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"Nós vamos ficando adultos e esquecemos de um quintal que um dia vivemos. A gente tem esse quintal. E tem uma criança perdida lá dentro. Se eu consigo transmitir isso para as pessoas, pode ser que essa criança volte. Daí passamos a ver as coisas de maneira diferente, porque a vida é bela e boa de se viver". É com esse espírito que o artista plástico Ricardo Ferrari define a mostra Quintais de Ferrari, exibida no Museu Inimá de Paula entre 17 de setembro e 06 de outubro. Ferrari, que não expõe na capital desde 2008, trará, ao todo, 60 telas para o MIP. Utilizando a técnica de óleo sobre tela, o artista recria um universo infantil e lúdico, que tem a criança e as brincadeiras como centro. Para essa mostra, o artista agrega um elemento novo ao seu quintal: o circo. "Dessa forma, os quadros ganharam mais encantamento, mais magia e ludicidade. Tudo isso é somado à grande variedade de cores, sempre muito vivas dentro desse tema. O circo é uma verdadeira fonte de sonhos", afirma Ferrari. Para a crítica de arte e curadora do Museu Inimá de Paula, Guiomar Lobato, a principal criança da obra de Ricardo é ele mesmo. "Do artista não se pode dizer que ele pinta crianças. Ele pinta sendo criança. Pinta cada personagem de seu mundo infantil, incorporando, ele próprio ao personagem, naquele momento", comenta. Natural de Belo Horizonte, Ferrai tem 62 anos, sendo mais de 50 deles dedicados à arte – afinal pintou seu primeiro quadro ainda criança, aos nove anos. Autodidata, mora em um sítio na cidade de Rio Acima, em Minas Gerais, onde tem seu ateliê. A simplicidade e a estética se transpõem da vida para a obra. Ricardo participou de 19 exposições coletivas e 11 individuais e coleciona vários prêmios e dezenas de participações em salões de arte. Além das telas, os visitantes poderão assistir ao curta-metragem Quintais de Ferrari, de Juliana de Carvalho, que mostra o pintor trabalhando in loco, no “mato”, em seu quintal.