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Renato Torres, Zuza e Rogério Zola falam de literatura e música nas Terças Poéticas
Indicada ao Prêmio Jabuti 2014 na categoria biografia, Zuza apresenta sua obra “Divã de Papel” e o paraense Renato Torres lança na capital mineira “Perifeérico”; evento acontece no dia 7 de outubro, na Casa Una
Depois do sucesso alcançado em agosto quando promoveu uma bela homenagem a Beto Guedes com a participação de seu filho Gabriel Guedes e da Banda Falcatrua, a música volta a permear mais uma edição das Terças Poéticas. Dessa vez o encontro, que acontece no dia 7 de outubro, às 19 horas, na Casa Una de Cultura (Rua Aimorés,1451, Lourdes), traz como convidados o poeta, músico e compositor Renato Torres; a escritora Maria de Jesus da Silva (Zuza); e o jornalista e também escritor, Rogério Zola Santiago. Durante o evento a ensaísta e professora de literatura, Bianka de Andrade Silva vai falar da música como memória da humanidade. O encontro é gratuito, sujeito a lotação do espaço.
Renato Torres - Poeta, músico e compositor, o paraense Renato Torres, apresenta para o público mineiro seu primeiro livro, lançado este ano, “Perifeérico”. A obra reúne poemas produzidos de 91 a 2013 e divididos em oito capítulos ou ambientes temáticos: “a memória”, “a palavra”, “o ser”, “o amor”, “a dor”, “o inefável”, “a cidade” e “o futuro”. Trata de um lugar em que a poesia e o poeta habitam no centro da vida profunda, mítica, arquetípica, além da experiência cotidiana, mas utilizando dela para exprimir suas visões, que faz parte de algo fantasioso. “Esta obra reflete minhas buscas, histórias e origens. Meu constante exercício com a palavra e a imaginação”.
Para sua participação nas Terças Poéticas a ideia de Torres é seguir um formato inspirado nos saraus e que ele chama de “universarau”, ou seja, ele vai reunir em uma performance as três linguagens com que trabalha: poesia, música e teatro. “Visto um personagem, tipo saltimbanco, e apresento poemas e canções do universo do livro que são corporificados. A proposta é trazer toda a atmosfera, espiritualidade e materialidade que estão condensadas na obra para dentro dessa cena que apresento ao público. Portanto, não são meramente recitações de poema, de fato é uma viagem para dentro do texto buscando este cruzamento da música com o teatro e a literatura. O livro foi pensado como lugares onde o leitor pode entrar, visitar, descer/subir até o sótão das palavras e é isso que eu tento fazer vibrar na performance do universarau”, explica.
Sobre sua vinda a Belo Horizonte e participação no projeto, Renato Torres diz ser um prazer imenso. “Tenho em BH e Minas como um todo referenciais de arte muito fortes para mim, artistas que me inspiraram e me inspiram até hoje. Essa experiência de poder trazer o meu trabalho para o publico mineiro vai ser incrível, pois acredito que as pessoas vão reconhecer um pouco da cultura da cidade no que faço”.
Com mais de 20 anos de carreira, Renato começou a escrever poemas ainda criança. Aos 17, aprendeu a tocar violão e a partir daí vieram às composições autorais. Renato Torres coleciona apresentações nos principais teatros e bares da cidade e já trabalhou com grandes artistas locais como Felipe Cordeiro e Aíla Magalhães.
Maria de Jesus da Silva (Zuza) – ex-moradora de rua de Belo Horizonte, Maria de Jesus da Silva, mais conhecida como Zuza, participa das Terças Poéticas para falar de sua obra “Divã de Papel”, lançada em outubro de 2013, e finalista ao Prêmio Jabuti 2014, cuja premiação ocorre no dia 18 de novembro, na categoria biografia.
A literatura e a escrita entraram na vida de Zuza de forma inesperada. Trabalhando na época como manicure, Zuza sempre gostou muito de conversar com suas clientes e entre uma conversa e outra sobre sua triste história de vida acabou chamando a atenção da professora de literatura da PUC Minas, Vera Lúcia Felício Pereira. “Eu falava da minha vida para minhas freguesas achando graça de tudo, mas quando a Vera pediu para eu parar de contar e a partir daquele momento passar tudo para o papel a primeira coisa que eu disse é que não sabia fazer aquilo. Ela me ajudou em tudo até mesmo a iniciar a história. Posso te dizer que foi com muita tristeza que comecei esta obra, porque voltar ao passado é uma das coisas mais terríveis que existe na vida, quando somos crianças não temos a dimensão das coisas, do tamanho da dor, do sofrimento que passamos”, relembra.
“Divã de Papel”, livro de memórias, que traz com riquezas de detalhes todas as amarguras e humilhações da infância miserável de uma ex-moradora de rua, foi reconhecido não somente pela PUC-MG, mas também pela Universidade de Ottawa, no Canadá, onde foi tema de pós-doutorado da professora Ivete Walty, intitulado “Testemunha Estomacal, Fome e Escrita”. A publicação também teve apoio do jornalista Rogério Zola Santiago que auxiliou a escritora na montagem final do livro.
Embora ainda não tenha coragem de ler sua própria obra, pois como ela mesma afirma “sei que vou sofrer tudo novamente, a leitura mexe muito com o íntimo da gente, pois registra muito mais do que quando a gente simplesmente conta”, Zuza é só alegria ao falar do Prêmio Jabuti. “Onde já se viu uma semianalfabeta ser finalista de um prêmio tão importante como este. Pra mim é uma felicidade sem tamanho só veio a engrandecer ainda mais o meu trabalho. Eu nunca tive oportunidade e tempo de me dedicar aos estudos, mas sempre fui muito criativa. Tudo o que aprendi de literatura foi com minhas clientes/professoras da área”, reconhece.
Sobre a temática a ser explorada nesta edição das Terças Poéticas, Zuza tem muito a colaborar. Atualmente, ela que agora se dedica integralmente à literatura, está desenvolvendo uma nova obra. Desta vez, a escritora fará uma homenagem a sua escola de samba do coração a “Grêmio Recreativo Escola de Samba Cidade Jardim”. Ainda em fase prematura, Zuza prefere não entrar em detalhes, mas garante que a publicação sai no ano que vem.
Jornalismo, literatura e música
Ainda sobre “Divã de Papel”, o editor da obra juntamente com a Anome Livros, o jornalista Rogério Zola Santiago, que também estará presentes nesta Terças Poéticas, se diz muito satisfeito com a repercussão do trabalho de Zuza e principalmente com a indicação ao Prêmio Jabuti. “Este reconhecimento prova que inteligência literária não tem classe social, a pessoa mesmo através da fala e do discurso oral é capaz de fazer poesia.
Durante sua participação nas Terças, Santiago, que também é membro do conselho municipal da cultura de Belo Horizonte, vai apresentar alguns poemas inéditos que serão lidos por ele e por artistas convidados. “Teremos a presença de Dinorá Carmo, ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais e da atriz Maria Olívia. Considero o projeto Terças Poéticas, que completa 10 anos de trajetória, uma das mais importantes promoções literárias que apoiam e divulgam escritores em Minas Gerais, portanto estou preparando uma apresentação à altura do evento”.
Para ele, a música, assim como as artes plásticas e o cinema estão a todo momento presentes na literatura. “O ritmo, a cadência, a escolha das palavras mais melódicas, isso tem tudo a ver com música e poesia”.
Assim como Zuza, atualmente Rogério Zola tem se dedicado a concepção de um novo projeto, a obra “Exercício de Partida”, livro de poesia e prosa, prefaciado por Fábio Lucas, com previsão de lançamento para dezembro deste ano. Segundo o escritor, esta é uma publicação memorialista de seus sessenta anos de vida. Ao todo, o jornalista possui oito livros publicados, “Draga Poesia” (ilustrado por Iara Tupinambá e musicado pelo maestro Andersen Vianna), “Fragatas e Silêncios“, ”Terra Brasilis” (ganhador do primeiro prêmio do Festival Jovem na Escócia), “Oriente/Apocalipse Antecipado” e “Tudo sobre a falta de educação”, para citar alguns exemplos.
O projeto Terças Poéticas é aprovado pela Lei Rouanet, patrocínio do BDMG Cultural, produção e realização Anome Livros, Soll Produções e Casa Una. A direção e curadoria é assinada pelo idealizador Wilmar Silva de Andrade.
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