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“Automação para inglês ver”? Por que muitas empresas brasileiras compram robôs, mas não usam direito
Gastos milionários, subutilização de equipamentos e falhas na integração tecnológica fazem parte do retrato de várias fábricas no Brasil. A PMA comenta como evitar desperdícios e tornar o investimento realmente estratégico
Nos últimos anos, a adoção de tecnologias digitais, incluindo automação com sensores, sistemas inteligentes e outros recursos da Indústria 4.0 tem crescido de forma expressiva nas indústrias brasileiras. Uma pesquisa da CNI revelou que, em 2021, 69% das empresas industriais utilizaram ao menos uma tecnologia digital, frente a um percentual significativamente menor no passado. Além disso, o uso de automação digital com sensores mais que triplicou entre 2016 e 2021, passando de 8% para 27% .
Mesmo com esse avanço, muitos equipamentos acabam subutilizados, sob operação, ou não integrados aos processos existentes, o que dá origem ao fenômeno que queremos abordar: a “automação para inglês ver”. Ou seja, os investimentos são feitos, mas as tecnologias não geram o retorno produtivo esperado, seja por falta de planejamento, integração ou capacitação.
Para o especialista em desenvolvimento tecnológico Hugo Ferreira, Diretor da PMA Automação Industrial e palestrante, o problema está menos no maquinário em si e mais na forma como as empresas lidam com a automação. “Muita gente enxerga a automação como a compra de um hardware, quase como adquirir um carro de luxo para exibir. A decisão é motivada por seguir tendências ou por medo de ficar atrás da concorrência. Mas, sem planejamento, o robô vira um enfeite caro no chão de fábrica”, comenta.
O problema vai além da compra
Segundo o especialista, os erros mais comuns acontecem no planejamento e, principalmente, na integração. “Comprar é fácil. O desafio está em conectar o equipamento com a linha de produção, com os sistemas de gestão (ERP/MES) e, sobretudo, preparar as pessoas que vão operar e manter o sistema”, explica.
Esse cenário é mais recorrente em setores que ainda não têm uma cultura de inovação consolidada. Indústrias que trabalham com margens apertadas e precisam de resultados imediatos, mas não investem no preparo adequado, acabam se tornando as mais vulneráveis.
Para evitar frustrações, a recomendação é começar pelo diagnóstico correto: entender qual gargalo de produção precisa ser resolvido antes de pensar em qual máquina adquirir. Além disso, Ferreira destaca a importância do planejamento integrado, do treinamento da equipe e da escolha de um parceiro estratégico, que ofereça consultoria e suporte contínuo.
Os prejuízos da má implementação
Os impactos de uma automação mal planejada são expressivos:
Financeiros: ROI negativo e custos elevados de manutenção;
Operacionais: ineficiência e até interrupções na produção;
Estratégicos: perda de confiança na automação, o que pode atrasar futuros investimentos em inovação.
Fonte: Hugo Ferreira — Diretor PMA Automação Industrial | Especialista em Desenvolvimento Tecnológico e Palestrante.
Foto: Divulgação
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