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Confira a entrevista com Marcello Boffat durante o Workshop ministrado por ele em BH:

BH Eventos - As técnicas ensinadas no workshop são voltadas também para a fala ou são específicas para o canto?

Marcello Boffat - As técnicas que eu apliquei aqui no workshop são mais voltadas para a voz cantada, porém os princípios que se baseiam e que norteiam essas técnicas podem ser usados no teatro, na voz falada, numa voz jornalística ou ainda na voz cotidiana. Eu procuro misturar as questões artísticas com as questões de fisiologia. Na verdade, o fundo do meu trabalho é uma voz saudável, uma manutenção dessa voz sem que isso coloque a pessoa num lugar de comodismo. É uma voz saudável e ao mesmo tempo de uma forma que a pessoa se desafie a fazer coisas novas.

BH Eventos - O biótipo e o porte de uma pessoa pode favorecer ou desfavorecer o canto?

Marcello Boffat - Eu acho que a questão não é favorecer ou desfavorecer o canto. A base do meu trabalho se baseia em duas coisas que no começo podem parecer complicadas: eu acredito na corporificação do som, eu acho que o som tem um corpo, uma forma física, e eu acredito na sonorização da coisa física. O corpo tem uma voz e a voz tem um corpo. E elas devem ser trabalhadas ao mesmo tempo. Nós produzimos um som porque temos um determinado tipo de corpo, mas ao contrário nós também temos um determinado comportamento físico porque temos um determinado tipo de emissão vocal, de timbre vocal, ou de personalidade vocal. As coisas são interligadas também, então acho que a gente só consegue uma mudança vocal com uma mudança física. Ou ao contrário, eu preciso trabalhar o físico da pessoa pra chegar a alguma alteração vocal.

BH Eventos - Você acha que qualquer pessoa pode cantar bem com treino e usando essas técnicas?

Marcello Boffat - Eu acho que sim, que qualquer pessoa pode vir a cantar. O problema é que não é qualquer pessoa que se dispõe a cantar. Uma coisa é a pessoa que já nasce sabendo fazer aquilo. Podemos dizer que é um dom, uma habilidade. Outra coisa é uma pessoa que não nasceu sabendo fazer aquilo e conseguiu fazer. Eu digo por que eu fui um caso que tive vários “nãos” no começo. Fui reprovado pelo professor da escola, expulso da sala pelo meu primeiro professor de canto na Itália. Então eu conheço essa dificuldade, porque eu tinha muita vontade de fazer isso, muita vontade de ser ator, tinha vontade de ser cantor, e fui atrás disso muito disciplinadamente. É preciso uma disciplina para conseguir um resultado bacana nisso.

O Próximo workshop com Marcello Borffat já tem data marcada. Dias 28 e 29 de novembro. As inscrições já estão abertas.

Por Fernanda Bretas, Belo Horizonte