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Poeta português Paulo Pego e a poetisa paraense Luciana Brandão lançam obras nas Terças Poéticas

Dentro da programação, agendada para o dia 9 de setembro, a ensaísta e professora de literatura, Bianka de Andrade Silva, fará uma homenagem ao jovem poeta português, falecido aos 28 anos, Daniel Faria; o evento é gratuito

O intercâmbio entre a poesia do Pará e Portugal dá o tom à próxima edição das Terças Poéticas, agendada para o dia 9 de setembro, às 19 horas, na Casa Una de Cultura (Rua Aimorés, 1451, Lourdes). Nesta apresentação o evento conta com a presença da poetisa paraense, Luciana Brandão, que lançará suas obras “Entre” e “Os tempos da escrita na obra de Clarice Lispector – no litoral entre a literatura e a psicanálise” e do poeta português Paulo Pego, que apresentará suas mais recentes publicações “Poesia” e “Em Forma”. A abertura do evento será realizada pela ensaísta e professora de literatura, Bianka de Andrade Silva, que fará uma homenagem ao poeta português Daniel Faria. Como tradição da Casa Una, o evento é gratuito, sujeito a lotação do espaço. Mais informações pelo telefone: 31|3235-7314 ou contato@casauna.com.br.

 

Luciana Brandão Carreira - nasceu em Belém. Graduada em Medicina pela Universidade Federal do Pará em 1997, fez residência em Psiquiatria na Pontifícia Universidade Católica de Campinas (SP-2000), mestrado em Psicologia Clínica no Laboratório de Psicophatologia Fundamental na Universidade Católica de Pernambuco (2003) e Doutorado em Psicanálise na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2012), com Doutoramento sanduíche na Université Paris 13, França. É professora adjunta do Departamento de Saúde Especializada da Faculdade de Medicina da Universidade do Estado do Pará (UEPA) e também supervisora clínica no ambulatório de Saúde Mental da Faculdade de Medicina Cesupa, em Belém.

 

Trabalha na interface entre arte e psicanálise, com vários artigos publicados nesse âmbito. Participa ativamente da vida cultural da cidade onde mora com a realização de Saraus que reúnem poesia, música e artes plásticas. Ao falar sobre o interesse pela escrita, Luciana conta que cresceu em uma casa em que a literatura se fazia presente. “Minha mãe é poeta e sempre a via lendo e escrevendo. Havia uma transmissão que era da ordem do inexplicável. Não sei dizer se foi ela que determinou essa minha veia literária, até porque tenho duas irmãs e nenhuma delas tiveram essa herança, mas posso afirmar que houve sim, uma influência e um legado muito grande por parte dela. Gradualmente a escrita ficou mais presente em minha vida e fui sendo levada por autores como Clarice Lispector, Fernando Pessoa e outros”.

 

Segundo a poetisa, a opção pela psicanálise aconteceu justamente pelo fato do campo clínico ter mais afinidade com as artes. “A psicanálise tem o poder de alcançar de forma mais ampla a vertente artística, ela me alimenta e me possibilita clinicar de uma maneira mais singularizada, sutil, me proporcionando um grau de instrumentalização maior. A psicanálise é a profissão, mas só dá para ser exercida com a via poética, que me permite tocar as pessoas”, explica.

 

Em sua participação nas Terças Poéticas, Luciana Brandão se prepara para lançar duas obras: “Entre” (2014), seu primeiro livro de poemas publicado pela editora Verve e “Os tempos da escrita na obra de Clarice Lispector – no litoral entre a literatura e a psicanálise” (2014), editado pela Cia de Freud.

 

“Entre” é um livro poético, concebido acerca e a partir do amor, quando o silêncio é acolhido pela palavra. Entre o poema e a prosa, é possível dizer que o tempo é a principal temática dessa obra, cujo título também é um convite à que nela se penetre. É a entrada no tempo ao qual esse livro-lugar nos lança ares de eternidade. Para a autora, “Entre” pode ser definido como uma miscelânea de estilos.

 

Em “Os tempos da escrita na obra de Clarice Lispector” é possível ver o engajamento de Luciana numa busca insistente, situando como a escrita de Lispector permite a experiência de um tempo único no campo da linguagem.

 

Além das obras a serem lançadas, a autora, que é membro da Nova Ordem da Poesia (NOP), desde 2009, possui alguns E- books escritos em parceria com outros autores.

 

Paulo Pego – nasceu em 1967, em Barcelos (Portugal). É doutor em Direito, professor da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e Jurista-Linguista do Conselho da União Europeia, em Bruxelas (cidade em que reside). É membro da Oficina de Poesia da Universidade de Coimbra, do Círculo Literário da União Europeia e do Grenier Jane Tony (Bruxelas). Integra o Conselho Editorial das revistas “Sibila” e “Oficina de Poesia – revista da palavra e da imagem”.

 

De acordo com o poeta, o despertar pela literatura aconteceu ainda menino, mas somente depois de muitos anos, após participar de uma oficina de poesia na Faculdade de Coimbra, que começou a escrever. “Essa atividade abriu meu horizonte e me fez enxergar que a poesia não tem limite. Tudo pode ser objeto de poesia, o direito, a economia, as pessoas, os lugares, as pequenas coisas da vida. Ao poeta resta apenas ver e vivenciar tudo isso de mil formas diferentes. Posso dizer que hoje a poesia está presente na minha vida 24 horas é uma verdadeira compulsão”.

 

Nas Terças Poéticas não poderia ser diferente, além de conversar com o público sobre seu trabalho e a poesia em geral, Paulo Pego lançará duas obras “Poesia” e “Em Forma”, ambas editadas pela Anome Livros. Segundo o autor, nos dois trabalhos ela tentar explorar a poesia como algo sem limite e que a inspiração ao contrário do que muitos poetas pensam, está em tudo e pode acontecer a todo o momento. Ele destaca que “Em forma”, em particular, traz textos que já foram publicados em suas primeiras obras na Europa. “Este trabalho foge um pouco da poesia clássica, nele busco uma poesia mais visual, as formas variadas, o texto como é organizado e desenhado”.

 

Pela primeira vez em Belo Horizonte, Paulo Pego se diz emocionado por ter a oportunidade de lançar suas obras em um lugar novo com pessoas novas. “Gosto muito de dialogar com as pessoas sobre a vida, sobre aquilo que sinto emoção e poder estar nas Terças Poéticas é algo que realmente me causa muita felicidade”. 

 

A singular poesia portuguesa de Daniel Faria

A abertura desta edição das Terças Poéticas será protagonizada por uma pequena intervenção da poetisa, ensaísta e professora de literatura, Bianka de Andrade Silva, que fará uma homenagem ao autor português Daniel Faria. Inicialmente a convidada contextualizará a biografia do poeta e em seguida recitará cinco poemas.

 

Daniel Faria nasceu em Baltar, Paredes, em 1971. Frequentou o curso de Teologia na Universidade Católica Portuguesa, no Porto, obtendo a licenciatura em 1996. O gosto pela poesia e pela expressão poética levou-o a obter uma segunda licenciatura, em Estudos Portugueses, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Faleceu em 1999, com apenas 28 anos, quando estava prestes a concluir o noviciado no Mosteiro Beneditino de Singeverga.

 

Sobre sua poesia, Bianka de Andrade destaca dois pontos temáticos: “em sua obra ‘Das manhãs’ ele dá relevo à problemática da natureza, exaltando-a e denunciando as catástrofes de sua destruição e dialoga com o texto bíblico em seu livro “Dos líquidos” ao evocar figuras como as dos profetas Ezequiel e Zacarias. Em termos de linguagem, seus poemas manifestam uma erudição através de construções sintáticas e semânticas muito bem articuladas; sua escrita revela um alto nível de elaboração sem deixar de lado aquela pulsão misteriosa percebida em muitos dos maiores poetas da história”.

 

Apesar de ter falecido muito jovem, Daniel Faria ainda foi capaz de deixar um grande legado poético. Para Bianka essa herança está marcada principalmente pelas grandes inquietações do homem de seu tempo, feito com o afinco e a intensidade dos anos de juventude. “A obra que ele deixou é representativa para integrar a alta literatura portuguesa e homenageá-lo nas Terças Poéticas é uma tentativa de evocar esse nome no Brasil (visto ser ele quase desconhecido aqui) para que o poeta ganhe leitores em nosso país”, revela.

 

O projeto Terças Poéticas é aprovado pela Lei Rouanet, patrocínio do BDMG Cultural, produção e realização Anome Livros, Soll Produções e Casa Una. A direção e curadoria é assinada pelo idealizador Wilmar Silva de Andrade.

 

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