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Teuda Bara apresenta o espetáculo "Luta", no Teatro Sesiminas

Evento acontece dia 18 de outubro, às 20h

O palco se torna um ringue para que essa mulher possa contar sua história. Ela não domina o tempo, mas já o conhece com intimidade: se prepara, senta-se, e fala das coisas que viveu. Com Teuda Bara, integrante e fundadora do Grupo Galpão, Luta é um espetáculo escrito e dirigido coletivamente por Cléo Magalhães, Marina Viana e João Santos. A peça parte das próprias memórias da atriz, mas subvertendo-as e ressignificando-as. O espetáculo será apresentado no Teatro Sesiminas, no dia 18 de outubro, às 20h, no Festival SESI em cena, com ingressos a R$40 (inteira) e R$20 (meia-entrada) disponíveis pela Sympla.

De Chacrinha a Getúlio Vargas, de Nossa Senhora do Rosário à maconha, da ditadura ao desbunde, a história de Teuda se confunde com a própria história do Brasil, sobretudo com a história do teatro brasileiro. Se todos os dias são de Luta, este espetáculo é mais uma batalha e pretende ser menos sobre o passado do que sobre a construção de um futuro que, queiram alguns ou não queiram, há de ser iluminado.

AQUECIMENTO

Aqueles que falamos que não passariam...passaram. E agora? Vamos ter que vender limão no sinal para pagar as contas? Talvez. Mas continuaremos fazendo teatro. Aqui estamos nós, subindo neste palco novamente. De pé. Prontos para a Luta.

O espetáculo “Luta” de certa forma dá sequência à parceria de Teuda Bara com João Santos. O jornalista começou a escrever o perfil biográfico da atriz “Teuda Bara: Comunista demais para ser Chacrete” (Editora Javali) em 2011. Em 2015, foi convidado por ela para assinar a dramaturgia do espetáculo “Doida”, inspirado em conto de Carlos Drummond de Andrade em que Teuda dividiu a cena com seu filho Admar Fernandes, sob direção de Inês Peixoto. Foi apresentando a “Doida”, aliás, que Teuda e João ouviram, na Zap Dezoito, a sugestão da atriz e diretora Cida Falabella: vocês deveriam levar o livro para os palcos.

A vontade de criarem juntos um novo espetáculo já existia. Os acontecimentos sociais e políticos que desabaram sobre o Brasil ao final de 2018 foram o empurrão que faltava. Mas antes de voltar ao salão de ensaio, Teuda e João convocaram outros parceiros de ringue: Marina Viana e Cléo Magalhães somaram forças para a batalha. Cléo já havia se aproximado de Teuda quando foi um dos produtores dos espetáculos “Nós” (2016) e “Outros” (2018), do Grupo Galpão. Já Marina, um dos nomes mais inventivos do teatro mineiro desde o início dos anos 2000, nunca havia trabalhado com Teuda, mas além de ser colega de Cléo, no Teatro 171, teve João como parceiro em diversos projetos, sobretudo do coletivo Primeira Campainha.

PRIMEIRO ROUND

O primeiro movimento na construção da “Luta” foi o retorno ao livro do "Comunista demais para ser Chacrete" e todo o material recolhido em sua pesquisa. Foi seu autor, João Santos, que esboçou uma primeira versão dramatúrgica do texto e apresentou para Teuda: “Lemos juntos, rimos muito. Quando perguntei se ela tinha gostado, ela respondeu na hora que sim, mas vi que havia um certo incômodo. Até que ela me perguntou...esse negócio de ficar falando de mim mesma não é muito Dercy Gonçalves?”. Nada contra a Dercy, pelo contrário. Mas nossa vontade era fugir da mera narrativa biográfica documental.

“Teuda pra mim não é mito, porque mitos são mentiras. Ela é verdade, e carrega tanta coisa em sua história, em sua trajetória, que consegue encarnar um anseio libertário, uma resistência pela arte e pela alegria. Queria levar isso pra cena”, conta João.

Quando Cléo e Marina se juntaram à equipe criativa do trabalho, o que antes ainda estava muito dependente do texto, foi ganhando novos contornos. A luta-livre, que foi eleita como uma alegoria do próprio teatro, permitiu a construção de imagens e ações que, dialogando com tudo o que Teuda representa, acabavam contando mais do que palavras.

Da mesma maneira como seria impossível contar toda a vida de Teuda em um livro, seria também tolice tentar transpor toda sua história para o palco. Mas nem tudo precisa ser dito. Muito do que é mostrado, muito de silêncio, mais ainda de riso, às vezes contam até mais sobre quem é esta grande mulher.

SEGUNDO ROUND

Aconteceu uma coisa. Teuda novamente começou a agregar. Enquanto operavam o som e dirigiam os ensaios, Cléo, João e Marina naturalmente começaram a intervir na cena, em diálogo com Teuda.

“Luta” é um solo de Teuda Bara. O primeiro de uma carreira que se iniciou há mais de quatro décadas. Mas Teuda não está sozinha na luta. De dentro do palco os diretores / dramaturgos comentam, dialogam, provocam. Tem seus figurinos e estão ali. Mas quase como público, numa estratégia que visa, também, a aproximação com a plateia.

Somando-se a equipe Beatriz Radicchi assume a produção do espetáculo, Taísa Campos a cenografia e Fabiano Lanna o Vídeo Mapping. A captação de imagens, edição e as fotografias do espetáculo são de Pedro Estrada e Lucas Calixto. Marina Arthuzzi divide o desenho de luz com Rodrigo Marçal.

CRIAÇÕES DE BOLSO O projeto Criações de Bolso surge do desejo de ampliar a programação do Teatro de Bolso do Sesc Palladium com espetáculos de qualidade e relevância artística, que aproximam artistas e público, valorizando, assim, a presença e o encontro proporcionados pela arte teatral e pelo espaço intimista do teatro.

Como se constrói um mito?  "LUTA" é um espetáculo criado para e com Teuda Bara, atriz com mais de 40 anos de trajetória e uma das fundadoras do Grupo Galpão. Visitando suas memórias, a atriz, em cena, ficcionaliza sua trajetória, cria imagens, conta casos e elege a Luta como alegoria para o teatro e a própria vida. O espetáculo tem dramaturgia e direção compartilhados entre Marina Viana, Cléo Magalhães e João Santos (autor de "Teuda Bara: Comunista demais para ser Chacrete")

"Há uma camada enorme de tempo, de tempo de luta, de tempo de resistência, de consciência e defesa daquilo que é horizonte. Está conosco nesse momento. Porque há uma coisa maior que o medo daqueles que tentam impor à sociedade brasileira mais uma história de violência. Há algo maior que esse medo." Vladimir Safatle

SERVIÇO: FESTIVAL SESI EM CENA apresenta LUTA com a atriz Teuda Bara
Dias 18 de outubro de 2024, sexta-feira
Horário: 20h
Local: Teatro SESIMINAS – Centro Cultural SESIMINAS BH
Endereço: R. Padre Marinho, 60 – Santa Efigênia – Belo Horizonte – MG
Ingressos: R$ 40 (inteira), R$ 20 (meia)
Classificação 12 anos
Duração: 60 minutos
*A sessão contará com intérprete de LIBRAS.
Ingressos: https://bileto.sympla.com.br/event/98562/d/279578

Foto: Luiza Palhares

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