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Segunda Fase do Ciclo de Exposições do Memorial Minas Gerais Vale
O Memorial Minas Gerais Vale abre a segunda temporada do Programa de Exposições 2013/2014 com as mostras: “América, Sacco e Vanzetti não podem morrer” de Ricardo Burgarelli e “Guerra dos Perdidos” de Luisa Horta e Ricardo Burgarelli. Ambas serão apresentadas na Sala de Exposições, a partir da próxima quarta-feira, 18 de setembro, e irão até o dia 1º de dezembro. Segundo o coordenador geral do Programa, Eduardo de Jesus, as exposições possuem forte ligação entre si ao nos convocarem a pensar sobre o modo como os fragmentos de lembranças e acontecimentos acentuam as tensões entre memória e história, revelando novas formas de criação, articulação e fruição entre os saberes vindos da história e aqueles que fabulamos em nossos processos de subjetivação. As duas mostras se estruturam dando visibilidade a lembranças paradoxalmente lacunares e precisas, inteiras e fragmentadas, além de criarem um sedutor jogo entre as evidências da história, as potências do falso e as possibilidades da memória. “Os trabalhos traduzem-se nas construções de um imaginário contemporâneo como o lugar de repensar as estratégias do poder, as atuais formas de visibilidade e, sobretudo, o estatuto da memória hoje em dia”, explica Eduardo. Ricardo Burgarelli, individualmente, na exposição “América, Sacco e Vanzetti não podem morrer”, mostra intervenções formais em reproduções ampliadas de antigos jornais nacionais e internacionais que trataram da condenação à morte dos italianos e anarquistas Sacco e Vanzetti nos Estados Unidos, no final da década de 1920, fato que mobilizou todo o mundo. Repleta de controvérsias e despertando manifestações de repúdio em diversos países, inclusive no Brasil, o caso Sacco e Vanzetti, como ficou conhecido, foi uma forma de penalizar o sapateiro e o peixeiro, respectivamente, por suas atuações nos movimentos sociais. Para retomar o caso, Ricardo busca uma memória sedimentada e documentada nas primeiras páginas dos jornais para intervir e dar novas possibilidades de sentido. Não apenas para o caso em si, mas para as imagens, textos e intervenções no atual contexto geopolítico mundial. O artista constrói nas reproduções ampliadas rigorosas intervenções geométricas abstratas, colocando o caso numa trama temporal, gerando uma nova camada de sentido ao aproximar o gesto estético de apropriação e intervenção das questões políticas que motivaram a execução de Sacco e Vanzetti. O artista explica que o interesse pelo tema da exposição começou cedo, quando se declarou anarquista. “Dessa época me lembro de ver em casa um pequeno livro antigo ou uma cartilha chamado ´Sacco e Vanzetti – O protesto brasileiro´ e de ficar impressionado com a ocorrência de greves gerais no Brasil em prol dos dois anarquistas. Recentemente, já tendo desenvolvido trabalhos a partir de pesquisas em hemerotecas e acervos de jornais, decidi construir algo a partir desse caso tendo como mote a comoção mundial em protestos, greves, doações e atos de depredação em defesa da liberdade dos italianos”, explica. Ricardo conta que se apropria de fragmentos de memórias e constrói vestígios a partir daquilo que lhe interessa, enquanto técnica, imagem, narrativa, objeto e ideologia. “Nos meus trabalhos, lido com esses fragmentos mnêmicos a partir da potencialização da dimensão imaginária inerente à constituição da memória, acreditando ser, na prática artística, possível não apenas exercitar a rememoração, mas trabalhar adentrando na própria potência ativa das centelhas do passado”, declara. Já na instalação “Guerra dos Perdidos”, Luísa Horta e Ricardo Burgarelli vão acionar as questões da memória em outra direção. A obra traz imagens, textos e fragmentos de objetos que recontam uma suposta guerra criando uma narrativa que oscila entre história e fabulação. A exposição se constrói na força do imaginário e na expressiva fisicalidade de uma memória que se trama entre lacunas, dúvidas e novas fabulações. “Os objetos e as imagens que trazemos à exposição se monumentalizam enquanto arquivos, funcionam como estruturas simbólicas do passado na articulação de tempos e eventos justapostos na associação dos campos do real e do imaginário”, conta Luísa Horta. A artista explica que seu trabalho atravessa a narrativa do acontecimento, seja ele histórico ou doméstico, considerando as muitas camadas que o comportam. “O que eu e Ricardo fazemos é trabalhar com a profundidade e a sobreposição dessas camadas, de certo modo balançando os significados desses pedaços que são estremecidos quando colocados em contato”, evidencia. EDITAL O edital do Memorial Minas Gerais Vale selecionou seis artistas de até 30 anos de idade para exporem seus trabalhos por, aproximadamente três meses nas galerias do Memorial. Foram recebidas cerca de 70 propostas de diversas regiões de Minas Gerais. Os artistas selecionados receberam um prêmio de R$ 7 mil além da montagem da exposição. Entre os projetos estão instalações, desenhos, pinturas e vídeos. Os artistas contemplados no Edital foram selecionados por uma comissão composta por quatro curadores: Francisca Caporalli (diretora do JACA - Jardim Canadá Centro de Artes); Júlia Rebouças (curadora do Instituto de Arte Contemporânea Inhotim, Minas Gerais); Wagner Tameirão (gerente do Memorial Minas Gerais Vale), além de Eduardo de Jesus (professor da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas), que coordena esse programa. Próximas exposições Camila Otto e Renata Laguardia - 10 de dezembro de 2103 a 10 de março de 2014 Exposição Estandelau - 01 de abril de 2104 a 29 de julho de 2014 Sobre Ricardo Burgarelli Graduado em Gravura e Desenho pela Escola de Belas Artes da UFMG, já realizou diversas exposições, como Projeto “Cine-jornais”, no Espaço TIM UFMG, em 2013; “Arquivo de Obras em Acabamento”, na Galeria principal do Centro Cultural da UFMG, em 2012; “BienalUniversitária de Arte – Bienal 1” , na Galeria do Sesc Palladium, em 2012;“Situações” Museu Nacional de Brasília, em 2012; “TáticasHeterogênas/ AproximaçõesEntrópicas”, no Centro de convenções da FAOP, de OuroPreto, em 2012; “Nó” - Espaço 104, em Belo Horizonte, 2012; “Jornal da Imagem Imagem do Jornal” - Galeria de Arte do Espaço Cultural da CEMIG, em Belo Horizonte, 2012; MOSTRA! Exposição anual dos alunos de Artes Visuais da Escola de Belas Artes - Centro Cultural da UFMG, em Belo Horizonte, 2011; Exposição final do IncomoDA 2010. na Escola de BelasArtes, da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2010. Já recebeu dois prêmios: Prêmio aquisição pelo Museu Nacional do Conjunto Cultural da República, no salão Situações Brasília: Prêmio de Arte Contemporânea do Distrito Federal” com o trabalho “Arquivo de obras em acabamento” (2012) e Artista premiado na MOSTRA! Exposição anual dos alunos de ArtesVisuais da EBA com o trabalho “Um lugar ao Sol” (2011). Sobre Luisa Horta Graduanda em Artes Gráficas e Fotografia pela Escola de Belas Artes da UFMG, já realizou inúmeras exposições, como “Arquivo de Obras em Acabamento”, no Centro Cultural da UFMG, em Belo Horizonte, 2012; “Bienal Universitária de Arte – Bienal 1” - Galeria do Sesc Palladium, em Belo Horizonte, 2012; “Situações” – Museu Nacional de Brasília, 2012; “Corpo Coletivo” - Centro Cultural da UFMG, em Belo Horizonte, 2011; “AteliêAberto #02” - Casa Tomada, em São Paulo,2010. Em 2012 atuou como diretora de arte e figurinista dos longas-metragens “O Uivo da Gaita” de Bruno Safadi e “O Rio nos pertence” de Ricardo Pretti e do espetáculo “Diário do Último Ano” de Júlia Branco. Sobre o Memorial Minas Gerais Vale O Memorial Minas Gerais Vale - resultado da parceria entre a Vale, a Fundação Vale e o Governo de Minas (integrante do Circuito Cultural Praça da Liberdade) - mais do que um espaço dedicado as tradições, origens e construções da cultura mineira é um lugar de trânsito, tensionamento e cruzamento entre a potência destas manifestações fundantes e as pulsações mais contemporâneas e atuais da arte e da cultura. Longe de dar visibilidade apenas a um recorte histórico, o Memorial coloca em contato direto presente e passado promovendo, com esse gesto, outras formas de aproximação do público com as questões que atravessam nosso tempo. Toda essa dinâmica visa gerar processos de fruição – sejam eles vindos da história ou das produções contemporâneas – mais intensos, renovadores e criativos estabelecendo novas modos de pensar identidade e memória série de mostras que compõem o Ciclo de Exposições 2013/2014 do Memorial Minas Gerais Vale vamos trazer ao público um panorama complexo e instigante da produção de seis jovens artistas e coletivos mineiros. A ideia é dar visibilidade a diversidade de discursos e estratégias da arte contemporânea produzida por aqui garantindo aos jovens artistas boas condições de exposição e acesso. O gesto, mais uma vez, é aproximar passado e presente como forma de nos inserirmos no mundo e revelarmos assim nossas singularidades diante dele.
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