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Espaço do Conhecimento UFMG inaugura exposição em parceria com a Asmare
A partir do dia 15 de outubro o Espaço do Conhecimento UFMG realiza a exposição temporária Seu Lixandre – Narrativas de Catação. Fruto de uma parceria com a Asmare (Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Material Reaproveitável), a mostra aborda a trajetória dos catadores, suas visões de mundo, desafios e conquistas, apresentados a partir de suas próprias narrativas. Por meio de recursos audiovisuais e objetos de trabalho típicos das rotinas de coleta e seleção dos materiais recicláveis, a exposição convida a repensar a inserção dos catadores na dinâmica da cidade, trazendo suas perspectivas para o primeiro plano. O contato com a Asmare se deu no o início de 2013, quando o núcleo educativo do Espaço do Conhecimento iniciou uma série de encontros para discutir o tema da coleta seletiva, trabalhado no andar águas da Exposição Demasiado Humano. “O diálogo com os catadores gerou reflexões importantes sobre suas trajetórias de vida, seus percursos na cidade, e como tudo isso se relaciona com as transformações do reconhecimento do ofício pela população” explica Verona Segantini, coordenadora do núcleo de expografia do Espaço do Conhecimento e uma das responsáveis pela organização da mostra. Os relatos, documentos históricos, vídeos e materiais apresentam os catadores como protagonistas, sujeitos da ação, discutindo as condições de trabalho às quais são submetidos, a invisibilidade social, a marginalização da função, bem como a importância da gestão de resíduos para a vida cotidiana. Presente do Seu Lixandre “quando veio do lixo que você separou, é a cultura das pessoas que veio do lixo, então eu dei um nome: foi presente do Seu Lixandre”. (Dona Geralda) O nome da mostra faz referência a um termo criado por Maria das Graças Marçal, a “Dona Geralda”. Ela trabalha com a coleta de materiais recicláveis desde os oito anos de idade e é uma das fundadoras e atual presidente da Asmare. “Seu Lixandre” é a forma carinhosa e personificada como ela refere-se ao resíduo. “É muito interessante este elemento vivo em que se transformou o Seu Lixandre. Para eles, o resíduo não é apenas trabalho, é como se fosse um amigo”, conta Maurício Melo, coordenador do Núcleo de Arte da Asmare. Ele fala da importância da criação da Asmare na história dos catadores. “O surgimento da associação trouxe identidade para essas pessoas, que antes eram vistas como ameaças, e hoje, mesmo com os preconceitos existentes, são vistas como trabalhadores. Além da organização política, o maior benefício é a cidade passar a entender a importância da função desempenhada pelos catadores”, diz. Melo lembra, no entanto, que ainda há muito a ser conquistado. Ele ressalta a importância de provocar a reflexão sobre os preconceitos que envolvem o trabalho dos catadores, e, principalmente, sobre a invisibilidade social do grupo, em vários aspectos: “Muitos os veem como mendigos, meros incômodos no trânsito. Não existem sequer ferramentas desenvolvidas para este trabalho. Observe que eles utilizam o mesmo carrinho há anos, um veículo movido à tração humana, em pleno século XXI, e isso realmente choca”, conclui, refletindo sobre os diversos desafios que precisam ser superados pelos catadores. O Espaço do Conhecimento UFMG estimula a construção de um olhar crítico acerca da produção de saberes através da utilização de recursos museais. Sua programação diversificada inclui exposições, cursos, oficinas e debates. Integrante do Circuito Cultural Praça da Liberdade, o Espaço do Conhecimento é fruto da parceria entre a UFMG, o Governo de Minas e a operadora TIM. O Espaço conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG e com o patrocínio da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais – CODEMIG.
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