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O mês das crianças está chegando e o Museu está com uma exposição já pronta só aguardando o dia 5 de outubro para inaugurá-la. A temática escolhida para este ano de 2013 são os Jogos Eletrônicos com exemplares deste brinquedo de diferentes épocas e nacionalidades, além de diversas ações educativas que irão propor reflexões de forma lúdica e interativa. A concepção da exposição Quando iniciamos as pesquisas sobre jogos eletrônicos e as delineações conceituais da museografia foi natural a linguagem high tech vir à tona. No entanto, evoluindo as discussões sobre suas origens, verificamos que antes mesmo de serem eletrônicos, estes brinquedos são jogos e, por isso, possuem sua essência baseada no raciocínio, no entretenimento, na simulação, na sorte e na competição - pressupostos também do mais arcaico e antigo jogo. Com o passar do tempo e o aprimoramento intelectual do homem, os jogos vão mudando suas plataformas, saindo dos suportes naturais (pedras, madeira, celulose) até chegar às tecnologias atuais (TVs, consoles, celular, computadores). Paralelo a esta constatação, verificamos que, atualmente, há uma presença excessiva da tecnologia e recursos interativos tanto no cotidiano das pessoas quanto em museus, sendo, algumas vezes, uma celebração gratuita da tecnologia. Tendo isso como norte, vislumbramos a possibilidade de contar a história dos videogames estabelecendo um diálogo entre as plataformas de diferentes épocas e uma linguagem estética eletro-eletrônica atemporal. Neste contexto, um grupo de artistas surgiu como uma parceria indiscutível: o coletivo Gambiologia – formado pelos profissionais Fred Paulino, Lucas Mafra e Paulo Henrique Pessoa (Ganso). Inspirados em conceitos de improvisação, criatividade e arte eletrônica, esta turma cria artefatos eletrônicos multifuncionais adequados ao conceito museográfico que optamos. Com o grupo de trabalho definido, a montagem da exposição e as ações educativas que a permeiam foram definidas buscando contribuir com algumas reflexões - qual é a essência de um jogo eletrônico, como ele surgiu, o que ele fala de nossa sociedade e para onde sua tecnologia e uso apontam -; e ainda estimular as pessoas a perceberem que o verdadeiro impacto tecnológico depende do uso que fazemos. E, como todo brinquedo, o jogo eletrônico vem refletindo valores e descobertas de nossa sociedade que, nas últimas décadas, descobriu e supervalorizou a interatividade virtual e consolidou laços afetivos com pouca presença física. Os recursos interativos utilizados irão também imprimir um caráter lúdico, fazendo o visitante explorar a sala que, em si, pode ser vista como um jogo onde cada um de nós é o personagem central e interfere no ambiente a partir de um toque, da produção de sons e luz, ou manuseando algum dispositivo. Queremos dar o recado que, em qualquer ato de brincar, a pessoa é sempre a figura central. Dos brinquedos eletrônicos aos mais tradicionais e arcaicos, nós temos que ser o personagem e o controle, independente de qual seja a tecnologia existente ou a ser criada no futuro. Para completar as atividades, haverá oficinas onde crianças e adultos poderão construir seu próprio videogame, contudo, com uma surpresa: nada de comutador e internet. Vamos usar caixa de sapato, papel colorido ou tampinhas de garrafas e bolinhas de gude, e construir uma bagatela ou pinball, como a maioria conhece. Vivenciando esta exposição e suas atividades, o Museu dos Brinquedos busca propor reflexões de que os desafios já foram lançados e a própria sociedade já vem apontando novos caminhos, fazendo resurgir valores e desejos que resgatam a importância do coletivo, da integração e interatividade entre corpos presentes, através do toque, olho no olho, diálogos e sensações mais viscerais e menos virtuais. E o mais interessante disso tudo é que este também foi o caminho traçado pela evolução do brinquedo que tem seu início na interaçãodo homem com a natureza e nas suas descobertas, um retorno às origens, como um ciclo virtuoso.