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Neste mesmo mês de setembro, no ano de 2011, cortou os ares da movimentada região do centro de Belo Horizonte, uma espécie de uivo. Não um uivo qualquer. Um chamado. De tudo que é canto podemos ver poetas saindo em direção ao grande grito. Descobriu-se de imediato a poesia escondida no tempo e um segredo guardado no espaço: a ocupação é a forma mais legítima de luta nos dias atuais. Assim, um antigo rito voltou a fazer parte do cotidiano: ouvir e dizer poemas. Ao longo de sua existência, o Sarau Vira Lata já realizou quase 60 intervenções em diversos lugares da capital. A forte e poética linguagem ‘marginal’ que representa a rua como solo fértil cultural, além do espaço do improviso que abraça qualquer um que deseje se expressar mediante um público à sua maneira, levou Gabriel Canedo à produção de um documentário, intitulado Multivocidade, que retratasse essa grande “cidade invisível” que é o Sarau. No curta-metragem, toda essa linguagem mescla-se a imagens urbanas do dia a dia, que retratam a ocupação do tempo e do espaço da cidade e de seus cidadãos. São imagens sobre tendências e eventos, hábitos e o improviso, sobre identidades que acompanham a falta de unidade a qual uma grande cidade como Belo Horizonte está acostumada.