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Sempre Um Papo recebe Ivana Arruda Leite
O Sempre Um Papo recebe, integrando a série Nova Literatura Brasileira, a escritora Ivana Arruda Leite para debate e lançamento do livro Alameda Santos (Ed. Iluminuras). O evento ocorre no dia 30 de setembro, segunda-feira, às 19h30, no Teatro João Ceschiatti do Palácio das Artes. Entrada gratuita. Alameda Santos é um livro que nasceu para ser ouvido. Na semana entre o Natal e o ano novo (época propícia para balanços, planos, retrospectivas e depressões), enquanto a filha passa férias com o pai, uma mulher de trinta e poucos anos, desquitada, senta-se diante do gravador e narra para si mesma os principais acontecimentos que viveu durante o ano, ritual que ela repete de 1984 a 1992. “Quer solidão maior do que passar a tarde falando num gravador pra ouvir a própria voz?”. Mas o que pode parecer excessivamente dramático ganha contornos tragicômicos não só porque enquanto grava, a personagem vai se encharcando de vinho, cerveja ou vodca, como pela habilidade de Ivana Arruda Leite em nos fazer rir das piores desgraças. Assim como nos seus contos, este romance é cheio de situações que, na pena de qualquer outro autor, arrancariam lágrimas mas, descritas com seu humor autocorrosivo, tornam-se hilárias e absurdas. Embora este não seja um livro bem humorado, o humor é um elemento constitutivo e indissociável da escrita de Ivana Arruda Leite, que é engraçada sem querer. Suas mulheres são patéticas, ridículas, carentes, solitárias mas sem um pingo de autopiedade. Sabem rir de si próprias, perdoarem-se e seguir em frente. Desta vez não é diferente. Em Alameda Santos, além da paixão exagerada à la Cazuza (pra citar alguém com quem a protagonista se identifica), das brigas com o ex-marido, das rejeições amorosas, da tumultuada paixão que vive por um homem casado, da vontade ininterrupta de se atirar do oitavo andar e morrer esborrachada na Alameda Santos, Ivana também nos oferece uma deliciosa viagem ao final dos anos 80, quando a aids ainda não era o que veio a ser e o sexo era celebrado com frenesi: “naquela época ninguém voltava sozinho do Bexiga”. Temos aqui um retrato em cores ácidas do Brasil que lotava praças na esperança das Diretas Já e celebrava o sol da democracia raiando no horizonte. Época em que o karaokê e o vídeo cassete viraram manias nacionais e ninguém perdia um capítulo de Pantanal. A história termina em 92, quando a aids ceifava vidas aos borbotões e o Brasil se comovia com o assassinato de Daniela Perez. Tempos de hiperinflação e presidente deposto. A autora jura que estas fitas existem de fato e que os acontecimentos aqui narrados são todos verdadeiros. Mas como confiar se, em seguida, ela adverte: “não acreditem no que eu digo aqui”? Ivana Arruda Leite nasceu em 1951, em Araçatuba (SP); é mestre em Sociologia pela Universidade de São Paulo. Publicou três livros de contos: Histórias da Mulher do Fim do Século (1997), Falo de Mulher (2002) e Ao Homem Que Não Me Quis (2005), finalista do prêmio Jabuti. Escreveu uma novela Eu Te Darei o Céu – E Outras Promessas dos Anos 60 (2004) e dois romances: Hotel Novo Mundo (2009), finalista do prêmio São Paulo e Alameda Santos (2011). Participou de inúmeras antologias, dentre as quais: Geração 90 – Os Transgressores, 25 Mulheres Que Estão Fazendo a Nova Literatura Brasileira, Contos de Escritoras Brasileiras, etc. É autora de livros infantis e infanto-juvenis. Tem o blog www.doidivana.wordpress.com.
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