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Grupo Boca de Cena apresenta adaptação de Desgraças de uma criança, de Martins Pena

Com direção de Wenceslau Coimbra, companhia apresenta um dos clássicos da comédia brasileira

As artes cênicas mineiras surpreendem o público a cada temporada com montagens que apostam em linguagens e tendências diversas contemporâneas e ainda com adaptações inusitadas de grandes clássicos. Há uma novidade no cenário local. Se até então o que prevalecia era a produção de grupos de Belo Horizonte, aos poucos, começam a aparecer opções de qualidade também no interior. As desgraças de uma criança, novo espetáculo do Grupo Boca de Cena, companhia sediada em Congonhas, é mais um exemplo da tendência. A peça inédita, dirigida por Wenceslau Coimbra, estréia na cidade histórica nos dias 10, 11 e 12 de outubro, às 20h, no Cine Teatro Leon, com entrada gratuita. Em seguida, segue em turnê em novembro pela capital. O projeto tem patrocínio da Ferrous e apoio cultural da Prefeitura Municipal de Congonhas.

 

O dramaturgo Martins Pena (1815-1848), pioneiro da comédia no teatro brasileiro, deixou sua marca nas artes cênicas nacionais ao transformar situações cotidianas em comédias de costumes repletas de ironia. Sua obra faz falta aos tempos atuais e foi justamente isso que o Grupo Boca de Cena, resolveu buscar ao propor a adaptação de As desgraças de uma criança. O diretor Wenceslau Coimbra acha essencial recorrer ao autor para qualquer companhia que faça espetáculos de comédia. “Martins Pena revolucionou a comédia no Brasil, e, mesmo numa obra do século XIX, o contexto revela-se bastante atual. Trata-se de uma sátira à polícia, ao assédio moral, ao capitalismo e aos costumes. Levar as discussões do cotidiano para as artes é um dos papéis do teatro”, destaca.

 

A história conta as peripécias amorosas de dois conquistadores, às voltas com duas garotas. Uma babá pra lá de assanhada convence seu namorado a tomar conta do bebê, enquanto se diverte na festa da cidade. Porém, o avô da criança volta de repente. Junte ao drama os namoricos da viúva com o sacristão e o público pode entender todos os apuros e confusões que uma criança pode passar com esses personagens, que, entre disfarces, esconderijos e surpresas, darão ritmo à divertida trama.  Ambientada no Rio de Janeiro, em 1846, a peça explora, com bom humor, temas como triângulo amoroso, amores proibidos e casamento por interesse – de modo a gerar cumplicidade entre público e personagens.

 

Ao todo, entre pesquisa, expressão corporal, montagem e ensaios, foram nove meses para a construção do espetáculo. Durante a preparação, os atores se inspiraram em animais para caracterizar seus personagens (“mimese co2rpórea”), o que proporcionou gestos e semblantes únicos à interpretação, fazendo com que cada papel ganhasse a vida idealizada por Martins Pena.

 

Tradição Literária

O Grupo Teatral Boca de Cena tem se especializado ao longo de sua trajetória nas adaptações de grandes obras das literaturas brasileira e universal. A tradição teve início em 2005, com Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, o que proporcionou ao grupo a entrada em uma nova fase. Sob direção geral de Wenceslau Coimbra e direção musical de Bruno Albanez, a peça obteve grande sucesso em Minas Gerais, angariando premiações de “melhor espetáculo”, “melhor cenário”, “melhor atriz coadjuvante” e “melhor trilha sonora” em festivais regionais como o de Teatro de Conselheiro Lafaiete e Varginha.

 

Em 2006, o Boca de Cena levou ao palco os poemas de Aguinaldo Tadeu em De mineiro e louco com mais um pouco. Em 2007, encenou o também premiado espetáculo O guarda-chuva preto, com poemas de Adélia Prado. Com ele, o grupo levou os prêmios de “melhor espetáculo”, “melhor diretor”, “melhor atriz” e “melhor atriz coadjuvante” nos Festivais de Teatro de Conselheiro Lafaiete, Varginha e Governador Valadares.

 

Em 2012, o grupo revelou uma montagem interessante de Apareceu a Margarida, de Roberto Athayde. A trajetória do grupo conta, ainda, com adaptações de Sonho de uma noite de verão (Um sonho de Carnaval), de Shakespeare, e A arte de ser feliz, de Cecília Meireles.

 

Grupo Teatral Boca de Cena

Fundado há 17 anos, com a estreia do espetáculo Retrato de Mulher – de Maria Lúcia Barros Motti e com direção de Wenceslau Coimbra –, a trajetória do Grupo Teatral Boca de Cena tem sido marcada por vários espetáculos de palco, sempre trabalhando com a ideia da construção cênica a partir de textos poéticos. O grupo tem, em seu histórico, peças como A bateia das almas, de Vicente Aladim, Romanceiro do Aleijadinho, de Stella Leonardos, A bruxinha que era boa, de Maria Clara Machado, Infinito Instante, de José Cimino, Brasileiro: Profissão, Esperança, de Paulo Pontes, entre outros.

 

Atualmente, o grupo conta com cerca de 30 participantes, de várias faixas etárias. Junto ao diretor, os atores/criadores contribuem com suas diversificadas habilidades, como música, criação de cenário e figurino, preparação vocal e corporal. Essa multiplicidade de talentos é a marca do grupo, que leva sempre um grande elenco à cena.

 

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