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Exposição e livro sobre a bíblica Madalena desembarcam em Contagem provocando a reflexão
Projetos de Ayam Ubrais Barco movimentam a cena artística de Contagem
Após celebrar 25 anos de carreira em 2024, o multiartista baianeiro Ayam Ubrais Barco volta à baila com dois projetos inéditos: a exposição “Madalenas” e o livro “Madalena & o Mar”. A abertura da exposição vai acontecer simultaneamente ao lançamento do livro, no dia 17/09, a partir das 18h, na Biblioteca Pública (rua Bernardo Monteiro, 105, Centro), em Contagem. Com entrada gratuita, o público poderá apreciar os projetos de linguagens distintas, porém, com conexões que celebram a memória e a resistência popular.
“Este projeto parte da figura histórica de Madalena, transformada em metáfora daquilo que ela foi em vida: uma lutadora militante fidedigna aos princípios partilhados por Jesus para a conversão das pessoas a uma mentalidade distinta da imposta pelo império romano e a construção de uma sociedade igualmente distinta à de Roma”, explica Ayam, completando: “Ao se juntar a Jesus, Madalena rompe com o rito de subalternidade ao qual as mulheres de sua época estavam duplamente submetidas e, reconstruindo a si própria, ela se torna a aliada mais fundamental na construção do novo reino anunciado na promessa de mudar as consciências e os alicerces sócio econômicos exploratórios do império”, garante.
A exposição “Madalenas”, que permanecerá em cartaz na Biblioteca Pública até o dia 10 de outubro, reúne vinte telas criadas em lápis sanguíneo, acrílica e nanquim sobre papel cartão. As obras são acompanhadas por pequenas esculturas em cerâmica – mãos e pés que remetem tanto à crucificação de Jesus quanto às milhares de crianças vítimas do genocídio na Palestina. “Madalena sendo a metáfora dessa luta irredutível é expressa como a amálgama de todas as lutas populares contra impérios, em todos os tempos históricos, e que não esmoreceram nunca, mesmo diante do possível martírio”, explica Ayam.
O livro “Madalena & o Mar” amplia essa reflexão. Ao todo, 22 poemas e 7 gravuras celebram Madalena como encarnação do contraponto entre reinos inconciliáveis. “É aquela que diante do embate não teme um só instante, não nega, não duvida, não trai. É aquela que compreende que o reino da partilha não morre com Jesus: ressuscita sempre”, filosofa o também escritor, que traz metáforas e aliterações em defesa das lutas dos povos contra os impérios, tendo sempre Madalena como o símbolo fundamental dessas lutas.
A interligação entre as linguagens da exposição e do livro atravessa todo o projeto. “Pessoalmente, escrevo poemas para fazer cinema. Sempre que escrevo um poema ou canção, ponho uma ruma de metáforas que são, por assim dizer, uma figura de linguagem cinematográfica. Cada verso traz consigo cenas e imagens como se fossem um filme”, conta Ayam, que vai circular com o lançamento do livro até novembro, realizando recitais e encontros em espaços culturais da cidade de Contagem. No dia 27/09, por exemplo, ele estará no sarau “Nós Somos Contagem”, no Parque Cataguás (antigo Fernão Dias), de 13h as 17h.
Com curadoria e produção de Andreia Carvalho, a exposição é também um gesto político. Para o artista, o projeto representa sua própria trajetória: “É toda a minha vida até então. Madalena é a metáfora de uma luta por persistir em não aceitar a desumanidade imposta. Insistir em nos mantermos focados no amor e na partilha quando querem normalizar ódio e desigualdade é essencial, esperançoso e fundamentalmente foda”, descreve.
Realizado com recursos da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura – PNAB, Edital n° 002/2024 - Projetos Culturais de Contagem/MG, a exposição “Madalenas” e o livro “Madalena & o Mar” celebra a persistência da arte em seu papel de denúncia, memória e transformação. As ações tanto da exposição quanto do livro contam com recursos de acessibilidade, incluindo intérprete de Libras, audiodescrição nos materiais de divulgação, legendas em vídeos e espaços com rampas, sinalização e cadeiras reservadas.
CINEMA. Na abertura da exposição e no lançamento do livro, no dia 17/09, o público também terá acesso a uma sessão de filmes do Cine Navegança 2025 - 2ª Edição. Na sequência, vai rolar uma roda de conversa com convidados, com produtores dos filmes exibidos e com o próprio Ayam Ubrais Barco. “Na primeira edição do Cine Navegança, eu fui homenageado através dos filmes em que trabalhei como trilheiro sonoro e, às vezes, como ator. Nesta segunda edição, trabalhei como curador, e a produção considerou fundamental aproximar as linguagens artísticas diferentes, porém complementares”, explica Ayam.
Abertura da exposição “Madalenas”
Lançamento do livro “Madalena & o Mar”
Data: 17/09 - 18h
Galeria da Biblioteca Pública (rua Bernardo Monteiro, 105, Centro) - Contagem
Período da exposição: 17/09 a 10/10
Circulação do livro: 17/09 a 30/11/2025
Instagram: @ayamubraisartes
QUEM É AYAM?
Nascido na Bahia e agora radicado em Minas Gerais, Ayam Ubrais Barco é um legítimo baianeiro. Filósofo pela Universidade Estadual de Santa Cruz de Ilhéus (BA), ele atua como obreiro da arte (artista plástico, cantautor, escritor, etc). Residente em Contagem, o baianeiro criou para suas obras uma técnica própria, que foi chamada de “filisminogravura”, em homenagem à avó materna Filismina, que foi sua primeira orientadora artística. Outro fato interessante está no nome do artista. “Ayam é o nome de nascença. Ubrais surge por conta da minha mãe católica crer que eu era possuído por um demônio de mesmo nome. Isso me fez passar por inúmeras sessões de exorcismo com água benta e berros”, relembra ele, citando que ‘Barco’ foi uma escolha inspirada por um episódio curioso com um carro de som que trafegava pela cidade onde nasceu.
Foto: THIAGO GUARAH/DIVULGAÇÃO
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