 3 de abril de 1968, um dia antes de seu assassinato, cometido na sacada do Hotel Lorraine. É exatamente neste cenário, do quarto 306 – e na sequência de suas derradeiras palavras públicas –, que Martin Luther King, interpretado por Lázaro Ramos, conhece Camae, encenada por Taís Araújo, a misteriosa e bela camareira em seu primeiro dia de trabalho no estabelecimento. Repleta de segredos, ela confronta o líder em clima de suspense e simultaneamente debochado. Deste modo, em perfeito jogo de provocações, faz o reverendo se lembrar que, como todos, é humano. Por meio do humor e da emoção, faz rir e pensar com retórica atual, seja para americanos ou brasileiros.
A escrita, diga-se, faz sentido mesmo quando comparada à situação política daqueles tempos. Para citar uma frase do espetáculo: “parem a guerra do Vietnã e comecem a lutar contra a pobreza” – vista sob a ótica do presente, ela ainda parece possível ser proferida e ressalta as características de um líder que “teve a força de amar aqueles que jamais puderam o amar de volta”. “Este texto me perseguiu como ator por dois anos, por meio de pessoas que diziam que tinha de fazê-lo no Brasil. E é contemporâneo porque é uma história também sobre enfrentar medos. Sobre os trilhos da coragem e do afeto”, resume Lázaro. “Tínhamos muito receio de que o texto fosse americano demais e não tocasse as pessoas. Mas o tempo e uma boa tradução nos convenceram que as questões do amor e da igualdade são relevantes e próximas a todos nós”, complementa Taís.
A boa tradução para o português a que se refere Taís é de Silvio José Albuquerque e Silva, responsável por dar vida a temas universais e ainda envolventes. “Hall revela um líder ao mesmo tempo radical e pragmático, profético e imprevidente, sonhador, sedutor, frágil e, sobretudo, humano”, resume Silvio.
Lázaro e Taís, a dupla que sucumbiu a um líder americano
Também produtores da versão brasileira, Lázaro Ramos e Taís Araújo continuam a trajetória de sucesso ascendente da montagem. O Topo da Montanha fez sua primeira aparição em Londres, em 2009, ocasião na qual encantou espectadores ingleses e recebeu o prêmio Lawrence Olivier como melhor peça estreante. Já em 2011, aterrissou na Brodway, em Nova York, encenada por Samuel L. Jackson e Angela Basset. De lá para cá, um caminho de acasos levou Lázaro Ramos e Taís Araújo a ela.
O primeiro a vê-la, em Manhatan, foi um amigo do casal que a mencionou a Lázaro Ramos. Mais tarde, o diretor João Falcão apresentou ao ator o texto original, em inglês, ainda se dispondo a dirigi-lo. Feita uma primeira tradução, a conclusão da dupla Taís e Lázaro parecia irrevogável: o script era distante da realidade brasileira e demasiado americano, portanto não envolveria ninguém do lado de baixo da linha do Equador.
Mas o tempo passou, e Lázaro Ramos entrevistaria Joaquim Barbosa. Seu chefe de gabinete, Silvio Albuquerque, admirador e conhecedor de Martin Luther King, entregou uma nova tradução a ele – inicialmente deixada de lado até que Taís a lesse. “A nova tradução era muito boa e ora eu ri, ora me emocionei. Finalmente fazia sentido e tive a convicção de que era viável para o Brasil. Insisti para que Lázaro a revisse e, mais tarde, com a impossibilidade do João Falcão dirigir, pressionei para que ele a assumisse”, relembra Taís. “Dirigir não estava em meus planos, principalmente porque conciliar a direção com a atuação era algo que eu sempre disse que não faria. Taís, minha grande parceira de cena e de vida, me convenceu a encontrar e acreditar na força de Martin Luther King”, prossegue Lázaro.
É um encontro, afinal, completo para o casal Taís Araújo e Lázaro Ramos – que à parte a vida conjugal comum, os trabalhos na televisão e no cinema, possuem carreiras sólidas também nos palcos. A carioca Taís Araújo faz desta sua décima peça teatral como atriz e a segunda como produtora – já esteve no elenco de Orfeu da Conceição; Personalíssima; Gimba; Liberdade para as Borboletas; Solidores; O Método Grönholm; Amores, Perdas e Meus Vestidos; Disse que Disse e Caixa de Areia. Já o soteropolitano Lázaro realizou mais de 20 espetáculos com o Bando de Teatro Olodum de 1994 a 2002, entre eles; Sonhos de Uma Noite de Verão,Ó Pai Ó e Ópera dos 3 Vinténs. Após sair de Salvador, destaque para A Máquina; Mamãe Não Pode Saber e o Método Grönholm,além de ter dirigido e escrito os infantis As Paparutas; A Menina Edith e a Velha Sentada, bem como esteve à frente da direção dos adultos Campos de Batalha e Namíbia, Não.
Foto: Juliana Hilal
Selecionamos os melhores fornecedores de BH e região metropolitana para você realizar o seu evento.